Sobrinha de Tutinha, Paulinha Carvalho conta por que deixou a Jovem Pan
Apresentadora do Morning Show fala à coluna sobre os novos rumos após 23 anos na emissora
Depois da saída de Antonio Augusto Amaral de Carvalho, o Tutinha, da presidência do Grupo Jovem Pan, mais um membro da família fundadora da emissora deixou o grupo.
Paulinha Carvalho, que é filha de Nina e neta de Tuta --portanto bisneta de Paulo Machado de Carvalho, fundador da TV Record--, deixou o Morning Show nesta quinta-feira (26) e se despediu da Jovem Pan com um "até logo". Embora ela ainda mantenha um podcast na casa --o Coração Peludo, com Pamela Magalhães--, o momento pede uma pausa no expediente regular, que tomava metade do seu dia --das 7h às 12h.
Em conversa com a coluna, ela explica que sua saída nada tem a ver com a pressão política que a troca de governo acabou provocando no elenco do grupo, cuja linha editorial é bolsonarista. Ou até tem, já que a sua saída se dá justamente pela contrariedade em politizar todo o conteúdo do Morning Show, enquanto ela busca explorar outros segmentos.
"Essa politização tomou conta de tudo e não tem nada a ver com o que eu faço. São dez anos de programa", disse. "Eu não quero ficar lá falando de Lula e Bolsonaro por mais quatro anos, não quero esse ativo."
Dar sugestões de programação no universo do streaming, ou de vida, como tem feito desde o início da pandemia na página Dicas de Vida, no Instagram, é uma atividade que a anima mais e é possivelmente seu foco daqui para a frente, por enquanto por meio de redes sociais.
O momento, ela explica, é de repensar projetos.
Embora já estivesse insatisfeita com o expediente no Morning Show, Paulinha conta que a gota d'água para a decisão foi a demissão do diretor do programa, Vinicius Moura, a poucos minutos do início de mais uma edição ao vivo.
"É inacreditável", disse ela na hora, em alto e bom tom, expressando sua insatisfação com a instabilidade que se instaurou na emissora da família. "É inacreditável", repetiu ela à coluna, "a falta de respeito com quem está ali", completou.
Pergunto se ela, como herdeira do grupo, não poderia ter expressado antes a vontade de partir para novos rumos ou criar um programa próprio, mas Paulinha argumenta que a chegada da Jovem Pan News como canal de TV paga conduziu todo o conteúdo para o segmento de hardnews ou simplesmente news, sem muito espaço para assuntos mais leves.
"Até o Pânico demorou um pouco a entrar na programação do canal", lembra.
"Agora preciso vencer esse processo de desligamento, foram muitos anos trabalhando só na Jovem Pan. Quero ter coragem para partir para novos rumos", diz.
Paulinha anunciou sua saída do programa pelo Instagram, com o "até logo" à Jovem Pan.
REFORMA
Desde a campanha eleitoral, a Jovem Pan tem sido cobrada a prestar conta por comentários e informações que configuram fake news e ofensas no campo jurídico. A emissora, que soma rádio, TV paga e serviço de streaming, está sendo investigada pelo Ministério Público Federal por veicular notícias falsas e incitar bolsonaristas a práticas golpistas que ferem o Estado Democrático de Direito.
Desde a eleição de Lula, a emissora já dispensou uma série de nomes, em lista encabeçada por Augusto Nunes, que incluiu ainda Guilherme Fiúza, Caio Coppola, Paulo Figueiredo, Rodrigo Constantino e Zoé Martinez --que, aliás, fazia o Morning Show também, programa que já havia dispensado Leonardo Grandini, por confrontos com Constantino.
Também faz parte desse movimento o afastamento de Antônio Augusto Amaral de Carvalho Filho, o Tutinha, da presidência do grupo, e a determinação da Justiça para que o YouTube não apague vídeos da emissora, a fim de zelar pelas investigações do MPF.
Ainda durante a campanha presidencial, pressionado pelo TSE, que vinha sendo constantemente cobrado pela equipe de Lula, o Google reviu os algorítimos que privilegiavam a Jovem Pan no YouTube e, em novembro, após a eleição, suspendeu a monetização dos canais do grupo no portal.
O mais recente imbróglio jurídico envolvendo a emissora é uma ação movida pela primeira-dama, Janja, contra a emissora, por ofensa e danos morais.
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