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De faixa a coroa
Descrição de chapéu Miss Universo América Latina

No Brasil para o Carnaval, atual Miss Universo diz que sonha em celebrar vitória na Nicarágua

Em entrevista exclusiva, Sheynnis Palacios fala do amor pelo Brasil e da vontade de comemorar com seus conterrâneos sua coroação, que provocou turbulência com regime de Daniel Ortega

Miss Universo 2023
Sheynnis Palacios em dois momentos no Rio: à esq. na praia e à direita na Marquês de Sapucaí - Divulgação
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São Paulo

Depois de muita especulação, foi a própria Miss Universo, a nicaraguense Sheynnis Palacios, 23, quem confirmou os rumores de que viria curtir o Carnaval no Brasil. A forma de anunciar aos fãs foi com a publicação de um vídeo nas suas redes sociais, já desembarcando no aeroporto do Rio de Janeiro.

"É a minha primeira vez no Brasil e estou simplesmente apaixonada", contou ela em entrevista à coluna. "Desde pequena eu gosto do Brasil e aprendi a sambar com 13 anos. Eu assistia a vídeos e aprendi que existem duas formas de sambar. Em uma delas você se move em formato de coração. Acho isso lindo", disse.

Na conversa, feita por videoconferência no final da tarde de segunda-feira (12), Sheynnis explicou que foi convidada para a viagem pelo braço latino-americano da joalheria Pandora. A marca montou um time com dezenas de influenciadores digitais dos países da região, que cumpre uma agenda bastante carnavalesca. Entre os eventos e festas selecionadas, como o Baile da Vogue, o grupo também fez sessões de fotos na praia e assistiu aos desfiles das escolas de samba em um camarote exclusivo na Marquês da Sapucaí.

"Senti uma energia e alegria imensas quando estive na avenida vendo todos aqueles desfiles com cores e magia. Percebi que o Carnaval é um tributo às tradições e raízes. Vi que o povo brasileiro celebra, honra e ama sua cultura, com uma festa muito bonita e repleta de significado. Amei o Carnaval e é um privilégio estar aqui", descreveu a miss.

Vale registrar que, ao lado da nicaraguense, a Pandora convidou outras ex-competidoras do Miss Universo. Entre elas está a matogrossense Jakelyne Oliveira (Miss Brasil 2013) e as modelos Amanda Dudamel (Miss Venezuela 2021) e Andrea Tovar (Miss Colômbia 2015). "Para mim, é uma honra fazer parte da família da Pandora, que tem tantas personalidades emblemáticas e relevantes na América Latina", diz Sheynnis.

DE AGENDA CHEIA

Licenciada em comunicação e entusiasta da área, a modelo foi coroada Miss Universo 2023 em 18 de novembro, em evento em El Salvador. Desde então, mudou-se para um apartamento em Nova York (EUA), onde cumpre oficialmente o reinado, e diz estar vivendo um "sonho".

"Sou uma mulher de muitos sonhos, e o Miss Universo está entre eles, mas não é o único. Quero ainda retomar meus estudos e fazer meu mestrado em audiovisual. Eu adoraria também escrever um livro, onde pretendo abordar todas as ferramentas de comunicação. Como uma mulher latina, quero mostrar que é possível realizar sonhos e acho que os meus são muito palpáveis e estão bem próximos", afirma.

Mesmo bastante dedicada ao título e com a agenda lotada, Sheynnis ainda sente falta de celebrar a coroa com seu povo. Afinal, normalmente as vencedoras do Miss Universo começam a planejar o seu "homecoming" (o momento de retorno com pompas ao seu país) logo após eleitas. Mas, nesse caso, sua vitória provocou uma certa turbulência na Nicarágua, que é comandada pelo regime ditatorial de Daniel Ortega.

Após a coroação, a ditadura ficou em alerta e iniciou uma perseguição à executiva Karen Celebertti Moncada, ex-diretora do Miss Nicarágua, e a seus familiares. Para o governo, o triunfo da nicaraguense no concurso poderia ser usado como um artifício da oposição para afrontar o regime. Por isso, Karen e sua filha adolescente foram exiladas e o clima em relação a Sheynnis também ficou incerto no país latino, uma vez que sua imagem, rosto e nome seriam, para eles, novos símbolos da oposição.

"A organização do Miss Universo está tentando alinhar esse momento aos poucos. Quero voltar ao meu país, lutar com minha gente e celebrar com eles essa coroa, essa vitória inédita. É um povo muito bonito e alegre, que merece esse momento", avalia a miss.

LEGADO E ATIVISMO

Desde a vitória, a nicaraguense também tem viajado bastante representando o concurso e falando principalmente sobre saúde mental. Ela é defensora da causa, que abraçou após começar a ter crises de ansiedade.

"Minha vocação está dirigida à saúde mental. Para mim, é de extrema importância romper com o estigma que essas doenças têm em nossa sociedade, como ansiedade, depressão, baixa autoestima e crises de pânico. No mundo de hoje, temos que trabalhar cada vez mais o nosso emocional e psicológico. Normalizar esse cuidado e conscientizar sobre o tema é essencial para se ter uma sociedade de mais respeito e harmonia", defende.

Ela também tem acompanhado uma série de mudanças na direção administrativa do Miss Universo, cuja CEO renunciou pouco tempo depois de o concurso passar a ter um novo dono, o mexicano Raúl Rocha. Sheynnis também endossa e apoia as mudanças na essência da competição, que em 2023 passou a aceitar mulheres mães, casadas ou divorciadas, e, em 2024, erradicou o limite máximo de idade para inscrição –agora mulheres de qualquer idade podem ser Miss Universo.

Com esse cenário, Sheynnis afirma que o legado que quer deixar como Miss Universo 2023 é o de uma mulher contemporânea e consciente. "Quero que as pessoas que se inspiram em mim saibam que devemos exercer o nosso direito de ser quem quisermos ser. Que é possível ser independente, moderna e, ao mesmo tempo, ocupar uma posição de liderança, seja ela qual for. E que ainda podemos impactar positivamente as pessoas."

De faixa a coroa

Fábio Luís de Paula é jornalista especializado na cobertura de concursos de beleza, sendo os principais deles o Miss Brasil, Miss Universo, Miss Mundo e Mister Brasil. Formado em jornalismo pelo Mackenzie, passou por Redações da Folha e do UOL, além de assessorias e comunicação corporativa.
Contato ou sugestões, acesse instagram.com/defaixaacoroa e facebook.com/defaixaacoroa

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