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De faixa a coroa
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Miss Universo

Miss Universo 2023: Aos trancos e barrancos, concurso entrega ótimo show

Turbulência nos bastidores não apagou brilho no palco da final, com vitória da Nicarágua

Sheynnis Palacios, da Nicarágua, é a Miss Universo 2023

Sheynnis Palacios, da Nicarágua, é a Miss Universo 2023 Marvin Recinos/AFP

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São Paulo

Mesmo com rebuliços barulhentos nos bastidores, as luzes brilhantes do palco do Miss Universo 2023 não foram ofuscadas. Afinal, o concurso, que aconteceu em El Salvador, entregou no início da madrugada deste domingo (19), um evento final esteticamente muito bonito, com roteirização dinâmica e até com certa dose de emoção.

Comparado com a última edição, realizada em Nova Orleans (EUA) em janeiro passado, que deixou bastante a desejar em termos de infra-estrutura local, palco e espetáculo, o show deste ano teve um desempenho mais satisfatório. Também atendeu a uma série de expectativas de parte dos fãs e missólogos –nome dado aos especialistas em concursos de beleza–, no sentido de diversidade e inclusão.

Isso pois, no elenco de misses estavam duas mães (Colômbia e Guatemala), duas trans (Holanda e Portugal) e uma plus size (Nepal). Foi a primeira vez que o concurso teve todos esses perfis diversos de mulheres ao mesmo tempo em um único evento, o que deixou ele mais plural e colorido –e empolgou a plateia.

Mas, acima disso, os olhares têm estado mais atentos na reforma geral que a estrutura do concurso tem passado nos últimos dois anos. Tudo começou em agosto de 2022, quando foi anunciada uma histórica mudança de regras, para passar a aceitar a candidatura de mulheres que sejam ou foram casadas, assim como grávidas e mães.

Na sequência, em outubro do mesmo ano, a direção do Miss Universo mudou. A empresária tailandesa Anne Jakrajutatip, que é uma mulher transgênero e ativista LGBTQIA+, comprou o concurso por US$ 20 milhões. O evento tornou-se, então, uma das empresas do seu conglomerado de mídia, o tailandês JKN Group.

E, para completar, há cerca de dois meses, já com Anne como a nova dona, foram derrubados os limites de idade para misses entrarem na contenda. Ou seja, a partir de 2024, podem ser Miss Universo mulheres adultas que tenham a partir de 18 anos até qualquer idade acima disso –antes, o intervalo permitido era entre 18 e 28 anos.

Esse tripé de novidades tem dado sustentação a uma nova era para o certame criado em 1952, que queria e precisava muito se atualizar. A fórmula é clara: estar mais próximo das pautas discutidas hoje pela sociedade significa manter-se relevante. É uma estratégia de sobrevivência, tanto em termos conceituais, quanto de negócios –que, por falar nisso, não andam muito bem…

No último dia 9 de novembro, a imprensa mundial noticiou que o JKN Group declarou "falência" enquanto tenta resolver um "problema de liquidez". De acordo com informações da AFP e da Bloomberg, o comunicado à Bolsa de Valores da Tailândia foi feito dois meses após o grupo não cumprir o prazo para reembolsar títulos de cerca de US$ 12 milhões.

Praticamente no meio do confinamento do Miss Universo, Anne sentiu a pressão e logo tratou de se posicionar nas redes sociais. Ela, que é profundamente apaixonada por concursos de beleza, explicou efusivamente que este foi um passo necessário para garantir que "a empresa permaneça financeiramente saudável" e que o Miss Universo, "que é apenas uma de nossas muitas linhas de negócios, está completamente limpo e continuará operando conforme planejado".

Apesar do drama corporativo, o show de 2023 continuou sem ajustes, e a nicaraguense Sheynnis Palacios, 23, foi eleita como a da 72ª Miss Universo. Ela é a primeira campeã de seu país, que nunca havia vencido a competição mundial.

Ao seu lado, como vice campeã, ficou a tailandesa Antonia Porsild, 27, que muitos especialistas no segmento apontaram como vencedora. Em seus argumentos, as habilidades de Antonia como miss foram consideradas, mas também levaram em conta as notícias do JKN Group. Para eles, uma Miss Tailândia como Miss Universo poderia ajudar os negócios de Anne. Foi quase!

Enquanto isso, no Brasil, o público chora uma terceira não classificação seguida. A gaúcha Maria Eduarda Brechane, de apenas 19 anos, não fez o primeiro corte de 20 semifinalistas. Infelizmente, ela repetiu o resultado desanimador de suas duas últimas antecessoras: a capixaba Mia Mamede (2022) e a cearense Teresa Santos (2021). Nesse caso, melhor seguirmos celebrando o resultado da gaúcha Júlia Gama, que foi vice campeã em 2020, para manter iluminado o nosso interesse pelo Miss Universo.

Assista momento de coroação da Miss Universo 2023:

De faixa a coroa

Fábio Luís de Paula é jornalista especializado na cobertura de concursos de beleza, sendo os principais deles o Miss Brasil, Miss Universo, Miss Mundo e Mister Brasil. Formado em jornalismo pelo Mackenzie, passou por Redações da Folha e do UOL, além de assessorias e comunicação corporativa.
Contato ou sugestões, acesse instagram.com/defaixaacoroa e facebook.com/defaixaacoroa

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