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Zapping - Cristina Padiglione

Saiba qual foi a piada sobre Cássia Kis que a Globo cortou do Domingão

Brincadeira foi feita por Paulo Vieira na entrega dos Melhores do Ano

Luciano Huck e Paulo Vieira no palco do Domingão
Luciano Huck e Paulo Vieira na premiação dos Melhores do Ano na Globo, pelo Domingão com Huck - Reprodução Globo
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São Paulo

Ao ver o Domingão dos Melhores do Ano, neste dia de Natal, pareceu-nos que Paulo Vieira tem toda a liberdade do mundo na Globo para falar o que quiser. De fato, o humorista brincou com seu passado na Record e debochou de bolsonaristas que dão plantão diante de quartéis para contestar o resultado das urnas.

Ele acabou atiçando a valer a fúria dos apoiadores do atual presidente ao questionar "que Deus é esse que leva o Velho do Rio embora e nos deixa o Velho da Havan", uma referência à novela "Pantanal" e ao empresário que patrocinou as iniciativas de Jair Bolsonaro ao longo dos últimos anos.

Embora a comparação com um personagem de ficção evidencie que a piada foge do plano real, os bolsonaristas resolveram transformar a frase em munição contra o humorista nas redes sociais, sem encontrar eco da emissora ou de Vieira, que não ligaram para a reação.

para a direção da Globo, algo nem tão inofensivo foi mexer num ponto frágil do atual cenário da empresa, que atende pela postura de Cássia Kis.

Nesta segunda, 26, Vieira foi às redes sociais perguntar se havia ido ao ar no início do Domingão a menção feita à atriz durante a gravação, alegando ter perdido o início do programa. Ao saber que não, mostrou resignação: "Acontece".

A coluna apurou com pessoas presentes na plateia o que Vieira afinal disse de tão grave, a ponto de ter a piada cortada da edição que foi ao ar.

Logo na abertura do programa, disse que houve um momento neste ano em que ele se perguntou se não estava se expondo demais na política. Mas ao ligar a televisão e ver Cássia Kis ajoelhada, sob chuva, pedindo intervenção militar, relaxou. Isso foi tudo.

A citação se apegou exclusivamente a acontecimentos, o que talvez tenha contribuído para o corte da menção. Após o fim das eleições, Cássia esteve em mais de uma manifestação bolsonarista que contestava o resultado das urnas, clamando por intervenção e golpe de estado.

A direção da emissora não afastou a atriz da novela "Travessia", deixando a decisão a cargo de Glória Perez, autora da trama, também simpática ao presidente Jair Bolsonaro.

Vários colegas da Globo passaram a bloquear Cássia no WhatsApp, devido à insistência da atriz em sua militância. O ativismo da atriz antecede a votação.

Paulo Vieira votou em Lula e deve apresentar o evento de posse do novo presidente. Esteve presente no casamento de Janja com o então candidato do PT, além de ter comparecido a atos de apoio a ele e de ter declarado sua admiração em uma entrevista realizada a poucos dias da votação, em um espaço fora da Globo.

A emissora já informou que não se opõe a manifestações de seus contratados por este ou aquele candidato, apenas pede que essas menções políticas nominais não sejam feitas no ambiente corporativo durante o período eleitoral.

No caso de Cássia, a questão vai além disso, em razão do incentivo a atos antidemocráticos após as eleições. Em outro quesito, ela também exibiu comportamento homofóbico em uma conversa com Leda Nagle.

Zapping - Cristina Padiglione

Cristina Padiglione é jornalista e escreve sobre televisão. Cobre a área desde 1991, quando a TV paga ainda engatinhava. Passou pelas Redações dos jornais Folha da Tarde (1992-1995), Jornal da Tarde (1995-1997), Folha (1997-1999) e O Estado de S. Paulo (2000-2016). Também assina o blog Telepadi (telepadi.folha.com.br).

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