Aviso
Este conteúdo é para maiores de 18 anos. Se tem menos de 18 anos, é inapropriado para você. Clique aqui para continuar.

Rosana Hermann

Por que Luísa Sonza fez o 'exposed' de Chico Moedas na TV?

Para jovens como ela, não há diferença entre chorar para a lente do celular ou para as câmeras

Luísa Sonza chora ao anunciar traição no Mais Você
Luísa Sonza chora ao anunciar traição no Mais Você - Reprodução/Globo
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Luísa Sonza e Chico Moedas oficializaram o namoro no dia 18 de julho, quando a cantora fez 25 anos. No dia 20 de setembro, a cantora anunciou o término da relação no programa Mais Você (Globo), lendo uma carta, chorando e dominando os assuntos de todas as redes e conversas.

Não sei quanto tempo de "flertes e paqueras" eles viveram, mas entre essas duas datas passaram-se exatos 64 dias. Não é um tempo longo de relacionamento, do tipo que promove laços profundos, cria memórias e constrói histórias. Mas o caso aqui não é sobre duração, mas traição. Chico pisou na bola, rompeu um combinado, foi moleque.

A reação das pessoas fica clara numa foto do Instagram em que a cantora abraça Ana Maria Braga: enquanto Luísa recebeu quase dois milhões de views e dezenas de milhares de mensagens abertas de apoio, Chico teve seu perfil derrubado.

Deixando de lado os incontáveis memes, opiniões e teorias da conspiração envolvendo os nomes de suas canções, a pergunta que grita é: se ela tem mais de 30 milhões de seguidores só em uma rede, por que ela escolheu a televisão, o Mais Você, para anunciar o fim do namoro e expor a traição de Chico?

Porque, convenhamos, num dia bom de audiência o programa atinge 8 pontos de pico. Isso corresponde, grosso modo, a 1,6 milhão de pessoas em São Paulo ou 5,6 milhões ao todo, nas quinze principais regiões metropolitanas brasileiras. Ou seja, um alcance muito menor do que Luísa tem nas redes.

Mas Luisa já estava pautada para ser entrevistada no programa. E a minha hipótese é que ela e sua equipe devem ter pensado: por que não aproveitar a TV ao vivo, com o apoio emocional da Ana Maria, para botar os sentimentos para fora, chorar (sim, o Lucas Pasin, colunista do UOL, disse que muita coisa já havia sido combinada com o programa, inclusive a maquiagem à prova de lágrimas) e gerar um tsunami de reações nas redes?

Não digo que tenha sido uma vingança, mas Luísa tem razão, foi a vítima da traição. Faz sentido ela usar seu poder e "postar" simultaneamente, em todos os lugares, o que estava sentindo.

Muita gente estranhou a parte da carta. Mas eu entendo. A internet comercial no Brasil começou em 1995. Luísa nasceu em 1998, em um mundo já conectado; e cresceu na realidade das redes sociais, onde todos expõem suas vidas diariamente. Esse é o normal para jovens da idade dela. Não há diferença entre chorar para a lente do celular numa live ou para as câmeras da TV ao vivo. É tudo a mesma coisa, só mudam as plataformas.

E, de uma certa forma, fazer tudo isso simultaneamente, de forma intensa, resolve o problema mais depressa. Talvez assim ela sofra menos.

Vivemos num mundo muito mais veloz do que há dez, vinte anos. Somos apressados, estamos sempre ansiosos. Nossa relação com o tempo mudou, queremos nos livrar logo das coisas. Tudo é para agora, já. Ninguém tem mais paciência para nada. As métricas do TikTok mostram que a audiência de milhões de vídeos caem pela metade em um, dois segundos. Em um instante decidimos se gostamos ou não e, em não gostando, já vamos para o próximo.

Foi assim com o namoro de Luisa e Chico. Começou, viralizou, virou canção, explodiu no Spotify e num banheiro de boteco foi de arrasta pra cima.

Amanhã, nós, que acompanhamos, comentamos, rimos, choramos e fizemos memes também estaremos ocupados com outros assuntos, girando essa roda gigante de acontecimentos que nos traz a ilusão confortável de que, enfim, não estamos sozinhos nesse mundo.

Rosana Hermann

Rosana Hermann é jornalista, roteirista de TV desde 1983 e produtora de conteúdo.

Final do conteúdo
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Ver todos os comentários Comentar esta reportagem