Chefão do GloboPlay aposta em temáticas positivas como nova tendência
Erick Brêtas fala sobre a onda da vez, após true crime, e diz como GloboPlay enfrenta gigantes do streaming: 'É briga de cachorro muito grande'
Depois de uma overdose de true crime lotando o catálogo de plataformas de streaming e canais pagos, qual seria a próxima tendência nas apostas para a produção de tantas séries mundo afora?
Diretor do GloboPlay, Erick Brêtas aposta no que chama de "Feel Good" --em bom português, Fazer o Bem-- como temática da vez. "São conteúdos que jogam pra cima, que têm mensagem positiva. É assim 'Ted Lasso'. 'Ted Lasso', pra mim, o fato de ter ganhado 4 Emmy, e o fato de 'Coda' ter ganhado o Oscar são exemplos dessa onda do 'feel good', precisa ter uma mensagem de que vale a pena fazer o bem", explica.
"Betinho", série sobre o sociólogo que encampou a primeira grande campanha nacional contra a fome no Brasil, é um bom exemplo do que diz Brêtas. A produção começou a ser rodada no último domingo, 4, enquanto a Globo apresentava os seus títulos para 2023 no streaming.
"Betinho", protagonizada por Júlio Andrade, nem entrou no painel de apresentações por estar ainda no início das gravações, mas é título reservado para o fim do ano que vem, propositalmente próximo ao Natal, a fim de pegar carona no espírito da data.
"Embora a dramaturgia dependa desse balanço, dos personagens bons e dos personagens maus, [nossa ideia é] de que as histórias do bem prevalecem. Acho que tá todo mundo buscando essas histórias", completa.
Seria um afago pensar então que o bem triunfará em "Todas as Flores", o grande sucesso dramatúrgico do GloboPlay no momento?
"Ah, mas não quer dizer que as grandes histórias de vingança vão sair de moda", ele avisa, sobre a novela de João Emanuel Carneiro, onde Sophie Charlotte sofre horrores nas mãos de Letícia Colin e Regina Casé. O folhetim terá seus últimos cinco capítulos da 1ª temporada despejados na plataforma na quarta, 18, para retornar só em 5 de abril, com mais 40 capítulos e o desfecho da história.
No miolo desse período, tem mais uma edição do BBB, sempre um trunfo para angariar novos assinantes.
E no momento, prioridade segue sendo a Copa do Mundo, com boas expectativas de reter parte do público que só chegou à plataforma agora. Brêtas não especifica percentual de crescimento a partir do evento, mas acredita que parte desse público deve aderir ao consumo do GloboPlay.
Segundo ele, o serviço de streaming do Grupo Globo fechará o ano com 23% de avanço em sua base de assinantes, tendo crescido 32% em 2021 e 79% no ano anterior, por conjugação de fatores como o aumento do volume de conteúdo e a pandemia, que provocou o confinamento do público em casa, sem muitas opções de entretenimento além da tela.
No quesito distribuição mundial de conteúdos, Brêtas avisa que a existência do GloboPlay no exterior ainda tem como estratégia dirigir-se a brasileiros expatriados, e não competir com o consumidor gringo, alcançado pelas gigantes do streaming e que dão ao Grupo Globo mais trabalho do que a empresa jamais teve em qualquer outro momento de sua história na indústria de TV.
"É um mercado muito competitivo, tem 10 plataformas grandes. Brigar com Netflix, HBO Max, Amazon, Disney... Com Disney a gente até tem uma parceria, mas tudo é briga de cachorro muito grande."
Aos atores que se encantam com a chance de trocar a Globo por plataformas que os levarão para mais de 150 países, Brêtas lembra que as novelas e séries da Globo viajam o mundo por outros meios, ainda pelo velho e bom modelo de vendas em latas, ou seja, como produtos fechados, exportados para vários países.
Mas o GloboPlay também vem procurando ampliar essa capilarização por meio de coproduções internacionais, como "Rio Connection", anunciada na CCXP, com Marina Ruy Barbosa, falada em inglês e com coprodução da Sony, e também via acordos de troca de conteúdo, como um trato recentemente anunciado com a Televisa.
Atualmente, o GloboPlay chega a assinantes dos Estados Unidos e Portugal com bases mais significativas, diz Brêtas. Em outros cantos do mundo, prevalece ainda a distribuição do canal internacional da empresa.
AGENDA PARA 2023
Na CCXP, além de "Rio Connection", o GloboPlay confirmou para 2023 e antecipou imagens das séries "Fim", baseada no livro de Fernanda Torres, que anunciou o feito no palco do evento, ao lado de Marjorie Estiano, presente no elenco, e "Os Outros", de Lucas Paraízo, com Adriana Esteves e um vilão nunca antes visto como tal: Eduardo Sterblitch. São duas boas promessas para o ano.
"Fim" tem direção de Andrucha Waddington, par de Paraízo na bem-sucedida série "Sob Pressão". E traz ainda no elenco Fábio Assunção, Débora Falabella, Bruno Mazzeo e Emílio Dantas.
Manuela Dias falou sobre "Justiça 2", uma segunda temporada da boa série escrita por ela em 2016, avisando que vêm aí outros personagens e novas histórias que se cruzam, sempre mostrando que todos têm seu protagonismo num enredo de tramas diversas. A única personagem que salta da primeira temporada para esta segunda é a de Leandra Leal.
Tendo Sabrina Sato como mestre de cerimônias, o painel do GloboPlay na CCXP foi encerrado em êxtase, com o grande público do maior auditório do evento cantando "Evidências", não no karaokê, mas diante dos próprios Chitãozinho e Xororó, que surgiram de surpresa no palco, corroborando o anúncio da série biográfica dos dois, "José e Durval", já pronta para 2023.
Nascidos em Astorga, no Paraná, os dois serão representados pelos também irmãos Rodrigo e Felipe Simas, tendo Marco Ricca como pai e Andréia Horta como mãe.
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