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Zapping - Cristina Padiglione
Descrição de chapéu

Paulo Vieira é o cara

Performance no Domingão corrobora imagem que a Globo busca para reconquistar o afeto da massa

Paulo Vieira em performance de 'Frozen'
O humorista e apresentador Paulo Vieira faz performance como Elsa, de 'Frozen', no quadro Batalha do Lyp Sinc, no Domingão com Huck - Reprodução
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São Paulo

A maré de ódio que costuma assaltar o Twitter de comentários agressivos e jocosos sofreu uma pane entre o fim deste domingo (14) e a manhã desta segunda-feira (15), quando a rede foi tomada por uma tsunami de amor. Culpa de Paulo Vieira, que tirou de órbita o público que assistia ao Domingão com Huck, onde ele fez uma performance arrebatadora como Elsa, do filme "Frozen", para o novo quadro do programa, "Lyp Sink".

Minutos antes, Letícia Colin hipnotizou a plateia como Britney Spears, vestindo em um macacão vermelho justo de plástico reluzente. Foi incrível. Mas quando Vieira adentrou o palco metido em um vestido de princesa de medidas generosas e uma peruca com trança, evidenciando o contraste entre a bem cortada barba e a voz da dublagem original, de timbre feminino, não sobrou nada do nosso maxilar.

Logo em seguida, a caracterização como Elsa ganhou a vez na foto do seu perfil no mesmo Twitter. Na verdade, não seria má ideia inserir um close do Paulo, hoje a figura mais solicitada da Globo para missões diversas, no centro do globo que estampa a própria vinheta da emissora.

É ele um dos rostos anfitriões do ano na campanha Criança Esperança. É ele o garoto-propaganda do GloboPlay. É ele quem aparece para apresentações institucionais da Globo com representantes da indústria audiovisual, sem falar em pelo menos quatro séries em andamento, do Fantástico ao GNT, do turismo regional à cozinha dos reality shows, além de quadro terapêutico no BBB, um dos maiores faturamentos da casa, e do "Novelei", primeira parceria da Globo com o YouTube.

Tem mais? Tem. O enredo de "Isso é Muito Minha Vida" (melhor coisa que aconteceu naquele Se Joga, um malsucedido projeto de substituir o Vídeo Show), onde ele interpreta todos os personagens da mesma família, vai virar filme em 2024, com direção de Vitor Brandt e produção da Raccord em parceria com a Globo Filmes.

Antes disso, tem "Pablo e Luizão", série sobre o seu pai e seu melhor amigo, alvo de divertidos fios no Twitter, a ser gravada inicialmente para o GloboPlay.

Há duas semanas, ele está em cartaz nos cinemas ao lado de Fábio Porchat, que o projetou para a TV aberta ainda na tela da Record, em "O Palestrante". E também está em "O Lendário Cão Guerreiro", animação onde dá voz a Hank, o protagonista.

Ainda antes que pudesse nos surpreender como Elsa, bem que ele disse que dublar Hank foi a realização de "um dos maiores sonhos" de sua vida. "Eu sempre quis dublar um desenho animado. Meu personagem é um cachorro que vai passar por muitas provas para se tornar um samurai."

Ator e apresentador, humorista de nascença, Paulo Vieira é atualmente o rosto e a voz de que a Globo mais precisa para reconquistar o coração da massa brasileira, uma plateia cuja atenção nunca esteve tão dispersa entre tantas telas.

Como diria Romário, ele "é o cara", e nesse caso, não é só "papai do céu" quem falou, mas as demandas sociais impostas ao mercado publicitário/anunciante.

Engraçado, carismático e dono de um repertório que conhece os problemas econômicos da maioria da nação, Vieira faz questão de fugir do retratinho de novo rico. Dispensa a ostentação exibida por estrelas da TV e do futebol, fazendo disso sempre uma boa piada e reaproximando a plateia de assuntos que um dia já foram muito mais viscerais que hoje.

Paulo Vieira é o que a gente chama de gente como a gente. Não está interessado em se mostrar marombado para os padrões estéticos vigentes e representa importância histórica na liderança de um protagonismo tardio na maior tela de um país de predominância negra que sempre viu na TV uma esmagadora maioria branca.

Em 2019, quando ganhou seu primeiro posto de apresentador, por meio do humorístico "Fora de Hora", bem que ele me disse que estava feliz com a conquista, mas não queria ser "o preto oficial da Globo", certo de que há muita gente para ocupar esse espaço.

Hoje, a sua presença em tantas frentes do grupo o coloca num patamar bem mais amplo, sendo ele "a cara" de que a Globo precisa, em um espectro que vai muito além da cor, mas que embute tudo o que ela representa, o que não é pouca coisa.

Zapping - Cristina Padiglione

Cristina Padiglione é jornalista e escreve sobre televisão. Cobre a área desde 1991, quando a TV paga ainda engatinhava. Passou pelas Redações dos jornais Folha da Tarde (1992-1995), Jornal da Tarde (1995-1997), Folha (1997-1999) e O Estado de S. Paulo (2000-2016). Também assina o blog Telepadi (telepadi.folha.com.br).

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