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Tony Goes

Paulo Vieira salva os Melhores do Ano de ser uma reles 'festa da firma'

Com tiradas afiadas, humorista mostrou que merece mais espaço na Globo

Paulo Vieira na gravação dos Melhores do Ano, nos Estúdios Globo - João Cotta-15.dez.21/Globo
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Realizada desde 1995, a entrega do troféu Melhores do Ano pretende ser a mais importante premiação da TV brasileira. Entretanto, nas categorias televisivas só concorrem programas da própria Globo. Os destaques na música, que são premiados desde 1998, não escondem o fato de que se trata um evento chapa branca.

Depois de um hiato de dois anos provocado pela pandemia, os Melhores do Ano voltaram de cara nova. Pela primeira vez, a cerimônia foi apresentada por Luciano Huck, que substituiu Fausto Silva no comando do Domingão. Outra novidade foi a disposição dos indicados em mesas, numa configuração que lembrou a do Globo de Ouro. Funcionou bem, dando à festa um clima bastante descontraído.

Mas o melhor de tudo foi a presença do comediante Paulo Vieira, que fez intervenções pontuais a cada bloco. Longe da TV aberta desde que o humorístico Fora de Hora saiu do ar em março de 2020, apenas dois meses depois de sua estreia, Vieira teve uma noite de glória.



Suas piadas certeiras não pouparam a emissora ("achei até que em determinado momento tinham contratado o Thanos para o RH, e ele estalou os dedos e metade do elenco sumiu"), nem o governo ("o Tiago Leifert saiu e abriu 16 vagas de apresentadores. Quer dizer, o Tiago sozinho criou mais empregos que o Paulo Guedes").

A internet amou. Paulo Vieira se tornou um dos assuntos mais comentados nas redes sociais, e choveram elogios de todos os lados. A Globo também merece aplausos, por topar ser o alvo de gozações justamente no evento que muita gente encara como uma espécie de "festa da firma".

Mas merece também um puxão de orelhas. Por que um talento como Paulo Vieira está sendo subaproveitado? Por que só lembram dele para fazer propaganda do Globoplay?

Aliás, não é só ele. A Globo mantém sob contrato a nata do novo humor brasileiro –Marcelo Adnet, Tatá Werneck, Fábio Porchat. Os três concorreram no Melhores do Ano ao prêmio de melhor humorista, rebatizado de Troféu Paulo Gustavo, e Tatá ganhou. Mas não é estranho que nenhum deles participe, neste momento, de alguma atração na TV aberta?

O Lady Night de Tatá, produzido originalmente para o canal pago Multishow, terá mais uma de suas temporadas exibidas pela Globo a partir deste mês. Em breve também deve estrear no canal aberto o talk show Que História É Essa, Porchat?, feito para o Multishow. Adnet tem feito programinhas caseiros para o Globoplay, comentando o noticiário do dia e o BBB.

É pouco. Um time desses, no auge de suas habilidades, merecia pelo menos um programa no horário nobre da maior emissora do país. Mas a Globo parou de produzir humor desde a saída de Marcius Melhem, no final de 2020, e não há sinal de que retomará essa produção em breve.

Este é um ano quente: tem eleições, tem Copa do Mundo, tem o Brasil e o mundo em permanente convulsão. A pandemia perdeu muito de seu ímpeto, então já podemos –e precisamos– rir novamente. Assunto não vai faltar. Elenco, como vimos, também não falta. Só falta o sinal verde da Globo.

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O programa Lady ​Night é produzido originalmente pelo Multishow, não pela GNT. O texto foi corrigido. 

Tony Goes

Tony Goes (1960-2024) nasceu no Rio de Janeiro, mas viveu em São Paulo desde pequeno. Escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. Ele também atualizava diariamente o blog que levava seu nome: tonygoes.com.br.

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