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De faixa a coroa
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miss brasil Miss Universo

Ineditismos e denúncias marcam mundo miss em 2024; confira retrospectiva

Ano teve primeira Miss Brasil mãe e até Miss feita por inteligência artificial

Ineditismos no mundo miss
Ineditismos no mundo miss: inteligência artificial; a mais velha; Brasil na Itália; e a mais alta (a partir da esquerda) - Divulgação
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São Paulo

Na última década, a cada ano que passa, o universo que contempla os concursos de beleza em todo o mundo se transforma. Além das inovações na parte estética, que envolvem shows, moda e beleza, nunca estiveram tanto em pauta ineditismos no setor (como a 1ª Miss Inteligência Artificial) e os pilares básicos dessas competições: suas regras, métodos de avaliação e organização. Em 2024, essa tendência se manteve, porém, com uma voz cada vez mais ativa nessa frente: a da miss.

Em uma "Primavera das Misses", ao invés de apenas assistir à evolução do setor, elas quiseram participar dela, na esperança de moldá-la às suas necessidades. Houve desde exposições sobre práticas abusivas nos bastidores e manipulação de resultados, até amplificação de conversas sobre racismo, cyberbullying e etarismo. Justíssimo, uma vez que essas mulheres são as protagonistas desse mundo, com a figura superexposta durante seu ano de reinado.

Essas mulheres não só desafiaram certas convenções da indústria, mas também geram conversas sociais e políticas. Em um universo tradicionalmente associado a padrões rígidos e disputas de popularidade, denúncias abriram espaço para refletir sobre transformação social.

Outrora uma bela figura quase calada, a voz de uma miss se limitava na maioria das vezes a respostas clichês e ensaiadas. Porém, casos em 2024 mostram que é possível que o comportamento da miss possa ser muito mais de uma influencer ativista do que de uma bonequinha de porcelana.

Relembre abaixo alguns dos principais temas deste ano miss, marcado por denúncias e ineditismos.

ETARISMO E RECORDES NO MUNDO

Em janeiro, o Miss Universo foi o primeiro dos grandes concursos mundiais que passou a aceitar a candidatura de mulheres de todas as idades, a partir de 18 anos. Na Coreia do Sul, a modelo sênior Choi Soon-hwa, que é avó e tem 80 anos, tornou-se a mulher mais velha da história a participar de uma etapa do tradicional concurso.

Antes dela, a modelo Alejandra Rodríguez, de 60 anos, disputou em maio o Miss Argentina, enquanto a bisavó Iris Amelia Alioto, de 72 anos, concorreu no Miss Buenos Aires em fevereiro. Por aqui, a decoradora de festas Lulu Oliveira tornou-se, aos 41 anos, a mulher mais velha a concorrer na etapa brasileira do Miss Universo. Casada e mãe de duas gêmeas de 19 anos, ela representou o Mato Grosso do Sul.

5 PAÍSES DEBUTAM NOS GRANDES

Em julho, na 15ª edição do Miss Supranational, a Indonésia teve sua primeira ganhadora com Harashta Zahra. Em outubro, na 12ª edição do Miss Grand International, a Índia fez sua estreia com a vitória de Rachel Gupta.

Em novembro, entraram na lista de vencedores a Austrália, na 24ª edição do Miss Terra, com Jessica Lane, e o Vietnã, na 62ª edição do Miss International, com Thanh Thuy. Para finalizar, no Miss Universo, que chegou a sua 73ª edição, a Dinamarca teve sua primeira vitória com Victoria Kjaer.

PRIMEIRAS-VEZES E DENÚNCIAS NO BRASIL

No Brasil, tivemos a mulher mais alta a vencer um título nacional: a modelo gaúcha Talita Hartmann, de 1,88 m de altura, que foi coroada em agosto como a Miss Grand Brasil 2024 —quando usa salto, ela pode chegar a atingir até 2 metros. No mesmo mês, no Miss Brasil Terra, Josiane Viana tornou-se a primeira representante do Amapá a tornar-se Miss Brasil em uma das grandes franquias –apesar de ela ser natural do Pará.

Também pela primeira vez, uma mulher mãe e pernambucana tornou-se a representante do país ao Miss Universo: a modelo Luana Cavalcante, 25. Logo após sua eleição, em setembro, algumas das candidatas do Miss Universe Brasil 2024 usaram suas redes sociais, com apoio de veículos de imprensa, para apontar supostas condutas na competição que não consideraram adequadas. Luana endossou as colegas no final de novembro, após o Miss Universo, que aconteceu no México, se queixando de "restrições injustas" da organização nacional.

BRASILEIRAS EM NACIONAIS GRINGOS

Três brasileiras ganharam torcida do público –e da imprensa– no país após se tornarem candidatas de etapas do Miss Universo em outros países. São elas a mato-grossense Raika Coutinho, no Miss Canadá; a carioca Barbara Suter, no Miss Suíça; e a baiana Glelany Cavalcante, no Miss Itália.

Enquanto esta última venceu e foi colega de quarto de Luana Cavalcante no mundial, as outras duas foram vice-campeãs nos respectivos nacionais. Vale lembrar que as três possuem cidadania nos países em que vivem, o que permitiu suas candidaturas.

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E RACISMO

No final de julho, a vencedora do Miss Kansas, nos Estados Unidos, revelou ao vivo, no palco, que era vítima de violência doméstica e que seu agressor estava na plateia. Também em julho, a Miss São Paulo (Universo) não se calou quando passou a sofrer ataques de ódio e racismo na internet.

Durante a Paris Fashion Week, em setembro, a francesa vencedora do Miss Universo 2016, denunciou seu namorado por violência doméstica.

INCLUSÃO: MISSES DE GRUPOS MINORIZADOS

Em maio, a estudante Kayla Kosmalski, de 17 anos, fez história ao se tornar a primeira candidata com síndrome de Down a vencer um concurso de miss nos EUA. Coroada Miss Teen Delaware 2024, ela participou em agosto do Miss Teen Estados Unidos.

Em agosto, a África do Sul elegeu a primeira miss surda do país e também do Miss Universo: a modelo Mia Le Roux, 28. Em outubro, Logina Salah, 34, foi coroada Miss Egito e tornou-se a primeira mulher com vitiligo no Miss Universo.

MAMÃES QUERIDAS

Além de Lulu Oliveira e Luana Cavalcante, havia outras seis mamães do Miss Universe Brasil 2024 –o equivalente a 29,6% das 27 candidatas. O número representa um recorde no concurso no Brasil. Além disso, ao menos 4 delas são casadas e 13 (o equivalente a 48%) possuem idade acima do antigo limite de 28 anos –que prevaleceu no concurso até dezembro de 2023. No mundial, que bateu recorde de 127 candidatas, 16 delas eram mamães (o equivalente a 12,5%).

Em agosto, a Miss Guatemala Andrea Radford, 29, abdicou do título após anunciar que estava grávida. Num primeiro momento, ela disse ter tomado a decisão junto à organização nacional por uma questão de saúde, já que no mundial ela estaria com cerca de 7 meses e seria um risco para o bebê. Mais tarde, porém, afirmou que o próprio Miss Universo alegou não ter protocolos necessários para receber uma mulher grávida e recomendaram a abdicação.

De faixa a coroa

Fábio Luís de Paula é jornalista especializado na cobertura de concursos de beleza, sendo os principais deles o Miss Brasil e o Miss Universo.

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