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Rosana Hermann
Descrição de chapéu Todas

O hater é, antes de tudo, um fraco

Na internet, vemos cada vez mais clubes de odiadores formados por pessoas violentas, invejosas, infelizes, sempre prontas a atacar

Mulher de roupa preta e luva ao lado de outra de biquíni numa praia
Nathalia Dill e Gaby Amarantos são criticadas na internet - Reprodução
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São Paulo

No aniversário de 11 anos de sua filha, Samara Felippo fez uma brincadeira que chamou de feminista ao cantar o "Parabéns a você". Na parte da letra que diz "com quem será", que pergunta com quem a aniversariante vai casar no futuro, a atriz mudou a letra para "vai depender se a Lara vai querer". E ao postar o vídeo em uma rede social, a atriz foi duramente criticada por alguns seguidores.

Recentemente, Nathalia Dill participou como jurada do quadro Dança dos Famosos e deu nota 9,9 para Juliano Floss e foi detonada pelos fãs do tiktoker, que foi eliminado. O mesmo já havia acontecido com outros dois jurados, Letícia Colin e Paulo Vieira, em edições anteriores do programa.

Um torcedor machista fez ataques ao trabalho da narradora da SporTV Renata Silveira por um jogo que ela nem ao menos narrou. Foi tão absurdo que ela resolveu fechar seu perfil no Twitter. No final de semana passada, Gaby Amarantos postou fotos em que aparecia de biquíni como resposta e prova de autoestima, depois de ter recebido uma avalanche de comentários grosseiros sobre seu corpo em outra postagem.

Todos nós temos liberdade para expressar nossas opiniões, pois, felizmente, vivemos numa democracia. E se pessoas famosas fazem postagens abertas a comentários, é natural que muitos deixem suas considerações. O problema é que essas pessoas citadas não fizeram nada de errado, não cometeram nada ilícito nem prejudicaram a população. Samara fez uma brincadeira com sua própria filha. Nathalia Dill foi convidada para ser jurada, estava ali de forma legítima e deu a nota que lhe pareceu correta (sem contar que chamar a nota 9,9 de 'nota baixa' não faz nem sentido). Renata foi atacada por algo que nem fez. Quanto a Gaby Amarantos, chega a ser doloroso ter que explicar que ninguém tem o direito de opinar sobre o corpo de outra pessoa, muito menos de forma ofensiva.

Elas são, sim, pessoas públicas, mas estavam vivendo suas vidas e exercendo seus direitos.

Esses quatro exemplos formam apenas uma gotinha no oceano de agressões que vemos o tempo todo nas redes sociais. É como se além de "fandoms", uma evolução dos antigos fã-clubes que agregavam pessoas em torno de um ídolo comum, um novo tipo de movimento tivesse se oficializado: os "haterdoms", os clubes de odiadores formados por pessoas violentas, invejosas, infelizes, sempre prontas a atacar quem quer que seja, pelo motivo que for. São comentaristas mal resolvidos, perversos, que sentem prazer em ver uma pessoa de sucesso sofrendo como se ela tivesse que pagar com um pedágio de "dor" apenas por ser famosa.

Ainda mais lamentável é ver que esses "haterdoms" costumam mirar, principalmente, as mulheres. A misoginia é uma praga.

O fato é que esses haters profissionais não querem fazer justiça. Se quisessem, lutariam contra injustiças sociais e retrocessos políticos. Também não querem um mundo melhor. Se fosse o caso, usariam suas vozes, redes e energia para salvar o planeta da destruição. O que eles querem é aliviar suas frustrações pessoais tentando atingir as pessoas que invejam. O que eles buscam é uma carona na fama de celebridades, porque se sentem invisíveis e fracassados. Fazem isso porque são patéticos e covardes. E porque escapam impunes.

A todas as mulheres, minha solidariedade. A gente sabe que dói, abala, irrita. Mas é preciso lembrar sempre que todo hater é antes de tudo um fraco. Fraco de espírito, de alma, de humanidade.

Rosana Hermann

Rosana Hermann é jornalista, roteirista de TV desde 1983 e produtora de conteúdo.

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