Perícia atesta que Waack se queixou de coisa de 'preto'
Uma perícia privada contratada pela Folha concluiu que o apresentador afastado do "Jornal da Globo", William Waack, 65, disse que uma buzina que o irritou durante uma conversa antes de uma participação ao vivo, em 2016, era coisa de "preto". O laudo foi elaborado pelo Instituto Brasileiro de Peritos (IBP).
Para o instituto, a análise acústica permite identificar os sons correspondentes à palavra preto. O vídeo foi divulgado em um grupo de WhatsApp de editores de TV antes de chegar à web.
O jornalista aparece no vídeo antes de uma entrevista com Paulo Sotero, diretor do Brazil Institute, do Wilson Center, num estúdio em frente à Casa Branca, nos EUA . Em comunicado enviado à Folha, Sotero disse que não se lembra da cena e condenou racismo.
O instituto afirmou que foi realizada uma análise perceptivo-auditiva e acústica da fala e os resultados confrontados com as imagens de Waack. De acordo com o laudo, o jornalista e seu entrevistado teriam dito as seguintes frases:
Waack - "Tá buzinando por quê? Ô seu merda do cacete, merda."
Waack - "Deve ser um, (deve ser/você é) filho de um, não vou nem falar de quem, eu sei quem é né. Sabe o que é né?"
Sotero - "Não"
Waack - "Preto né" (sem compreensão)
Sotero - "Ahn"
Waack - "Preto né"
(risos)
Waack - "Sabe o que é isso? É coisa de ..."
Sotero - "Sim"
Waack - "Com certeza" (risos)
Segundo o instituto, o áudio apresenta níveis elevados de ruído e pequena amplitude sonora das falas que prejudicam a análise acústica. Além disso, quando Waack se afasta da visão direta da câmara e fica de perfil, a captação do som pelo microfone e a análise visual do movimento orofacial (produzido pelo movimento da face e da boca ao mesmo tempo) também são prejudicados.
Vale registrar que circulou em redes sociais, após a divulgação da gravação, a hipótese de que Waack teria afirmado "coisa de redneck", em referência ao apelido pejorativo da classe média baixa americana conservadora e interiorana —parte do eleitorado de Donald Trump.
Após o vazamento do vídeo, o apresentador William Waack foi afastado de suas funções e acusado de racismo. Em nota, a Globo afirmou que é "visceralmente contra o racismo em todas as suas formas e manifestações e que nenhuma circunstância pode servir de atenuante.
Desde o dia 8 de novembro, a jornalista Renata Lo Prete, 52, ocupa a bancada do telejornal e deve permanecer no cargo por tempo indeterminado. Lo Prete também é apresentadora, editora e comentarista de política do "Jornal das Dez", da GloboNews.
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