O que iremos ver na TV no segundo semestre?
Pandemia adia indefinidamente as gravações, e mais reprises estão a caminho
Uma informação não confirmada pela Globo começou a circular na internet esta semana: quando a edição especial de "Fina Estampa" terminar, no final de julho, a emissora irá reprisar "Amor à Vida" na faixa das 21 horas. "Amor de Mãe", que foi interrompida no final de março, só voltará ao ar em 2021.
É um cenário desalentador, mas cada vez mais possível. Se a pandemia não arrefecer nas próximas semanas –e nada indica que irá– as gravações de conteúdo inédito de todas as emissoras de TV continuarão suspensas por tempo indeterminado.
Isto também pode acontecer nos Estados Unidos, que têm a maior indústria de entretenimento do mundo. A TV aberta de lá trabalha em um esquema muito mais rígido que o nosso: as temporadas começam em setembro, coincidindo com o início do ano letivo, e acabam em maio, antes das férias de verão.
O coronavírus fez com que séries como "The Walking Dead" e "Grey’s Anatomy" saíssem do ar abruptamente, sem um episódio que concluísse suas safras atuais de maneira satisfatória. Outras deram ainda mais azar: a última temporada de "Empire" teve dois episódios a menos do que o previsto.
Muitas novas atrações que estreariam no outono de lá foram adiadas para janeiro de 2021. Garantidas, mesmo, praticamente só séries em animação como "Os Simpsons", que não dependem de uma equipe grande se aglomerando em um estúdio.
Até os canais a cabo sentem a pressão. A HBO adiou de maio para o final do ano a estreia da minissérie "The Undoing", com Nicole Kidman e Hugh Grant. O programa já está pronto, mas a emissora ficou com medo de não ter material inédito para oferecer a seus assinantes no segundo semestre.
Aqui no Brasil, a Globo é, de longe, quem está na posição mais confortável. Não é só o acervo gigantesco que garante que sua grade não terá buracos. A plataforma Globoplay conta com várias séries nacionais ainda inéditas na TV aberta, como "Ilha de Ferro", "A Divisão" e "Arcanjo Renegado". Uma delas provavelmente entrará no lugar de "Aruanas", cuja exibição nas noites de terça termina daqui a um mês e meio.
As outras emissoras estão se virando como podem. O SBT deve reeditar e esticar o material que já tem gravado de "As Aventuras de Poliana" até a próxima década, mas a emissora foi atingida em cheio em seu ponto mais forte: os programas de auditório. A Record também não sabe se conseguirá gravar realities como "A Fazenda" ou "Power Couple", que são carros-chefes de sua programação. RedeTV! e Band vão se apoiar em infomercials, sorteios, filmes e... reprises.
A solução mais popular, até o momento, são as produções remotas. Os talk shows já aderiram: "Greg News", com Gregório Duvivier (HBO), "Além da Conta", com Ingrid Guimarães (GNT) e "#Provoca", com Marcelo Tas (Cultura) agora são feitos na casa dos próprios apresentadores, ou em estúdios com equipes reduzidas. Na próxima segunda (18), o "Conversa com Bial" retorna à Globo no mesmo esquema, com Pedro Bial entrevistando seus convidados por videoconferência.
Enquanto isso, as lives proliferam em todos os canais e redes sociais. Chegamos ao ponto de haver um congestionamento de opções: quem já não ficou perdido, ao perceber que vários de seus artistas favoritos estão se apresentando no mesmíssimo horário?
Neste panorama desanimador, há um gênero televisivo que nos promete fortes emoções: o jornalismo. Com um governo que não para de fabricar crises, não vai faltar assunto. Pena que a maioria das notícias não será boa.
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