O ano em que o Pinguim ganhou do Coringa
Enquanto a série do primeiro foi aclamada, o novo filme do segundo foi um retumbante fracasso. E nenhum dos dois precisou do Batman
Coitado do Batman. Finalmente o mundo entendeu que ele é o cidadão mais sem graça de Gotham City, e nunca mereceu ser protagonista de nada. Este ano, nem o Coringa nem o Pinguim precisaram dele em suas histórias. Os dois são sem dúvida os vilões mais carismáticos do universo do Homem-Morcego. E pelo menos em 2024, foi o Pinguim quem levou a melhor.
"Pinguim", a série da Max, poderia ter saído da mente de Martin Scorsese, diretor de "Os Bons Companheiros" e "Cassino". Colin Farrell brilha como Oswald Cobblepot, ou só Oz, que começa a vida como simples motorista de uma família mafiosa de Gotham, os Falcone, e consegue subir na escalada do poder graças a um coquetel eficaz de astúcia e muita violência.
A série dá sequência ao Pinguim que foi mostrado no último filme do Batman, de 2022, e promete fazer uma ponte com o que o próximo filme trará em 2026. Mal dá pra reconhecer Farrel embaixo de tanta prótese, no rosto e na barriga.
Pinguim DeNiro
Scorsese vem à mente o tempo todo porque seu Oz é uma grande homenagem a Robert DeNiro, em seu jeito sorrateiro de atuar, a voz rouca —e a figura do Pinguim lembra o Jake LaMotta decadente do final de "Touro Indomável" (1980). Em entrevistas, os produtores também dizem que a "homenagem" foi ao produtor Harvey Weinstein, preso por abuso sexual.
"Pinguim", a série, também brilha numa área inesperada para uma história passada em Gotham City: o empoderamento feminino. Sofia Falcone (Cristin Milioti), a filha do clã de mafiosos para o qual o Pinguim trabalha, começa a história saindo do sanatório Arkham —o mesmo que já teve o Coringa e o Charada entre seus hóspedes.
Sofia ficou conhecida como a Carrasca, por enforcar várias mulheres jovens. Numa atuação impecável de Milioti, é a personagem que mais vai ter reviravoltas ao longo da série e, quando menos se espera, estamos torcendo por ela.
Palhaço dançante
Por falar em Manicômio Arkham, é lá que estão internados Arthur Fleck e Harley Quinn, ou Coringa e Arlequina, no filme "Coringa: Delírio a Dois", sequência do filme de 2019 que já trazia Joaquin Phoenix longe do Batman. O primeiro filme foi aclamadíssimo, venceu o Leão de Ouro em Veneza e o Oscar para Joaquin Phoenix.
Já o novo transformou-se em uma das grandes decepções do ano. Havia projeções de que o filme pudesse fazer US$ 145 milhões de bilheteria só nos EUA, mas ficou em pífios US$ 58 milhões por lá. O boca a boca foi o pior possível: queda de 81% da primeira para a segunda semana em cartaz, a maior da história para um filme da DC.
Entre muitas explicações, uma foi mais aventada: os fãs do Coringa não curtiram ou nem se interessaram em ver o vilão num filme musical, e que ainda por cima tirou o humor da Arlequina.
Nessa briga de 2024, me deu saudades do Tim Burton, que fez essa rivalidade empatar lá na virada dos anos 80 para os 90. É impossível escolher entre o Coringa de Jack Nicholson e o Pinguim de Danny DeVito. Eram atores gigantes da época em que os filmes da DC eram sinônimo de sucesso garantido.
Pinguim Série em oito episódios na Max
Coringa: Delírio a Dois Disponível para compra nas plataformas digitais
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