O ator Paulo Betti, que vive o blogueiro Téo Pereira em "Império" (Globo), foi o convidado para o café da manhã no "Mais Você" desta quinta-feira (4).

Pouco antes de recebê-lo, a apresentadora Ana Maria Braga mostrava uma matéria sobre o trabalho de maquiar cadáveres (tanatopraxista), e lembrou da personagem Darlene de Marília Pêra em "Pé Na Cova". Só que não veio Marília na cabeça da apresentadora, veio Natália..."É a profissão do personagem da Natália... A Natália Pêra", afirmou Ana Maria. Logo depois corrigiu, provavelmente avisada pela produção.

Ela ainda tinha que anunciar o seu convidado. Então, com muita animação, a dama das manhãs chamou em alto e bom som o seu querido José Mayer. Só que era Paulo Betti quem esperava para ser anunciado. Acorda, menina!!!

"Eu sou uma mira nesse negócio de blogs de fofocas", explica Ana Maria para Paulo Betti. "Porque eu sou uma pessoa assim...Eu vivo no mundo da lua. E você e o José Mayer se parecem muito!" (?). "Vocês estão contracenando de uma forma brilhante, é uma delícia vê-los!", saiu a loura pela tangente.

"Mais surpreendente ainda é você fazer essa caracterização! Você já foi de tudo um pouco —já fez 32 filmes e 26 novelas... Era uma coisa inesperada, para quem te conhece. Como foi montar essa figura?", perguntou Ana Maria. "É muito grave para o homem essa questão", respondeu Betti. "Tem que ser macho!", solta Ana. "Desde criança você tem essa história aqui na orelha", concorda o ator. "É uma questão íntima também. Quando você é garoto, você tem amigos que escolheram (?) esse outro lado. É uma questão grave".

Quanto à criação do personagem e à repercussão do mesmo, Paulo declarou: "Eu sinto que o personagem mexe muito com as pessoas. Essa questão mexe muito com as pessoas. Então, eu procurei me informar um pouco, mas na realidade eu fiz eu mesmo, quer dizer: eu tirei de dentro de mim! Porque a gente tem dentro de nós. Todo o homem tem esse veado dentro de si", afirmou o ator.

Quanto às cobranças referentes ao resultado da realização do trabalho, Betti argumenta: "Tem muito entendido nessa área. Todo o brasileiro sabe como escalar o time da seleção brasileira e todo o brasileiro sabe como é fazer um personagem gay. Se é para fazer mais ou menos, se você exagera, se você é caricato demais. É gostoso, é muito bom fazer o papel da bicha louca, mas ao mesmo tempo tem muito especialista na área, muito entendido!", desabafa o ator.

Quanto ao colega José Mayer, que vive o seu desafeto Cláudio em "Império", Paulo Betti é só elogios: "Eu tenho um grande respeito pelo trabalho do José Mayer, porque ele é um ator econômico. A gente gosta de fazer o oposto, eu já curto criar um tipo. O Mayer não, ele trabalha de um jeito mais naturalista".

Se o próprio autor Aguinaldo Silva já saiu em defesa da performance do ator em seu inverossímil Téo Pereira; se Paulo Betti, ator e diretor experiente, dono de um respeitável currículo, está acreditando no tipo e queixa-se do excesso de "especialistas na área" —só nos resta concordar com a bela e doce Julieta de William Shakespeare, quando diz: "o que não tem remédio, remediado está".

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"