Mulher fora do padrão de magreza defenderá Nepal no Miss Universo: 'Tenho curvas e adoro'
Estudante de enfermagem Jane Garrett derrotou 21 candidatas magras e diz que representa todas as gordas do mundo
Neste final de semana, a jovem Jane Dipika Garrett, 23, entrou para a lista de destaques do mundo miss em 2023 ao tornar-se Miss Universo Nepal. Jane chamou atenção por estar fora do padrão de magreza: é uma mulher gorda —também chamado no mundo da moda de curvy ou plus size. Uma vitória dessas num concurso de Miss tradicional não costuma acontecer com frequência, pelo contrário.
Jane deixou para trás outras 21 candidatas –quase todas magras e de cinturinha fina. Os eventos não divulgam mais as medidas das competidoras, por isso não há maiores informações sobre Jane e suas adversárias. Estudante de enfermagem e empresária, ela defende algumas causas, entre elas a da body positivity, nome em inglês para um movimento global que incentiva as pessoas a aceitarem o próprio corpo e a terem autoestima.
"Estou aqui para representar mulheres que têm curvas, que lutam com o ganho de peso e com problemas hormonais", disse ela, que tem síndrome dos ovários policísticos (SOP). "Não existe apenas um tipo de padrão de beleza, cada mulher é bonita do jeito que é", completou, com um tom confiante, durante o discurso em que defendeu sua candidatura, ao longo da competição.
Nascida em Katmandu, capital do país asiático, Jane é metade americana e residiu por algum tempo em Washington, D.C. (EUA). Nas suas redes sociais, onde tem mais de 12 mil seguidores, gosta de compartilhar fotos suas para inspirar pessoas a aceitarem seus corpos.
"Tenho curvas e adoro isso! Estou tão feliz que os padrões de beleza estão mudando e que cada pessoa é linda do jeito que é. Brilhe!", disse ela após a vitória.
Jane faz história porque é a primeira mulher gorda a vencer o título no Nepal. Ainda assim, mesmo que raros, casos semelhantes ao dela não são inéditos no Miss Universo. Em 2017, a canadense Siera Bearchell também chamou a atenção pelo mesmo motivo.
Já com a indiana Harnaaz Sandhu, vencedora do Miss Universo 2021, a história foi diferente: ela engordou depois da vitória e sofreu críticas e ataques gordofóbicos nas redes sociais.
Este é o primeiro Miss Universo comandado pela empresária tailandesa Anne Jakrajutatip, mulher transgênero que comprou o concurso em 2022, por isso, tudo indica que o evento deste ano deve ser marcado por uma série de "primeiras-vezes". Além de Jane, é a primeira vez que mulheres mães e casadas podem participar (até agora, as misses Guatemala, Michelle Cohn e Colômbia, respectivamente).
Depois de cinco anos, uma mulher trans volta ao quadro de competidoras: trata-se da Miss Holanda, Rikkie Valerie Kollé. Soma-se a isso tudo, que está será a primeira vez que El Salvador será país-sede da competição, agendada para 18 de novembro. O Brasil será defendido pela gaúcha Maria Eduarda Brechane, 19, eleita em julho, e quem se despede do posto é a americana R'Bonney Gabriel, 28.
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