Mulheres respondonas: a nova onda do showbiz brasileiro
Na quarta-feira passada (30), o vereador carioca Otoni de Paula Jr. (PSC) postou um textão em seu perfil no Facebook atacando Anitta. A agressividade começava já no título: "Cantora ou garota de programa?".
A resposta veio dois dias depois. Na própria página de Otoni, Anitta rebateu as acusações de que estaria pervertendo a juventude. Ainda chamou o político na chincha, inquirindo-o sobre os reais problemas do país. A repercussão foi tão grande que Otoni de Paula Jr. pediu desculpas públicas por ter insinuado que Anitta seria prostituta.
O vereador foi a mais recente "vítima" de uma onda que está se alastrando pelo showbiz brasileiro: as mulheres respondonas. Cantoras, atrizes e apresentadoras não estão mais dispostas a aguentar quietas ofensas e gracinhas, venham de onde vierem.
Outro exemplo recente do fenômeno foi o embate entre Fernanda Lima e Silvio Santos. Não é de hoje que o dono do SBT solta impropérios contra mulheres em seu programa dominical, sempre com um sorrisão nos lábios.
Mas a apresentadora do "Amor e Sexo" (Globo) não se conteve quando ele disse que com essas pernas finas e essa cara de gripe, com ela não teria nem amor nem sexo. "Silvio, por que não te calas?", indagou Fernanda em entrevista ao "Pânico" (Band).
Desde então, a polêmica só cresceu. Primeiro Silvio retrucou, às gargalhadas, que não se calaria, e sua filha Patricia Abravanel disse que esse tipo de controvérsia lhe dava "preguiça".
Fernanda não se deu por vencida. Reproduziu em suas redes sociais parte do texto que a jormalista Milly Lacombe publicou na Folha, criticando a atitude de Silvio Santos. Imediatamente, recebeu o apoio público de atrizes como Camila Pitanga, Letícia Sabatella e Fabíula Nascimento.
Alguns dias depois, Fernanda escreveu um texto de seu próprio punho. Disse, entre outras coisas, que "o corpo da mulher não é público". E, mais uma vez, foi mais aplaudida do que criticada.
O fato é que nem contratadas do SBT têm se mantido quietas diante das indelicadezas do patrão. Maisa Silva reclamou da maneira como foi tratada durante o "Jogo das 3 Pistas", quando o apresentador tentou forçar um namoro entre ela e Dudu Camargo. E até Patricia Abravanel chamou o pai de "véio tarado" no ar, depois que ele comentou uma foto da apresentadora Lívia Andrade de biquíni.
Ou seja: não são episódios isolados. A mulherada está mais unida do que nunca, como se viu na reação à soltura do "ejaculador da Paulista" na semana passada. As famosas foram em peso à internet criticar a atitude do juiz paulistano (e ainda tiveram a solidariedade de muitos homens, como Juliano Cazarré).
Mulheres respondonas não são novidade na cultura brasileira. A atriz Leila Diniz (1945-1972) não tinha papas na língua e chocou a sociedade de sua época - ainda mais careta que a atual. Mas também abriu caminho para coisas que hoje são corriqueiras, como grávidas que exibem o barrigão na praia.
Só que agora elas estão por todo lado. Foram galvanizadas pelo episódio que envolveu o ator José Mayer e a figurinista Susllem Tonani, em abril passado, que gerou o movimento #MexeuComUmaMexeuComTodas.
E não, as respondonas não estão querendo aparecer. Só querem uma coisa: respeito. Enquanto não conseguirem, não vão ficar caladas.
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