Tony Goes

Malu Mader, que já foi a cara da Globo, agora é ex-global

Atriz não teve seu contrato renovado, assim como outras veteranas da emissora

Malu Mader no papel de Rosemere, em 'Sangue Bom' (Globo)
Malu Mader no papel de Rosemere, em 'Sangue Bom' (Globo) - Divulgação/Globo
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O ano era 1984 e a novela da faixa das 21h da Globo, “Corpo a Corpo”, não ficou entre os maiores sucessos da carreira de Gilberto Braga. Mas no elenco da trama se destacava uma garota de sobrancelhas grossas, desconhecida para a maioria dos telespectadores.

Não era o primeiro trabalho de Malu Mader na TV. Ela havia estreado um ano antes, aos 16 anos, como uma das filhas de Francisco Cuoco em “Eu Prometo”, a última novela de Janete Clair. Era um papel minúsculo e Malu passou meio despercebida.

Mas em “Corpo a Corpo” ela fazia Bia Fraga Dantas, que estrelava a trama obrigatória de “amor jovem” com um dos maiores galãs de então, Lauro Corona. A personagem era apenas uma mocinha simpática e desinibida, sem maiores contradições internas. No entanto, Malu deu a Bia um charme irresistível, que fez todo o Brasil se apaixonar por ela. 

Foi quase um “nascimento de Vênus”: Malu Mader emergiu pronta, lapidada por Dênis Carvalho e Gilberto Braga. Já em 1986, encarou sua primeira protagonista: a Lurdinha de “Anos Dourados”, uma minissérie que marcou época, onde fez um inesquecível par romântico com Felipe Camargo.

Nas duas décadas seguintes, Malu foi uma estrela de primeiríssima grandeza. Jamais foi considerada uma atriz de grandes recursos, e deixava a desejar quando o papel lhe exigia muito. Mas tinha beleza, simpatia e carisma, demonstrando estar sempre à vontade em frente às câmeras. Era a cara que a Globo queria projetar ao mundo.

Na edição da revista “Vogue” de abril de 2015, que celebrava o cinquentenário da emissora, Malu foi uma das dez contratadas da casa escaladas para a capa, ao lado de Fernanda Montenegro, Camila Pitanga e Glória Pires. Apareceu na dobra interna da capa, não na frente, mas mesmo assim deu uma prova de seu prestígio interno.

Três anos depois, Malu Mader é a primeira daquele grupo a se desligar da Globo. Seu contrato não foi renovado, depois de 35 anos ininterruptos. Agora ela se junta ao grupo de veteranas onde já estavam Isabela Garcia, Carolina Ferraz e Maitê Proença, todas recentemente dispensadas.

Malu vinha aparecendo pouco no vídeo nos últimos anos, sempre em papéis de coadjuvante ou em participações especiais. Seu último trabalho ainda sob contrato foi uma rápida passagem pela nova temporada de “Malhação”, “Vidas Brasileiras”.

Talvez ciente de que os convites para atuar vinham escasseando, ela tentou se bandear para o outro lado das câmeras, trabalhando como assistente de direção em “O Rebu” (2014). Mas, pelo menos até o momento, este novo caminho não rendeu grandes frutos.

Devemos ficar com pena de Malu? Sim e não. Claro que é sempre chato quando alguém perde um emprego. Mas nada impede que ela continue trabalhando em produções da Globo, em contratos por obra certa.

É assim que o showbiz funciona no mundo inteiro. Pouquíssimas emissoras de TV mantém elencos fixos, sob contratos longos e, algumas vezes, a peso de ouro.

Além do mais, o mercado brasileiro de audiovisual está em transição. O faturamento dos canais abertos caiu, apesar das audiências terem se mantido estáveis ou mesmo crescido. Até a Globo precisa se adequar à nova realidade.

Desejo toda a sorte do mundo para Malu Mader, cuja presença luminosa na telinha sempre me marcou muito. E espero vê-la novamente em breve  —quem sabe em alguma série em uma plataforma de streaming?

Tony Goes

Tony Goes (1960-2024) nasceu no Rio de Janeiro, mas viveu em São Paulo desde pequeno. Escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. Ele também atualizava diariamente o blog que levava seu nome: tonygoes.com.br.

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