Silvio Santos não é o único machista da TV brasileira
Fausto Silva, Raul Gil e Danilo Gentili também já foram grosseiros com mulheres
Silvio Santos está se superando. Menos de uma semana depois de chocar meio Brasil com a ressurreição de um slogan da ditadura militar, o dono do SBT protagoniza um novo escândalo: a maneira acintosa como tratou a cantora Claudia Leitte no final do Teleton, na noite do último sábado (10).
"Estou quase pensando em vazar”, diz a cantora, depois de ouvir do apresentador que ele estava se excitando ao vê-la em um vestido justo. Muita gente acha que Claudia deveria ter mesmo ido embora, mas ela permaneceu no palco. Seu lado profissional e altruísta –afinal, ela estava em um show beneficente– falou mais alto.
E assim SS escapou, pela enésima vez, de levar uma descompostura ao vivo e a cores. Quem se constrangeu foi sua convidada, não ele. Mas as redes sociais não se calaram: inúmeros internautas, famosos e anônimos, saíram em defesa de Claudia Leitte, e tem até quem pregue um boicote contra o SBT.
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Esse triste episódio se junta ao já extenso rol de manifestações machistas, racistas, homofóbicas e gordofóbicas que Silvio Santos vem colecionando através dos anos. De uns tempos para cá, elas parecem ter se tornado mais frequentes: do alto de seus quase 88 anos e de seu império empresarial, SS se sentiria mais livre do que nunca para soltar as ofensas que bem entender.
Ele não mudou, mas os tempos mudaram. Esse tipo de gracinha não é mais visto como uma simples piada. Especialmente pelas mulheres: grosserias como as de Silvio fazem, sim, parte de um sistema arcaico e opressor –o mesmo sistema que Fernanda Lima propôs sabotar no Amor e Sexo do dia 06/11.
Silvio Santos está cada vez mais com cara de relíquia de outros tempos, mas ele está longe de ser um caso raro na TV brasileira. Fausto Silva, uma geração mais jovem, é outro que volta e meia solta barbaridades, como "tem mulher que gosta de homem que dá porrada".
Faustão também já foi indelicado com suas assistentes de palco e bailarinas. Aliás, como é que um programa de auditório, em pleno 2018, ainda tem mulheres bonitas rebolando no palco? Longe de mim querer tirar o emprego de alguém, mas este tipo de “enfeite” deveria ter acabado com as chacretes.
Raul Gil foi chamado de machista pela própria filha, Nanci, que o acusou publicamente de sempre privilegiar o irmão. O apresentador também levou um notório sermão da colega Eliana em 2016, que tentou lhe ensinar em cena os princípios básicos da igualdade entre homens e mulheres.
Seria reconfortante pensar que esses exemplos todos vieram de homens mais velhos, educados em priscas eras. Mas há um apresentador jovem que não perde uma oportunidade para exalar sua misoginia. Claro que estou falando de Danilo Gentili, que até já foi alvo da campanha #CalaBocaGentili depois de sugerir no Twitter que as mulheres deveriam votar em Marina Silva pelo simples fato de a candidata também ser mulher.
Danilo não perdeu a oportunidade de defender o patrão: “sempre que vou no Silvio, ele me zoa”. Sim, sem dúvida, que beleza, não é mesmo? Só que, como homem, Danilo sabe que dificilmente as palavras de SS se transformariam em ações concretas e violentas. Agora, vá perguntar para uma mulher se ela não se sente ameaçada fisicamente quando um sujeito solta gracejos de cunho sexual.
O Brasil é um país onde se confunde um chamado de luta contra a opressão com uma proposta de sabotagem do próximo governo. Por isso, não surpreende que tantas celebridades ainda se gabem de seus preconceitos. Temos um longo caminho pela frente, e às vezes ele parece que volta para trás.
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