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Zapping - Cristina Padiglione

Globo exibe documentário sobre presidentes, de Carla Camuratti, com episódio inédito sobre Bolsonaro

Exibição irá ao ar logo após a posse de Lula, em formato de minissérie em cinco capítulos

cena de documentário
Lula é carregado nos braços por apoiadores antes de ir preso em 2018 em cena do documentário '8 Presidentes 1 Juramento – A História de um Tempo Presente', dirigido por Carla Camuratti - Reprodução
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São Paulo

Na esteira do encerramento do governo Bolsonaro, Carla Camuratti acrescentou um adendo ao documentário "8 Presidentes, 1 Juramento – A História de um Tempo Presente", produzida em novembro de 2021. A produção documental irá ao ar na TV Globo em formato de minissérie, em cinco episódios, a partir de 2 de janeiro, justamente um dia após a posse de Lula para o seu terceiro mandato.

Acertos e consequências de oito governos brasileiros estão retratados na produção original, que é uma realização em parceria entre Globo Filmes, GloboNews e Globoplay. "Eu espero que essa obra ajude as pessoas a entender o que vivemos no presente. Muitas pessoas acham que História é o passado, quando na verdade ela é construída no presente o tempo inteiro", diz Carla Camurati.

A produção tem como fio condutor registros captados pela imprensa nacional e estrangeira ao longo das décadas, além de materiais vindos do cinema, de jornais, revistas e de outras mídias.

"A série cumpre a missão de conectar a eleição de 2022 com a história da política brasileira desde a constituinte e trazer as gerações seguintes para uma visita à nossa história", diz Camuratti. "Os jovens estão encarregados de construir o nosso futuro. E para isso é fundamental que tenham conhecimento do que passou nas últimas décadas."

A diretora comemora a chegada da produção à Globo: "A exibição em TV aberta aumenta muito a nossa responsabilidade ao propor um debate sobre a nossa política e a história do nosso tempo presente. Ela convida toda a população do país a fazer parte deste debate".

As imagens acrescentadas agora incluem até as manifestações antidemocráticas que sucederam a vitória de Lula nas urnas para o terceiro mandato.

Sobre o processo que deu origem ao filme, a cineasta conta que "foi um processo muito longo de pesquisa". "Eu comecei a fazer o filme em 2017, quando tive a ideia. Acordei um dia e o filme estava na minha cabeça, inteiro. Tinha certeza que ia conseguir contar o nosso processo de redemocratização com as imagens reais daquilo que vivemos. A forma seria diferente, não com entrevistas ou minha câmera registrando, mas como se fosse uma colagem, com imagens que eu vi e vivi e já existiam no mundo."

EPISÓDIO POR EPISÓDIO

O fim da Ditadura Militar no Brasil e o movimento Diretas Já, em meados dos anos 80, são o ponto de partida da história. A Constituição de 1988 – a oitava do país, concebida a partir da grande participação popular – é um dos destaques desta década em virtude dos avanços sociais que a Carta Magna permitiu desde sua promulgação. Assim como a eleição e posse de Fernando Collor, primeiro presidente eleito pelo voto direto, que marcou o início dos anos 90. A gestão presidencial, marcada pelo confisco das cadernetas de poupança e a alta inflação no Brasil, era uma realidade dos brasileiros nesta época. Ainda no início da década, Collor sofreu impeachment e o então vice, Itamar Franco, assumiu a Presidência.

O segundo episódio revisita as disputas eleitorais que culminaram com as vitórias de Fernando Henrique Cardoso, ambas no primeiro turno, e o início do Plano Real, em 1994, que trouxe estabilidade econômica para o país. A virada para os anos 2000, a celebração dos 500 anos do Descobrimento do Brasil e o inédito tratamento brasileiro contra a Aids encerram o capítulo. Entre os destaques do terceiro e do quarto episódios estão a descoberta do Pré-Sal durante o governo Lula e a chegada da primeira mulher à presidência do Brasil, Dilma Rousseff.

O quinto e último episódio da minissérie começa com a posse de Temer no lugar de Dilma, que sofreu impeachment, e iria até a eleição em que Jair Bolsonaro se tornou presidente do Brasil. Para a versão na TV Globo, o episódio ganhou conteúdo inédito em relação ao filme e inclui momentos marcantes das políticas adotadas pelo governo Bolsonaro até o processo eleitoral de 2022, que resultou na eleição de Luiz Inácio Lula da Silva como presidente da República, e as manifestações ocorridas em diversas partes do Brasil, após a divulgação do resultado das urnas.

COM A PALAVRA, A DIRETORA

Em entrevista à Comunicação da Globo cujo teor foi antecipado à coluna, Camuratti fala mais sobre a relevância do documentário e de se preservar a memória sobre a história do país. "Quem viveu o governo militar, a constituinte e a redemocratização, não se esquecerá nunca dessa etapa da história. A série busca trazer as gerações seguintes para uma visita à nossa história. Os jovens estão encarregados de construir o nosso futuro. E para cumprir essa missão que a vida lhes reserva é fundamental que eles tenham o conhecimento do que passou nas últimas décadas."

A opção documental por priorizar a reprodução de imagens, em vez de buscar dramatizar episódios ou registrar depoimentos sobre cada trecho da história, teve propósito: "Este trabalho precisava ter as imagens reais do que vivemos. Rever os fatos é muito importante. A reprodução deles com atores deixaria de cumprir com a missão de usar o passado recente para entender e transformar o presente e o futuro. A linguagem que eu pensei para esse filme tinha que ter uma dramaturgia construída com os vários registros do que vivemos nesses anos. Sem opiniões, sem explicações e sem filtro."

"O jornalismo brasileiro na sua pluralidade cumpre muito bem a missão de nos manter informados sobre tudo o que acontece ou pode acontecer. Podemos observar também, ao longo da série, como a comunicação mudou nesse período, não só pela quantidade e pluralidade de registros, mas também na sua forma de narrar os fatos. Os jornalistas têm sido os nossos olhos e ouvidos no universo da política e, com certeza, se a democracia brasileira segue viva, apesar de todos os percalços, o jornalismo desempenhou um papel importante."

Zapping - Cristina Padiglione

Cristina Padiglione é jornalista e escreve sobre televisão. Cobre a área desde 1991, quando a TV paga ainda engatinhava. Passou pelas Redações dos jornais Folha da Tarde (1992-1995), Jornal da Tarde (1995-1997), Folha (1997-1999) e O Estado de S. Paulo (2000-2016). Também assina o blog Telepadi (telepadi.folha.com.br).

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