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De faixa a coroa
Descrição de chapéu Miss Universo

CEO do Miss Universo pede demissão; o que está acontecendo com o concurso?

Amy Emmerich publica nota se despedindo do cargo, em meio a série de mudanças no certame

De Faixa a Coroa
Amy Emmerich (esq.) e a nicaraguense Sheynnis Palacios (dir.), a atual Miss Universo - Linkedin/Reuters
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São Paulo

No início da madrugada desta quinta-feira (8), a norte-americana Amy Emmerich, 48, anunciou sua renúncia ao cargo de CEO do Miss Universo. Em uma publicação nas redes sociais, ela destacou as realizações alcançadas durante sua gestão na empresa e o "crescimento incrível" que trouxe para a marca e para o tradicional concurso de beleza.

"Esta foi uma experiência incrível e estou muito orgulhosa das realizações desta equipe durante minha gestão. Criamos novas linhas de negócio, aumentamos as receitas, gerenciamos duas aquisições, criamos uma organização digital-first e remodelamos esta marca icônica para uma nova era –um programa que defende um futuro forjado pelas mulheres", declarou.

Ainda segundo o texto, Emmerich fica no cargo até o dia 1º de março e deve continuar como consultora do concurso por alguns meses após a data. "Não apenas deixamos o negócio em uma posição mais forte, mas também deixamos o programa com o tipo de boa vontade e perspectiva moderna que pode fazer a transição para a próxima geração de fãs."

No posto desde janeiro de 2022, a executiva tornou a decisão pública em meio a uma série de mudanças recentes envolvendo a organização do concurso –não só em termos artísticos, mas também estruturais. Natural de Nova York, Amy é mãe de duas crianças e tem um forte histórico profissional no mundo do audiovisual, da inovação e da liderança feminina.

DANÇA DAS CADEIRAS

O pontapé do lado organizacional se deu quando o Miss Universo foi comprado em outubro de 2022 pelo JKN Group, comandado pela empresária trans tailandesa Anne Jakrajutatip, 44, pelo valor de US$ 20 milhões (cerca de R$ 100 milhões).

Um ano depois, em novembro passado, foi a vez da então presidente da Miss Universe Organization (MUO), Paula Shugart, pedir demissão. Ela anunciou a novidade ao vivo, em uma das etapas da última edição da competição e deixou o cargo após 23 anos de trabalho.

Seguindo a linha do tempo, cerca de 15 dias atrás foi comunicado que o Miss Universo passou a ter um sócio: o empresário mexicano Raúl Rocha Cantu, dono da empresa Legacy Holding Group USA (LHG). Ele comprou 50% dos direitos do concurso e agora divide a gestão com Anne.

A partir da esquerda: Paula Shugart, Anne Jakrajutatip, e Amy Emmerich , durante evento em novembro de 2022
A partir da esquerda: Paula Shugart, Anne Jakrajutatip, e Amy Emmerich , durante evento em novembro de 2022 - Lillian Suwanrumpha/AFP

O valor da transação foi de US$ 16 milhões (aproximadamente R$ 80 milhões). A dupla de donos, nas redes sociais, deram ao momento o nome de "Miss Universe New Era" (Nova Era do Miss Universo, em tradução livre).

Em sua carta aberta, Amy citou ambos: "Agradeço a Anne e Raul por me pedirem para fazer parceria com a nova administração nesta função de consultoria, enquanto continuamos a servir a centenas de parceiros da franquia, a milhões de fãs globais dedicados e, claro, a milhares de mulheres excepcionais que são o coração desta organização".

O Miss Universo existe desde 1952, e, em média, é transmitido anualmente para 165 países. Vale lembrar que, antes de Anne e Raul, a marca IMG foi proprietária do concurso desde 2015, após comprá-lo do empresário e ex-presidente americano Donald Trump.

MUDANÇAS DE REGRAS

Essa dança das cadeiras refletiu –e muito– no concurso em si. Afinal, desde que Anne assumiu, ela sustentou uma série de mudanças no concurso, todas apoiadas publicamente por Amy Emmerich e Paula Shugart.

As principais delas, sem dúvidas, foram as aberturas nas regras de inscrição, que agora permitem que se candidatem à coroa mulheres de qualquer idade a partir de 18 anos, assim como misses que são mães, grávidas, casadas ou separadas.

Amy não deixou esses fatos que destacaram sua gestão passarem em branco, e fez questão de citá-los em sua postagem de despedida. "Nos últimos dois anos, assistimos a um crescimento incrível, não apenas nos nossos números, mas também nos atributos que realmente importam para as mulheres em todo o mundo", afirmou.

"Vimos nossas primeiras mães competirem e chegarem às finais", continuou. "Nossas primeiras mulheres casadas, nossa primeira delegada plus size, nossa primeira mulher trans a chegar ao top 20 e, já em 2024, mulheres de todas as idades estão competindo em nível nacional."

Em entrevista à imprensa americana, logo após assumir o cargo, Amy explicou por que decidiu aceitar em 2022 o convite para ser CEO do Miss Universo. "[Meus amigos] me conhecem como feminista e todo mundo pensa que os concursos são o oposto, mas por que ainda olhamos para esse sistema através do olhar masculino?", disse.

"Essas mulheres têm uma escolha em tudo o que fazem e têm uma confiança que eu mesma ainda não tenho", avaliou. "Além disso, com uma base de fãs de 23 milhões e contando com redes sociais, esta é uma plataforma global como nenhuma outra que permite conversas sobre os direitos das mulheres em todo o mundo."

A próxima edição do Miss Universo (a 73ª) está agendada para novembro deste ano, justamente no México, onde Raúl vai abrir também um museu dedicado à marca. O anúncio dessa agenda foi feito na final da 72ª edição, que aconteceu em 18 de novembro passado, em El Salvador. A vencedora na ocasião, e atual titular do certame, é a nicaraguense Sheynnis Palacios, 23.

De faixa a coroa

Fábio Luís de Paula é jornalista especializado na cobertura de concursos de beleza, sendo os principais deles o Miss Brasil, Miss Universo, Miss Mundo e Mister Brasil. Formado em jornalismo pelo Mackenzie, passou por Redações da Folha e do UOL, além de assessorias e comunicação corporativa.
Contato ou sugestões, acesse instagram.com/defaixaacoroa e facebook.com/defaixaacoroa

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