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Zapping - Cristina Padiglione

Por que a Globo levou João Emanuel ao streaming e manteve Glória Perez na TV aberta?

Diretores da casa falam pela primeira vez sobre os critérios nas escolhas das próximas novelas

A atriz Regina Casé
Regina Casé caracterizada para a novela 'Todas as Flores' - @reginacase no Instagram
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Ao deslocar a novela "Todas as Flores", de João Emanuel Carneiro, para o GloboPlay, e antecipar a estreia de "Travessia", de Glória Perez, para a faixa das 21h30 na TV aberta, o Grupo Globo estaria obedecendo a critérios sobre um enredo mais nichado e outro mais voltado à grande massa?

Segundo o diretor da TV Globo e afiliadas, Amauri Soares, e o diretor de teledramaturgia José Luiz Villamarim, as escolhas nada têm a ver com essa tese. Em entrevista por videoconferência, ambos endossam que o rearranjo da faixa nobre da Globo e a definição da próxima novela original GloboPlay foi feito unicamente por questões operacionais.

Era propósito do GloboPlay lançar uma nova novela original este ano, como aconteceu com "Verdades Secretas 2" no ano passado. E "Todas as Flores", protagonizada por Regina Casé, estava em estágio mais adiantado em texto e definição de elenco --até porque sua exibição, inicialmente, estava projetada para ocorrer após "Um Lugar ao Sol", tendo depois sido preterida por "Pantanal" na fila do horário das nove.

"Pra realizar a novela do João, temos que ter um tempo de publicação [no streaming]. Quanto mais capítulos escritos temos, melhor pra nós. E o João é o rei do gancho [suspense entre um capítulo e outro] A gente vai fazer uma experiência. O gancho, no streaming é fundamental, mais até que na TV aberta, e é muito bom enquanto exercício de dramaturgia longa o João fazer uma novela de 85 episódios", diz Villamarim.

"A Glória já estava na escrita e isso foi bom tanto para os estúdios como para ela. Agora, João Emanuel e Glória Perez sempre serão para a massa", conclui.

Argumentei que "A Regra do Jogo", por exemplo, de Carneiro, que trabalhava com a dualidade de caráter de mocinhos e bandidos, além de driblar rótulos, como o autor fez em "A Favorita", desafia muito mais o público a pensar do que novelas como "A Dona do Pedaço", de Walcyr Carrasco.

Mas Soares volta a dizer que a Globo não tem "novela que seja segmentada". "Ter histórias mais complexas e menos complexas faz parte da diversidade de sinopses", explica.

Villamarim ressalta que "cada autor tem as suas características, o seu universo, mas todo autor quer fazer sucesso" e o formato nunca é planejado como produto de nicho.

"Como a novela não vai ter 140, 150 capítulos, vai ter 85, ela vai chegar à TV Globo para a faixa das onze", antecipa Amauri Soares. Em breve, a faixa abarcará "Verdades Secretas 2", título mais visto do GloboPlay no ano passado.

'NÃO HÁ SPOILER EM NOVELA'

Mas o fato de a história já ter sido vista no streaming antes poderá alimentar a indústria de spoilers que sempre persegue o suspense em torno do enredo. "A gente acredita que novela não tem spoiler", diz Soares. "Quanto mais a pessoa sabe sobre a novela, mais ela quer ver."

"Concordo em gênero, número e grau com o Amauri", fala Villa. "A gente percebe que o espectador gosta de controlar a história, do tipo: ‘ah, falei que isso ia acontecer’. Faz parte da maneira de assistir."

Ao abrir mão do ineditismo de "Todas as Flores" para que a novela seja vista em primeira mão pelo streaming, Amauri Soares também amplia o leque de títulos da parte que lhe cabe, no caso, a Globo, já que a conta será paga com orçamento da TV aberta e do GloboPlay.

"Estamos somando recursos, é uma estratégia conjunta que amplia muito o nosso leque de opções na TV Globo: eu ganhei possibilidade de ter um conteúdo que eu não teria se estivesse sozinho, como a gente vai ter este ano agora com Verdades Secretas 2."

"A gente tem uma estratégia de sempre que possível fazer curadorias conjuntas, sobretudo entre TV Globo e GloboPlay. Tem os outros canais, tenho curadoria conjunta com o Multishow, por exemplo, com quem fazemos o 'Vai que Cola', o 'Lady Night', o 'Família Paraíso', mas com o Globoplay as oportunidades se ampliam. A gente já viu que o conteúdo que funciona na TV Globo funciona no Globoplay, então a gente tem buscado curadoria conjunta", fala.

Zapping - Cristina Padiglione

Cristina Padiglione é jornalista e escreve sobre televisão. Cobre a área desde 1991, quando a TV paga ainda engatinhava. Passou pelas Redações dos jornais Folha da Tarde (1992-1995), Jornal da Tarde (1995-1997), Folha (1997-1999) e O Estado de S. Paulo (2000-2016). Também assina o blog Telepadi (telepadi.folha.com.br).

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