Lucas Buda do BBB 24 mostra que para ser adúltero tem que ser discreto
Brother expôs companheira ao se declarar para Pitel de um jeito que nem Chico Moedas fez
Esta coluna reporta direto do mundo da monogamia, onde casais são nucleares e devem ser fieis até em pensamento à pessoa amada –ou à odiada, afinal, nesse arranjo, odiar seu cônjuge tudo bem, mas trair, jamais! Lucas Buda, participante do BBB 24 e monogâmico não-praticante, está se derretendo por Pitel. Entendo ele! Quem não se encanta por Pitel está morto por dentro. A questão toda é que ele está sendo um mala. Não, não, a questão mesmo é que ele é casado. Ou melhor, era. Ele não sabe, mas já está solteiro. Sua agora ex-esposa terminou o relacionamento depois que ele se declarou para alagoana mais charmosa do Brasil.
A agora ex não gostou nada de ver o marido de pés dados com outra mulher, tampouco de vê-lo falar que está sentindo algo que não pensava que fosse sentir, nem de observar os olhares deslumbrados que Buda direciona a Pitel. Compreensível. Com o poder que a cornitude tem de engajar afetos, ela conquistou 1,8 milhão de seguidores no Instagram (até o último dia 6), mais do que os mirrados 147 mil do agora ex-marido.
A moça não perdeu tempo. Já está fazendo propaganda de jogos para celular e sites de apostas duvidosos nos stories, onde também reclama de ter sido enganada (ou quase) por um feio (coisa que só passou a incomodá-la agora). Nelson Rodrigues, em uma crônica de 1968 chamada "Os Idiotas Confessos", era saudoso de uma época passada em que os burros se reconheciam como tal. Nela, ele diz:
"No passado, o marido era o último a saber. Sabiam os vizinhos, os credores, os familiares, os conhecidos e os desconhecidos. Só ele, marido, era obtusamente cego para o óbvio ululante. Sim, o traído ia para as esquinas, botecos e retretas gabar a infiel: 'Uma santa! Uma santa!'. Mas o tempo passou. Hoje dá-se o inverso. O primeiro a saber é o marido."
E, hoje, 56 anos depois das palavras de Nelson, a traída, que não chegou a ser traída ainda, sabe tão de antemão que é corna que nem corna chega a ser. Veja bem que situação paradoxal. Buda estava casado e se declarou para Pitel, que mandou um "a gente vai se falando". Ele não chegou a cometer a traição de fato, mas deixou bem claro que a cometeria se tivesse chance. Sua esposa, que ainda não tinha sido corna, deu um pé na bunda nele sem que ele saiba e, portanto, o chifre não se consumou. Agora Buda está solteiro, mesmo que desconheça seu próprio estado civil. Então, se ele e Pitel (que tem um relacionamento aberto fora da casa) ficarem, Buda não estará traindo ninguém, ainda que ache que está. Confusões que só a era da hiperexposição pode trazer pra você.
E é na hiperexposição que está o problema. Se o flerte não tivesse acontecido diante de sei lá quantas câmeras ligadas o dia todo, nada teria alcançado essas cifras. O que levou algumas pessoas a se questionarem: mas será que é tão imperdoável assim, tendo em vista que nada foi consumado?
Eu, que tenho hiperfoco em algumas coisas, não consegui deixar de comparar os casos de Lucas Buda não pegando Pitel enquanto era casado (por falta de chance) com Chico Moedas traindo Luísa Sonza no banheiro do Galeto Sats.
Perguntei em meu Twitter, em uma enquete carente de métodos científicos e com amostra enviesada, o que era pior: flertar em rede nacional ou transar no bar? O resultado foi 70% e 30%, respectivamente, mostrando que parte significativa da dor de corno nem tem tanto a ver com a ideia de seu amado roçando a calabresa no galeto alheio, e sim com o enxovalho e a humilhação públicos. Lembrando que Chico foi até discreto —quem explanou o chifre para o Brasil inteiro foi Luísa.
Entendo e concordo com o resultado. Se meu namorado e eu estivéssemos num relacionamento monogâmico e ele chegasse dizendo que se passou no chope e deu umazinha, eu ia ficar bem brava, sim, e talvez fizesse o mesmo com ele para igualar o placar em uma nada saudável (porém talvez excitante) competição que esse sistema de afetos estimula. Agora se ele passeasse de mãos dadas com outra na frente de vários dos nossos conhecidos ou, pior, entrasse num reality show e passasse o dia dizendo que tá com tesão na coleguinha enquanto pede para que eu, do lado de fora, não esqueça de pagar seu cartão de crédito, não haveria música da Adriana Calcanhotto capaz de representar meu ódio.
Ah, sim, para quem se pergunta, eu continuo achando Chico Moedas uma graça, e se ele quiser me levar pra comer um contrafilé com chope no Sats e depois dar uma passadinha no banheiro é só dar um alô! Foi boy lixo? Sim, mas eu não quero casar e nem compor uma canção (ainda que nada garanta que eu não faça as duas coisas), eu só quero ir ao banheiro!
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