Aviso
Este conteúdo é para maiores de 18 anos. Se tem menos de 18 anos, é inapropriado para você. Clique aqui para continuar.

Zapping - Cristina Padiglione

'Cine Holliúdy' ridiculariza negacionismo com epidemia de piolho

Em alusão a Bolsonaro, prefeito de Pitombas culpa artista chinês por doença e contraria protocolos sanitários

Cena de série de TV
Ariclenes Barroso é Biro Lee, astro intgernacional que chega a Pitombas para filmar 'Calango Kid' na série 'Cine Holliúdy' - João Miguel Jr./Divulgação
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

No próximo episódio de "Cine Holliúdy", que vai ao ar pela Globo nesta quinta-feira (1º), Francis (Edmilson Filho) recebe um astro internacional para contracenar com ele nos seus filmes. Biro Lee (Ariclenes Barroso) vem diretamente da China para Pitombas, mas acaba não sendo bem recebido por Lindoso (Carri Costa) e seu estafe.

Com o surgimento de uma epidemia de piolho na cidade, o prefeito culpa o artista pela doença e também vai contra as orientações médicas de Dr. Odílio (Flávio Bauraqui), que recomenda o uso de touca e o isolamento social.

Qualquer semelhança com a realidade recente do país, evidentemente, não é mera coincidência. No primeiro episódio desta temporada, uma outra alusão à vida real, Socorro (Heloísa Périssé), que ocupava a prefeitura da cidade, foi ejetada do posto em uma ação orquestrada pelo presidente da Câmara, que lhe tomou a cadeira e foi acusado de golpe.

"Cine Holliúdy" segue sendo o único ponto de humor na programação da Globo capaz de sugerir críticas à política nacional, função que tradicionalmente teve espaço na dramaturgia da emissora, mas também em programas de humor da linha de shows, gênero hoje sem vaga na casa.

Nunca é demais notar que esse foi um segmento honrado por Chico Anysio, Jô Soares, TV Pirata, Casseta e Planeta, Tá no Ar e Zorra.

Já "Cine Holliúdy" ocupa um lugar que teve em "O Bem Amado", de Dias Gomes, seu expoente máximo. Mas a comédia aponta o dedo para a gestão passada, de Jair Bolsonaro, que como presidente, deixou de ser alvo de piadas da emissora desde 2020. Agora, falta um repertório de sátiras ao governo da vez, algo sempre útil para acusar os tropeços dos poderosos.

Zapping - Cristina Padiglione

Cristina Padiglione é jornalista e escreve sobre televisão. Cobre a área desde 1991, quando a TV paga ainda engatinhava. Passou pelas Redações dos jornais Folha da Tarde (1992-1995), Jornal da Tarde (1995-1997), Folha (1997-1999) e O Estado de S. Paulo (2000-2016). Também assina o blog Telepadi (telepadi.folha.com.br).

Final do conteúdo
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Ver todos os comentários Comentar esta reportagem