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Tony Goes

BBB 23: Por enquanto, a única novidade é... dois ruivos na Casa de Vidro

Na escalação de participantes anônimos, programa insiste nos mesmos padrões

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O marombado sem noção. A beldade que só quer se divertir. O gay atrevido. A ativista mal-humorada. Todos com, no máximo, 30 e poucos anos. Todos amantes do funk e da música sertaneja. Todos parecidos com os do ano passado. Bocejo.

Não é segredo para ninguém que o Big Brother Brasil escala sempre os mesmos tipos de participantes para compor seu elenco. São quase todos jovens, belos, descontraídos, exibicionistas.


É verdade que o BBB passou pela maior reviravolta de sua história em 2020, quando os jogadores passaram a ser divididos em dois grupos: o Pipoca, formado por anônimos, e o Camarote, onde estão artistas de algum renome e influenciadores digitais. A mudança fez bem ao reality da Globo, que naquele ano teve uma de suas melhores edições de todos os tempos, tanto em audiência quanto em repercussão.

O sucesso gerou algumas distorções. O primeiro Camarote tinha artistas ainda não muito conhecidos pelo público em geral, como Manu Gavassi ou Babu Santana. Como muitos se tornaram celebridades, nomes mais consagrados passaram a querer entrar na casa mais vigiada do Brasil.

Ricos todos já eram: o objetivo era dar um gás na carreira e melhorar a imagem. Um dos resultados dessa abordagem foram as presenças pífias de Tiago Abravanel e Bruna Gonçalves no BBB22, que foi chato do começo ao fim.

Esperamos que Boninho e sua equipe tenham aprendido a lição e que a seleção de famosos para a edição que começa na próxima segunda (16) tenha sido ainda mais rígida. Mas, na hora de escolher os anônimos, os critérios parecem ser os mesmos de sempre.

Isto ficou patente nesta terça, quando foram revelados os quatro candidatos a entrar no programa que estão confinados na Casa de Vidro, instalada num shopping carioca. A grande inovação é que dois deles são ruivos.


Ou talvez um só, o psiquiatra mato-grossense Manoel Vicente. A outra ruiva, a empresária paulista Giovanna Leão, tem raízes negras nos cabelos e uma compleição distinta das dos ruivos de nascença. Mas tá valendo: sem maiores novidades, vamos nos agarrar à vermelhidão capilar de ambos.

No entanto, justiça seja feita. O BBB já tentou várias vezes quebrar o padrão que impôs a si mesmo. Já convocou pessoas mais velhas, e adivinha o que aconteceu? Foram todas eliminadas rapidamente pelo público. Além do mais, com a importância que as provas de resistência adquiriram de uns tempos para cá, qualquer um com mais de 40 anos não aguentaria o tranco.

Por outro lado, os elencos vêm se tornando mais diversos, mesmo sem romper a faixa etária habitual. Há cada vez mais negros, gays, gordos e pessoas trans no BBB. Não chega a ser um recorte fiel da sociedade brasileira, mas já é um avanço e tanto.


É muito difícil escolher um participante de reality show. Ele tem que render em frente às câmeras: precisa ter personalidade, carisma e nenhum medo de se expor. No entanto, mesmo com mais de 20 anos de experiência nas costas, os olheiros do BBB ainda cometem erros e escalam uma ou duas "samambaias", que se escondem pelos cantos da casa.

Nesta quinta (12), os participantes já confirmados do BB23 serão anunciados ao longo do dia na programação da Globo. Tomara que, entre tantos nomes já ventilados, existam de fato algumas surpresas. Tomara que surja algum perfil inédito, que cale a boca de colunistas como eu. Tomara —mas eu não estou lá muito confiante.

Tony Goes

Tony Goes (1960-2024) nasceu no Rio de Janeiro, mas viveu em São Paulo desde pequeno. Escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. Ele também atualizava diariamente o blog que levava seu nome: tonygoes.com.br.

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