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Zapping - Cristina Padiglione
Descrição de chapéu drogas Emmy Cracolândia

'Onde Está o Meu Coração' já tem data para estrear na Globo

Série traz Letícia Colin como dependente química que sucumbe ao crack, papel que lhe rendeu indicação ao Emmy Internacional

Amanda (Letícia Colin)
Letícia Colim em cena como Amanda, médica que se torna refém do crack na série 'Onde Está o Meu Coração', em estação de Metrô de São Paulo - Fabio Rocha/TVGlobo
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São Paulo

Quem vem aplaudindo Letícia Colin como a malvada Vanessa da novela "Todas as Flores", do Globoplay, mas ainda não a viu em "Onde Está o Meu Coração", pode se preparar para um choque. Amanda, papel que lhe rendeu indicação ao Emmy Internacional como uma das melhores atrizes da TV mundial em 2021, é uma médica jovem que se descobre dependente química ao sucumbir ao crack.

Com direção de Luísa Lima e texto de George Moura e Sergio Goldenberg, a série em dez capítulos vai ao ar pela primeira vez na TV Globo a partir de 31 de janeiro, com exibição semanal, nas noites de terça-feira, logo após os paredões do BBB 23.

Tomara que a grande audiência que se junta para ver o eliminado da semana no reality possa permanecer sintonizada na Globo para acompanhar o drama de Amanda. Vale muito a pena.

De uma sensibilidade extrema, "Onde Está o Meu Coração" subverte o estereótipo do crack, uma droga normalmente associada a consumidores de poder aquisitivo baixo, por ser barata e de fácil acesso. Amanda, na contramão desse clichê, é de família de classe média, bem casada com arquiteto bacana (Daniel Oliveira), filha de um casal formado por Fábio Assunção e Mariana Lima.

Tensa com os dramas do expediente em pronto-socorro, onde nem sempre a medicina pode salvar vidas, ela desconta suas frustrações na droga. Elucidativo, o enredo aponta com precisão como o uso de entorpecentes, inicialmente tratado como recreação por seus consumidores, pode se revelar uma doença.

Diferentemente da maioria dos usuários de crack, Amanda recebe várias oportunidades da família para se tratar, mas, como quase todo dependente químico, precisa bater no fundo do poço para se convencer de que seu caso é patológico.

A narrativa mostra ainda que quando a doença da dependência se revela, todo o núcleo familiar no entorno daquele usuário adoece também, afetando a todos. Esse é um cenário também visto pela série "Dom", do Prime Video, livremente inspirado em um caso real, cuja 2ª temporada estreia em 17 de março.

Em tempo: Colin não levou o Emmy, mas foi melhor atriz de 2021 pela APCA - Associação Paulista dos Críticos de Artes no mesmo ano.

A história toda se passa em São Paulo, quase uma personagem do enredo, onde diferentes administrações públicas, da esfera estadual à municipal, acumulam fracassos na tentativa de de sucedem sem êxito na missão de acabar com o que ficou conhecido como Cracolândia.

Zapping - Cristina Padiglione

Cristina Padiglione é jornalista e escreve sobre televisão. Cobre a área desde 1991, quando a TV paga ainda engatinhava. Passou pelas Redações dos jornais Folha da Tarde (1992-1995), Jornal da Tarde (1995-1997), Folha (1997-1999) e O Estado de S. Paulo (2000-2016). Também assina o blog Telepadi (telepadi.folha.com.br).

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