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Televisão

Igrejas evangélicas diminuem investimentos na TV aberta e miram web para atrair novos fiéis

Pentecostais deixam de pagar cifras milionárias para aparecerem nas maiores redes de TV

Edir Macedo, líder da Igreja Universal e dono da Record - Danilo Verpa - 8.jul.2017/Folhapress
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Antiga mina de ouro para as grandes redes de TV, as igrejas evangélicas pentecostais deixaram de ver a TV aberta como um bom negócio. Das cinco principais delas, apenas a Igreja Universal do Reino de Deus está nas quatro maiores redes do país.

Mesmo nas TVs menores, como RedeTV!, TV Gazeta, CNT e Rede 21, os contratos com as igrejas grandes rarearam. Atualmente, apenas as que estão em crescimento, e que precisam de uma TV para ter exposição, procuram acordos financeiros.

É o caso da Igreja Unida Deus Proverá, fundada em janeiro deste ano, e que comprou no fim do mês passado duas horas da programação matinal da Band. Desde a última segunda-feira (30), a Igreja produz o programa Desperta Brasil, que mistura pregação, notícias e fofocas de celebridades.

Em 2013, segundo levantamento feito à época pelo MPF (Ministério Público Federal), os evangélicos investiam cerca de R$ 1,3 bilhão em compra de horários da televisão. A quantia não passa de R$ 1 bilhão atualmente. É uma queda de 24% nos investimentos.

O valor, no entanto, é muito inflacionado especialmente pelo que a Igreja Universal injeta para exibir programas na Record, segunda emissora em audiência do país e que tem Edir Macedo como proprietário.

Segundo o balanço financeiro de 2022 publicado pela Record, como manda a lei empresarial de São Paulo, a Igreja Universal colocou R$ 907 milhões na emissora, 10% a mais do que os R$ 822 milhões de 2021.

O dinheiro serviu para conter uma crise financeira que a Record vive, e que causou demissões na empresa neste ano. A estimativa é que a Igreja coloque menos dinheiro em 2023 após os cortes de gastos.

Em outras TVs, porém, a IURD renegociou seus vínculos. Com a RedeTV!, onde ocupa três horas da programação atualmente, a Universal conseguiu uma redução de valores sem diminuição de espaço em renegociação feita no ano passado.

Já com a TV Gazeta de São Paulo, onde ocupa 13 horas da programação, a IURD topou reajustar o valor para R$ 15 milhões, desde que ocupasse quatro horas do horário nobre.

Além destes, em cerca de 90% dos contratos que a Universal mantém com veículos no Brasil, seja de TV ou em rádio, a Igreja conseguiu reduzir os valores, ou conseguiu um aumento de programação mediante o mesmo montante pago.

O F5 procurou a Universal e alguns de seus representantes para comentarem o assunto, mas a Igreja disse que não comenta detalhes contratuais com as TVs.

Fora da Igreja Universal, contratos ficaram raros

Fora da Universal, os valores praticados são bem menores. Para não perderem dinheiro, elas adotaram novos critérios para compra de horários. Agora, as igrejas exigem uma cobertura mínima em grandes capitais, principalmente São Paulo e Rio de Janeiro, e um investimento constante em aumento de penetração pelo país.

Quem não tem pelo menos 60% de entrada nas televisões do país é limado. Foi o caso da nanica Rede NGT, que deixou de atrair grandes redes e passou a vender para igrejas de bairros, mesmo presente nas maiores capitais.

Já a Igreja Internacional da Graça de Deus, de R.R. Soares; a Mundial do Poder de Deus, de Valdemiro Santiago; e a Igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo, de Silas Malafaia, simplesmente decidiram migrar suas forças para a internet.

R.R. Soares mantém contratos apenas com a RedeTV!, onde paga R$ 2,5 milhões para ocupar parte da manhã e uma hora no horário nobre da emissora.

Malafaia deixou de vez a TV e o seu programa Vitória em Cristo, apresentado desde os anos 1990, saiu do ar. Já a Mundial ainda mantém contratos com TVs menores e a Rede Mundial, canal aberto exclusivo com concessões em várias capitais.

Seu foco hoje é na internet. Denis Munhoz, ex-executivo da Record e RedeTV!, e que hoje é um dos representantes da Igreja Mundial nos Estados Unidos, comenta que é mais vantajoso investir na internet em vez de pagar milhões por horários na TV.

"Eu tenho 30 anos de televisão, fui presidente da Record e superintendente de RedeTV!, fechei alguns contratos. As grandes igrejas sempre foram dependentes da TV aberta porque não tinham outra opção. Até cinco anos atrás era assim. E era no preço que a TV queria, e a Igreja não tinha para onde correr", afirma.

"As coisas mudaram drasticamente. As igrejas notaram que o valor pago era muito elevado. Com a internet, deu uma nova estrada. Ainda não é o mesmo alcance da TV aberta, mas com a internet dá para tocar. E os custos de manutenção da internet são bem mais baixos. O Valdemiro Santiago já tem mais de 300 mil seguidores em um canal no YouTube. Dez anos atrás, para atingir isso, você pagava uma fortuna", conclui Munhoz.

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