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Cinema e Séries
Descrição de chapéu The New York Times Televisão

Criadores de 'The O.C.' contam o que aprenderam (e do que se arrependeram) 20 anos após estreia

Josh Schwartz e Stephanie Savage explicam como aprenderam a amar a série novamente

Da esq., Rachel Bilson, Adam Brody, Ben McKenzie e Mischa Barton na série 'The O.C.' - Divulgação/Century Fox Television
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Alexis Soloski
The New York Times

"Não sabíamos de nada", disse Josh Schwartz. "Não conhecíamos as regras e estávamos inventando conforme íamos. Isso é algo que você aprende." E continuou: "Mas não é algo que você pode repetir. Você só pode fazer isso uma vez".

Schwartz e sua parceira de produção, Stephanie Savage, criaram muitas séries sobre amadurecimento, incluindo "Gossip Girl", "Quem é Você, Alasca?" e "Cidade em Chamas". Mas ele estava se referindo ao primeiro programa deles, que ele sonhou aos 26 anos: "The O.C."

Uma mistura de novela noturna brilhante e uma comédia adolescente peculiar, "The O.C." estreou seu primeiro episódio na Fox no verão de 2003. Essa história de um garoto do lado errado dos trilhos (embora quão errado seja Chino, Califórnia, realmente?) acolhido por uma família rica de Newport Beach, Califórnia, se tornou uma sensação entre os espectadores mais jovens e transformou em estrelas e fenômenos de tabloide os atores Mischa Barton, Rachel Bilson, Adam Brody e Ben McKenzie.

Aquela primeira temporada queimou histórias como se fossem lenha de fogueira de praia. Ela brilhou menos intensamente na segunda temporada e, pela terceira (spoilers de 20 anos a seguir), que culminou na morte da pobre-menina-rica Marissa de Barton, aquela chama havia se apagado. Após uma quarta temporada mais curta, a série terminou em 2007. "Pessoalmente, senti que tinha falhado", lembrou Schwartz.

Isso foi durante uma recente chamada de vídeo conjunta com Savage, mas o clima era de celebração, não de arrependimento. Porque, em uma reviravolta digna da primeira temporada do programa, "The O.C." continuou vivo, admirado por uma nova geração e pelo menos parcialmente responsável por introduzir idiossincrasia e peculiaridade na fórmula convencional da rede.

Agora, com a publicação de "Welcome to the O.C.: The Oral History", uma colaboração entre Savage, Schwartz e o crítico de TV da Rolling Stone, Alan Sepinwall, seu legado também inclui um livro. Em conversa com todo o elenco principal, bem como executivos da rede e membros da equipe, o livro explora a audácia, o desafio e os compromissos muitas vezes dolorosos de fazer um programa de uma hora na década anterior à dominação do streaming.

Durante uma conversa de uma hora, Schwartz e Savage discutiram biquínis, esgotamento e o que aprenderam sobre matar protagonistas jovens e atraentes. Estes são trechos editados da conversa.

Qual foi o pitch original para o programa?
Schwartz: Eu tinha ido para a USC [Universidade do Sul da Califórnia]. Como um garoto judeu da Costa Leste, eu me sentia um estranho. O pitch original girava em torno de um personagem chamado Lucy Muñoz, cujo pai era o jardineiro e gerente da casa das propriedades Atwood em Newport Beach. Ryan Atwood era um garoto rico. Lucy Muñoz era nosso peixe fora d'água. Ainda havia um personagem chamado Seth, embora ele fosse muito mais nerd. Esse foi o pitch até irmos para a Warner Bros.

O que a Warner Bros. tinha a dizer?
Schwartz: A Warner Bros. disse: "Amamos tudo sobre o mundo do programa. Você poderia apenas mudar todo o conceito?". Havia vários programas naquele ano que giravam em torno de uma história de amor entre um cara branco e uma latina estilo Romeu e Julieta. Então eles disseram: "Você poderia reconfigurar a premissa do seu programa? Em três dias?".

Como foram esses três dias?
Savage: Foram intensos. Saímos daquela reunião sentindo que estávamos perdidos, mas estávamos determinados a continuar. O cerne do que Josh e eu falamos originalmente era: como fazer algo que parecesse "Clube dos Cinco" em uma comunidade fechada no Condado de Orange? Mudamos as cadeiras em que esses personagens estavam sentados, mas ainda mantivemos essa ideia central.

No livro, vocês falam sobre o programa como um cavalo de Troia. Qual é o cavalo e o que há dentro dele?
Schwartz:
O cavalo era uma novela noturna brilhante na tradição de "Barrados no Baile", com biquínis, fogueiras e brigas em galas. Os soldados dentro eram nossos personagens. Fomos inspirados, como Stephanie disse, pelos filmes de John Hughes e por "Minha Vida de Cão" ou "Freaks and Geeks" —séries de TV amadas e de curta duração que eram muito sinceras e tinham um ótimo humor.

Vocês sentiram que conseguiram isso?
Schwartz: Os primeiros oito episódios foram uma perfeita destilação desse cavalo de Troia. Aquilo foi o cavalo rompendo os portões. Nós estávamos dentro!
Savage: Aquela foi uma corrida realmente divertida. O programa estreou no verão, o que foi muito incomum. Fizemos aqueles episódios sem nenhum feedback vindo do mundo exterior. Estávamos fazendo-os em uma bolha, o que foi uma experiência realmente libertadora e gratificante.

A série era uma comédia? Um drama? Uma novela adolescente?
Schwartz: Em algum momento, estávamos chamando de "soapedy" [mistura das palavras novela e comédia em inglês]. Não tenho certeza se pegou.

Quando vocês escalaram os atores mais jovens, sabiam que isso mudaria suas vidas?
Savage: Não. Você espera que seu programa seja bem-sucedido o suficiente para permanecer no ar e satisfazer o público, além de ser uma boa experiência criativa. Você simplesmente não tem ideia de quão grande um programa pode ser e o que a fama significará. Era uma era antes das redes sociais, felizmente, mas era uma era de muitos paparazzi. Mischa era uma das jovens mulheres perseguidas por fotógrafos e tratadas de forma desagradável por blogueiros online. A fama atingiu de uma maneira que teria sido muito difícil de prever para qualquer pessoa.

Existe algo que você faz agora para preparar ou proteger atores mais jovens?
Savage: Em nossos programas subsequentes a "The O.C.", conseguimos ter conversas agradáveis sobre coisas que eles poderiam esperar que acontecessem no futuro e sobre como se comportar diante dessa tempestade. Mas na época, estávamos realmente sem noção.
Schwartz: Nosso conselho número um desde "The O.C." é: fique longe da internet. Obviamente, com o surgimento das redes sociais, isso se tornou um desafio. Mas sempre tentamos alertar as pessoas: "Não leia o que as pessoas estão escrevendo sobre o programa enquanto você está fazendo". Apenas confie no trabalho que você está fazendo. É um conselho que não podemos seguir nós mesmos.
Savage: Exatamente: fique longe da internet. Seja gentil com a equipe. Durma bastante.

Vocês tiveram uma primeira temporada forte e uma segunda temporada que em sua maioria foi bem-sucedida. E então o que aconteceu?
Schwartz: Quando chegamos à terceira temporada, havia vários fatores em jogo. Eu estava esgotado. Steph provavelmente sente o mesmo. Tínhamos esgotado muitas histórias e estávamos desafiados a continuar criando novas histórias. Muitos de nossos personagens deixaram o programa —isso também foi culpa nossa. E alguns dos outros atores estavam prontos para o próximo nível, ofertas de filmes ou algo assim. Então, havia frustração. As audiências inevitavelmente começaram a diminuir; as pessoas tentaram consertar isso. Às vezes, você pode deixar as coisas fervendo por tempo demais e acabar cozinhando demais a história. Perdemos nosso senso de ironia, nosso senso de diversão. Nos tornamos o tipo de melodrama que teríamos zombado na primeira temporada.

Se vocês tivessem que fazer tudo de novo, ainda matariam a Marissa?
Schwartz: Havia uma minoria vocal online que estava frustrada com a história da Marissa. Isso, juntamente com muita pressão da emissora para matar um personagem principal como forma de aumentar a audiência, levou à decisão de matar a Marissa. Na noite em que o episódio foi ao ar, ouvimos de uma outra parcela do público que amava o programa, assistia todas as semanas e não sentia a necessidade de entrar em um fórum para analisá-lo. Para muitas pessoas, Marissa era a personagem pela qual elas estavam assistindo, Mischa era a atriz que elas achavam mais empolgante e Ryan e Marissa eram o casal final. Nós violamos isso de uma só vez. Agora faz parte do legado do programa. Tivemos que aceitar isso. Isso não nos impediu de matar outras jovens mulheres em outros programas que fizemos.

Vocês não aprenderam nada?
Schwartz: Não aprendemos. Mas aqui estamos nós: 20 anos depois, as pessoas ainda querem falar conosco sobre o programa. O legado agora parece muito seguro para nós, e podemos apreciá-lo.

Vocês veem a influência de "The O.C." em programas subsequentes?
Schwartz: "Laguna Beach: The Real Orange County" foi um resultado do programa, que então levou a "The Real Housewives of Orange County", que agora gerou uma franquia inteira, da qual deveríamos ter previsto e obtido uma parte.
Savage: Marc Cherry nos disse que ele não acha que teria sido capaz de fazer "Desperate Housewives" se não fosse pelo sucesso de "The O.C.", nesse sentido de fazer algo com muito humor e personalidade.

Quase todos os seus projetos subsequentes são sobre adolescentes e jovens adultos, e "Quem é Você, Alasca?" e "Cidade em Chamas" se passam no mesmo período de tempo que "The O.C.". Vocês ficaram um pouco presos?
Schwartz: Amamos histórias de amadurecimento. A moda muda, a tecnologia muda, o vocabulário muda, mas emocionalmente, elas são verdadeiramente universais. Quando você faz algo para um público dessa idade, eles amam isso para sempre e amam profundamente. É apenas um momento realmente empolgante. Tudo é intensificado. Tudo parece uma questão de vida ou morte e, às vezes, é. E provavelmente ainda estamos trabalhando subconscientemente em algumas [palavrão].

Como vocês se sentem em relação a "The O.C." agora?
Schwartz: Gratos e orgulhosos. O que soa simplista, mas foi uma jornada de 20 anos para chegar lá.

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