'Renascer' ensina fundamentos do beijo para todo mundo ser feliz no Carnaval
Lábios, língua e dentes são elementos do beijo, e Humberto Carrão parece proficiente nos três
Um bom beijo na boca é patrimônio nacional, assim como o samba, banho com sabonete em barra e urnas eletrônicas (e quem não gosta é mau-caráter). Mas não devemos considerar que um bom beijo é algo que brota do nada sem precisar de prática. É preciso falar sobre os elementos que compõe um beijo e graças a Nossa Senhora do Bom Carnaval, Humberto Carrão existe.
Ele viveu o jovem José Inocêncio no remake da novela "Renascer" e, junto com Duda Santos, atriz que interpretou Maria Santa, protagonizou uma belíssima cena de pegação. Foi um beijo tão tecnicamente perfeito que nem parecia técnico. Por conta disso, concedo à dupla uma cátedra de Fundamentos do Beijo de Língua na distinta Fuderj. Abaixo, algumas lições.
Fundamento 1 – Consentimento: elemento básico da vida em sociedade, você só pode beijar quem quer beijar você. "Roubar um beijo" é, sim, violência sexual. É comum que o consentimento para um beijo venha por meio de uma trocar de olhares, toques autorizados, aproximação mútua, sorrisos. A famosa linguagem corporal. Mas nem todo mundo entende essas deixas. Para evitar mal entendidos é só PERGUNTAR. Um singelo "posso te beijar"? não quebra o clima e é melhor do que arriscar e ultrapassar os limites de alguém.
Fundamento 2 – Lábios: selinho é aquele beijinho em que os lábios formam um bico, se encostam e fazem "smack". Mas, no beijo de língua, eles precisam estar entreabertos o suficiente para que duas línguas se rocem. Na cena de "Renascer", os dois atores mostram boa sincronia de abertura e encaixe labial (além de lindas bocas).
Fundamento 3 – Língua: é o fundamento mais complexo porque os gostos variam muito. Algumas pessoas não gostam de usar a língua. Para mim, beijo de boca oca é péssimo, mas vá que encaixe com alguém. Outras, preferem enfiar a língua o mais próximo possível da úvula do parceiro. Prefiro beijos em que a língua está presente e se movendo, mas sem ir tão longe. Há quem curta beijo com língua dura, quem se encante por beijos de língua mole. Os movimentos e a velocidade também podem variar, sendo horizontais, circulares, lentos, acelerados. Isso tudo os beijantes descobrem e se adaptam (ou não) a partir do momento que as bocas se grudam. Saber que existem tantas variações permite muitas possibilidades para explorar diferentes formas de beijar. O beijo de José Inocêncio e Maria Santa encontrou a média de profundidade, velocidade e variações de movimento. Como eu sei, se não havia uma câmera dentro da boca deles? Ora, eu não sei, mas eu SINTO, e sentimentos importam quando escrevo uma crônica!
Fundamento 4 – Dentes: aqui temos uma polêmica, porque muita gente acha que dentes têm que ficar totalmente fora do processo de um beijo. Nesse caso, o lance é abrir a boca o suficiente para as línguas entrelaçarem e proteger os dentes sob os lábios. Há, no entanto, quem goste de beijar como uma lampreia, peixe com farta dentadura que usa para sugar todos os tecidos de sua presa. São aqueles beijos que você sente o tempo todo uma arcada dentária no entorno dos seus lábios.
Francamente acho horrível, mas toda lampreia pode encontrar seu lampreio e os dois serem felizes! Ou, se você achar que vale a pena, você pode tentar avisar que tem dente demais ou dente de menos para o seu gosto. Não existe nenhuma garantia de que o outro lado vá entender o que você quer dizer, mas vai que, né? Agora, umas mordidinhas eu adoro, tanto dar quanto receber, aquela leve e breve, no lábio inferior, que Humberto Carrão aplicou com precisão. Adiciona camadas de tesão e a promessa de uma pegada boa.
Com todo esse conteúdo em mente, você, que gosta de Carnaval e sempre quis sair beijando todo mundo no bloco como uma metralhadora giratória, mas nunca teve coragem, tem a oportunidade de não só começar, mas começar testando várias formas diferentes. Já eu tenho farta experiência em lamber corrimão e estarei no Rio de Janeiro. Quem sabe, com sorte, esbarro com Humberto Carrão por aí, nem que seja para ficar olhando e suspirando.
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