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De faixa a coroa
Descrição de chapéu
Miss Universo

Miss Universo terá mudança histórica nas regras, e só há motivos para comemorar

Concurso passa a aceitar mulheres casadas, divorciadas e mães; entenda contexto

Mia Mamede, a Miss Universo Brasil 2022
Mia Mamede, a Miss Universo Brasil 2022 - Instagram/miamamede
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São Paulo

O Miss Universo pegou todos de surpresa na última sexta-feira (5), quando revelou que tomou uma decisão histórica de mudar as regras da competição. A organização comunicou que vai começar a aceitar mulheres que sejam ou foram casadas, assim como grávidas ou que tenham filhos. A idade para inscrição no concurso, no entanto, segue a mesma: é preciso ter entre 18 e 28 anos.

A informação chegou a cada país por meio de um e-mail enviado para todos os seus diretores nacionais e assinado por Amy Emmerich, CEO do Miss Universo desde fevereiro deste ano. Ainda segundo o memorando, as novas regras passam a valer a partir da 72ª edição, prevista para 2023.

Quem também recebeu a nova cláusula do regulamento foi a gaúcha Marthina Brandt, atual diretora do Miss Universo Brasil. Ela, que foi Miss Brasil em 2015, e assumiu inteiramente a gestão da franquia nacional este ano, comemorou a mudança.

"Nós representamos uma franquia, e a decisão deles sempre será respeitada e seguida aqui no Brasil. O Miss Universo segue a tendência mundial de valorizar a diversidade e a liberdade da mulher", comentou, com exclusividade para a coluna.

Quem faz coro a ela é a atual dona da coroa no Brasil, a capixaba Mia Mamede, eleita há menos de um mês: "Nós estamos em um mundo plural. Todo mundo tem direito de ser diferente e livre. E eu, como Miss Universo Brasil, estou aqui para reapresentar todos os tipos de mulheres!".

DEMOROU?

Para quem não está familiarizado com a indústria dos concursos de beleza, a primeira reação que surge é o famoso: "Demorou!". E não está errada. Sim, de fato, demorou.

Mas é preciso entender que, quando surgiram os concursos, há cerca de 70 anos, o fato de uma mulher ser solteira e "pura" (leia-se virgem) ainda era muito valorizado. Tanto que a palavra "miss", que é um termo da língua inglesa, significa "mulher solteira".

À época, o casamento era uma instituição muito forte, assim como todos os dogmas religiosos. E claro, não havia espaço social para discutir patriarcalismo, machismo, igualdade para mulheres, direitos e temas similares. A mulher divorciada, então, ou mãe solteira, eram bastante e injustamente recriminadas.

Nesse contexto, os concursos de miss surgiram como um desfile de mulheres de países diferentes, em traje de banho, julgadas por uma bancada exclusivamente masculina. As notas eram dadas com base apenas em beleza e corpo, e foi quando foram tomando fama as famosas medidas perfeitas: 90 de busto, 60 de cintura, 90 de quadril.

Esta não é também a primeira vez em que uma mudança de regras acontece no Miss Universo. A mais recente e famosa foi a liberação da participação de mulheres transgênero entre as candidatas. Símbolo disso é a icônica participação da espanhola Angela Ponce, no concurso de 2018, primeira mulher trans da história num concurso de beleza feminina tradicional.

Portanto, podemos entender que o nascimento do concurso de miss acompanhou o momento social da época. E, assim como a sociedade evoluiu, ele também foi evoluindo, até chegar ao momento atual.

O "NOVO" PERFIL DA MISS

Fala-se muito sobre o novo perfil da miss mas, que perfil é esse de fato? Se hoje as mulheres assumiram outros papéis sociais, cada vez mais igualitários aos homens, é natural que as misses também ganhem mais espaço relevante. Afinal, misses também são mulheres.

Entre as novas características da miss está principalmente a voz. Elas deixaram de ser só uma figura andando em uma passarela, para um personagem politizada, empoderada e feminista. Exemplo disso é a edição do Miss Universo em que a gaúcha Julia Gama ficou em segundo lugar. Já entre as finalistas, ela retirou uma cédula com um tema livre para discursar.

No seu caso, ela falou sobre saúde mental, mas misses já falaram no palco sobre pandemia, drogas, abuso sexual, casamento, aborto, política, racismo e outros temas que ecoam pelos quatro cantos do planeta na transmissão do evento. O alcance da competição eleva as vozes dessas mulheres, e permitem que sua beleza física seja apenas uma isca para que ouçam o que tem a dizer.

O novo perfil da miss, então, é cada vez mais de uma mulher real, que pode assumir múltiplos papéis. Pode ser empresária e modelo, política e religiosa, esportista e influenciadora social, assim como mãe e promotora de mudanças sociais

De faixa a coroa

Fábio Luís de Paula é jornalista especializado na cobertura de concursos de beleza, sendo os principais deles o Miss Brasil, Miss Universo, Miss Mundo e Mister Brasil. Formado em jornalismo pelo Mackenzie, passou por Redações da Folha e do UOL, além de assessorias e comunicação corporativa.
Contato ou sugestões, acesse instagram.com/defaixaacoroa e facebook.com/defaixaacoroa

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