'Os Outros', nova série do Globoplay, tem 2ª temporada aprovada antes de estrear
De Lucas Paraízo, autor de 'Sob Pressão', enredo exibe a intolerância em um condomínio de classe média
Nova série do roteirista de "Sob Pressão", Lucas Paraízo, "Os Outros" eletriza o espectador já nos filmes promocionais que têm sido veiculados para anunciar a estreia no Globoplay, dia 31. A história, que já tem 2ª temporada aprovada antes mesmo de estrear, focaliza a intolerância dos dias atuais a partir de um condomínio na Barra da Tijuca, mas o enredo poderia se passar em qualquer lugar habitado pela classe média em ascensão no Brasil.
A despeito do título, como explicou o autor e a diretora Luísa Lima durante a Rio2C, evento de audiovisual ocorrido no Rio de Janeiro em abril, a ideia não é apontar o dedo para "os outros", mas principalmente proporcionar um espelho ao espectador. A ideia de que "Os Outros" somos também nós está escancarada na logomarca da série, que traça em negrito as letras "S", "O", "U" ("OSOUTROS").
Como diz um dos diálogos do trailer: "Nós somos pessoas de bem". Ao que o outro responde: "O problema são os outros, né?". Sim, os outros somos nós também.
Protagonizado por Adriana Esteves, Milhem Cortaz, Thomas Aquino, Eduardo Sterblitch, Drica Moraes e Maeve Jinkings, a série traz também Guilherme Fontes e os garotos Paulo Mendes e Antonio Haddad.
Uma briga entre dois adolescentes na quadra do condomínio gera um conflito que irá às últimas consequências, expondo não a imaturidade dos filhos, mas dos pais, com uma guerra declarada entre os personagens de Adriana e Milhem.
Drica entra na função de síndica e faz par com Guilherme Fontes, no papel de um empreiteiro condenado por corrupção, que teve de trocar a abastada zona sul carioca pelos custos de classe média da Barra.
"O caminho do afeto é sempre a melhor resposta que a gente dá para qualquer conflito na sociedade e dentro da nossa história também", disse Paraízo.
"Conforme a série vai avançando, a gente desarma a lógica dos personagens e espera que possa desarmar a lógica do público também."
"Eu acredito muito que quanto mais a gente dialoga, mais conseguimos isso. A história começa da seguinte premissa: o que acontece quando todo mundo acha que tem razão? E a partir daí a gente propõe soluções", completou.
É uma produção com potencial para fazer rir, chorar, gerar espanto e, sobretudo, levar ao espectador um nível forte de identificação, acredita Paraízo.
"A Barra da Tijuca foi escolhida como esse projeto de uma vida feliz, ideal, que é muito vendida para a classe média. Esse é um traço que nos levou à Zona Oeste [do Rio]. Também pela organização de vida em condomínio", explicou Luísa, diretora que assinou a aclamada "Onde Está o Meu Coração?", com Letícia Colin, exibida recentemente na Globo.
Em entrevista coletiva virtual realizada nesta terça-feira (23), Maeve Jinkings contou que o elenco teve a oportunidade de ouvir o psicanalista Christian Dunker como parte do processo de preparação, e ele observou como são latentes as disputas geradas entre os moradores de um condomínio como o da série. As pessoas cobiçam o melhor andar, a melhor vista, o melhor carro e as melhores performances públicas naquele convívio social.
"Em alguma medida, nossos filhos são também extensões de quem a gente é, dos nossos valores, das nossas crias, de como nós somos como mulheres", afirmou Maeve. "À medida que a narrativa vai progredindo, essas mulheres vão entrando em atrito, mas também tendo mais intimidade, e vão se dando conta dessas semelhanças, de como elas precisam uma da outra ou de como elas têm mais em comum do que supunham", completou, sobre a convivência entre sua personagem e a de Adriana.
Autor e diretora fazem certo suspense sobre a 2ª temporada. Ao modo de "Justiça 2", de Manuela Dias, a série pode continuar em frente com outro elenco, mantendo apenas alguns personagens da safra original. Ao assegurar que este é o seu trabalho mais difícil nos últimos anos, Milhem Cortaz se coloca à disposição de Paraízo e Luísa para fazer mais dez temporadas, se preciso for.
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