Encurtada, 'Malhação' terá final narrada por protagonistas e conversa sobre coronavírus
Autor fez adaptações para antecipar em cerca de 15 capítulos o desfecho
Autor fez adaptações para antecipar em cerca de 15 capítulos o desfecho
A pandemia do novo coronavírus tem causado mudanças em todas as produções da TV e, na Globo, a dramaturgia foi uma das áreas mais afetadas. Pela impossibilidade de continuar com as gravações, autores, diretores e atores resolveram que era preciso criar estratégias para as tramas.
E para "Malhação: Toda Forma de Amar", o autor Emanuel Jacobina, o supervisor artístico Carlos Araújo, e o diretor artístico Adriano Melo, tiveram de fazer adaptações para antecipar em cerca de 15 capítulos o fim da novela. A história termina nesta sexta-feira (3).
No último episódio, os protagonistas Pedro Novaes (Filipe) e Alanis Guillen (Rita) vão narrar o desfecho das histórias de cada personagem da trama, além de abordarem questões de saúde pública na narrativa –tema presente neste momento de quarentena.
"Levei o assunto do coronavírus para dentro da história. Rita e Filipe andam pela cidade cenográfica completamente deserta e conversam abertamente sobre o efeito da pandemia com o público", diz Jacobina.
O autor conta como foi receber a notícia de que não haveria mais condições de gravar. "A Globo me pediu para sintetizar a história e eu fiz isso da melhor maneira possível no pouco tempo disponível. A direção da emissora estava coberta de razão de encerrar as gravações o quanto antes. Eu mesmo tive dificuldade de aceitar isso, mas compreendi que a vida de qualquer pessoa é mais importante do que qualquer história."
Para Jacobina, os finais adaptados, sem beijos e sem contato físico, serão condizentes e deixarão o público satisfeito. Apesar de ser encurtada nesta reta final, "Malhação: Toda Forma de Amar" encerra com bom índice de audiência, especialmente nessas duas últimas semanas quando a novela obteve seus melhores índices.
Dados do Kantar Ibope mostram que a trama marcou 21 pontos em São Paulo (cada ponto equivale a ceca de 75 mil domicílios) e 25 pontos no Rio de Janeiro, no qual cada ponto corresponde a 47,5 mil domicílios. A média geral é de 18 pontos em São Paulo e de 21 no Rio, índices que superam os números da temporada anterior "Malhação: Vidas Brasileiras" (2018-2019), terminou com 17 pontos.
"Felizmente correu tudo muito bem, nós tivemos sucesso de audiência e de crítica e eu pude experimentar uma abordagem mais adulta, ou melhor, uma abordagem sobre a vida de jovens mais velhos do que habitualmente faço em ‘Malhação’. Acho que agradou bastante ao público", diz Jacobina.
Ser protagonista em uma novela é de extrema responsabilidade para os atores, pois a trama narrativa é desenvolvida em cima do personagem. Nesta temporada, Alanis Guillen (Rita) e Pedro Novaes (Filipe) foram o casal protagonisa de "Malhação" e coube à dupla encerrar a novela de uma forma diferente.
"Rita e Filipe se reencontram e conversam sobre os últimos acontecimentos, uma forma digníssima que o autor encontrou de contar a todos tudo o que não tivemos tempo de mostrar, por esse motivo [pandemia] que paralisou o mundo todo", explica Alanis.
A atriz diz que ambos os atores, estreantes em novelas, ficaram muito felizes pela confiança de Emanuel Jacobina em dar a eles a condução da narrativa final da novela. "Foi uma situação completamente atípica, ao mesmo tempo em que estávamos tristes com os fatos e todo esse cenário, foi muito importante finalizar essa história."
O final dos dois personagens, diz a atriz, será regado de esperanças de um futuro de calmaria e conquistas positivas. "A novela foi transformadora. Foi talvez o ano em que mais aprendi sobre desafios. Levo comigo a gratidão por tudo o que vivi."
Filho de Letícia Spiller com Marcello Novaes, Pedro Novaes diz que houve uma união ainda intensa com o restante do elenco por causa das mudanças pelo novo coronavírus. "Ficou lindo [final da história]. Vamos juntar nossas forças para transmitir o recado dos corações de todos. Todos gostariam de contar suas tramas, mas tudo isso nos uniu ainda mais. Vamos ter um reencontro quando tudo isso [pandemia do coronavírus] acabar. Toda a equipe ficou mais conectada."
"Serão desfechos com um ar de coisas boas. Tudo o que o público espera vai acontecer. Serão finais que aliviarão toda a angústia. Todos ficarão felizes", completa.
Nesta reta final, o público tem acompanhado o desfecho das tramas mais importantes, a começar com a do próprio casal de protagonistas, Filipe e Rita. A jovem, que passou boa parte da trama sequestrada, finalmente vai descobrir que Rui (Romulo Arantes Neto) é o grande vilão e mandante do crime.
"O culpado é alguém envolvido com a milícia, com o tráfico de drogas e com todo tipo de bandidagem", diz Jacobina, ao mencionar que, devido às restrições para as gravações finais, "vamos usar recursos como o som de sirene sendo ouvido por Rita de dentro de seu cativeiro." "Um thriller policial que nos levará ao cativeiro de Rita", completa.
Marco (Julio Machado) volta a viver com Carla (Mariana Santos) e os filhos. O major, que se infiltrou na bandidagem para apurar o sequestro de Rita, mosta que não é uma pessoa ruim e retornará à ativa, mas continuará às brigas com a esposa como de costume.
A guarda de Nina será compartilhada entre Rita, a mãe biológica, e Lígia (Paloma Duarte), a mãe adotiva. Anjinha (Caroline Dallarosa) e Cleber (Gabriel Santana), o casal mais adorado do público nas redes sociais, terminará junto e feliz.
"Malhação: Toda Forma de Amar" abordou temas, como adoção, racismo, deficiência auditiva, violência urbana e homofobia que são cada vez mais debatidos pelo público jovem. E a personagem Jaqueline (Gabz) esteve envolvida em quase todas as causas defendidas na história.
"Foi uma grande responsabilidade assumir um papel como o da Jaqueline. Ela muda estruturas, defende muita coisa pelo que representa, como jovem negra e de periferia. Acredito que, com as atitudes e sua autoestima, ajudou muitas meninas na mesma situação a se amarem mais. Vi muita repercussão positiva sobre a Jaqueline nas ruas e nas redes sociais", diz a atriz.
Já a personagem Nanda (Gabriella Mustafá) trouxe à tona temas como a luta contra a síndrome do pânico. "Sinto que consegui chegar em muitas pessoas através dos dilemas da Nanda. Nos últimos capítulos, ela vem lutando para ser aceita como é, uma garota alegre e autêntica."
A personagem Meg (Giulia Bertolli) passou por uma gravidez precoce, foi renegada pelos pais e quase morreu em um acidente de ônibus com o bebê no ventre. "Torço para que Meg consiga se acertar com os pais e que tenha uma vida de harmonia. Que o amor seja o sentimento que permaneça em todo o núcleo."
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