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Zapping - Cristina Padiglione

YouTube corta publicidade do canal Oeste, ancorado por Augusto Nunes

Espaço abriga também os ex-comentaristas da Jovem Pan Caio Coppolla, Guilherme Fiúza e Ana Paula Henkel

Augusto Nunes no canal da revista Oeste
Augusto Nunes no canal da revista Oeste - Reprodução YouTube
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São Paulo

O YouTube afirmou à coluna que cortou a monetização da revista Oeste, onde estão hoje nomes como Augusto Nunes, Guilherme Fiúza, Ana Paula Henkel e Caio Coppolla, todos ex-colaboradores da Jovem Pan. Rodrigo Constantino, que acaba de ser afastado da mesma Jovem Pan, também é colunista da publicação, que existe nos formatos de site e canal no YouTube.

"Não contaremos com a solidariedade dos que hoje se chamam 'jornalistas'", disse Augusto Nunes em vídeo veiculado no canal, que segue no ar, porém sem a publicidade que compõe a maioria da receita para remunerar os seus comentaristas.

O portal de vídeos do Google alegou que o canal apresenta "conteúdo nocivo", "com temas controversos e nocivos aos espectadores", como aponta a print da tela exibida pela Oeste. Ao explicar a situação aos seus espectadores, Nunes disse que o YouTube não explicitou o que seria "conteúdo nocivo".

Print de tela que avisa sobre bloqueio do canal Oeste à publicidade no YouTube
Aviso exibido pelo canal da revista Oeste no YouTube, que cortou a monetização do espaço - Reprodução Revista Oeste YouTube

À coluna o Google esclareceu que "'questões controversas' refere-se a tópicos que podem ser perturbadores para nossos usuários e geralmente são o resultado de uma tragédia humana. Esta política se aplica mesmo que o conteúdo seja puramente comentário ou não contenha imagens gráficas."

Para Nunes, a Oeste não pode ser punida por "dar opinião". Ainda em vídeo veiculado pelo canal, ele sustenta que se alguém se sentiu ofendido com algo, deve recorrer aos meios jurídicos para se defender. Nenhum desses argumentos, no entanto, passa pelo crivo dos critérios exigidos pelo YouTube para a distribuição de publicidade.

O YouTube pode cortar receita publicitária de vídeos que ferem direitos autorais ou exibem imagens nocivas para crianças, pode restringir conteúdos com sexualização, palavrões, violência e apologia a drogas, mas cada uma dessas ocorrências é justificada nominalmente. O argumento "conteúdo nocivo" é mais abrangente.

O YouTube também havia cortado a monetização dos canais da Jovem Pan, mas, no caso, sustentando claramente que a decisão foi motivada pela veiculação de notícias falsas pelos vídeos do canal. A medida contra a Pan antecedeu a abertura de inquérito pelo Ministério Público Federal para averiguar a prática de fake news e a incitação a atos antidemocráticos, como o ataque ocorrido às casas dos três poderes em Brasília no domingo, 8.

Ao falar sobre o assunto, Nunes reforçou aos inscritos no canal --que hoje soma 1,22 milhão de pessoas, a proposta para angariar novas assinaturas da revista Oeste, cuja mensalidade custa R$ 23,90. O vídeo sobre o assunto soma, em dois dias, cerca de 200 mil visualizações.

Embora a decisão seja obra do Google, uma empresa internacional de iniciativa privada, o colunista Silvio Navarro relacionou o corte a uma possível perseguição ao canal e a um controle que ele considera típico do PT, citando, para tanto, a criação de uma secretaria para o monitoramento de redes sociais e a recorrência do termo "publicidade nociva", segundo ele, usado já nos idos do governo Dilma.

Nunes foi pelo mesmo caminho, tentando vincular a decisão do Google a uma ação do poder público. Ao se queixar da falta de solidariedade de jornalistas ao corte de publicidade promovido pelo YouTube, citou até o AI-5 e a reação de "bravura exemplar" do Estadão à época: "O doutor Júlio de Mesquita Filho escreveu um editorial que virou lenda na imprensa, com o título 'Instituições em frangalhos'. Em frangalhos está hoje a profissão de jornalista no Brasil", disse ele. "Esse silêncio criminoso do consórcio da imprensa mostra como funciona a alma e a cabeça de jornalistas que sempre contaram com a solidariedade dos que são honestos. Eu sempre me solidarizei com os jornalistas que tiveram a liberdade ameaçada."

A decisão, no entanto, não esbarra em liberdade, já que o canal segue no ar e não foi censurado pelo YouTube. O Google diz abrir espaço para a defesa da revista e seus argumentos, a fim de discutir a retomada da monetização de acordo com o ajuste do canal às regras do portal, que são universais.

Zapping - Cristina Padiglione

Cristina Padiglione é jornalista e escreve sobre televisão. Cobre a área desde 1991, quando a TV paga ainda engatinhava. Passou pelas Redações dos jornais Folha da Tarde (1992-1995), Jornal da Tarde (1995-1997), Folha (1997-1999) e O Estado de S. Paulo (2000-2016). Também assina o blog Telepadi (telepadi.folha.com.br).

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