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Zapping - Cristina Padiglione

Filho de Tim Lopes fala do novo documentário sobre o pai

Assassinado pelo tráfico há 20 anos, jornalista é retratado por meio de suas reportagens e legado

Bastidor de documentário
Bruno Quintella, filho de Tim Lopes, entrevista Leandro Demori para o documedntário Onde Está Tim lopes? - Divulgação Globo
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São Paulo

Vinte anos após o assassinato do jornalista Tim Lopes, torturado e morto pelo comando do tráfico no Rio de Janeiro, o GloboPlay lança novo documentário sobre sua trajetória, de novo conduzido pelo filho Bruno Quintella, que já tinha dirigido uma produção documental com o propósito de manter viva a memória do pai. A estreia de "Onde Está Tim Lopes?" será na quinta-feira, dia 29.

"Eu já tinha feito antes um documentário sobre o meu pai. Sob a perspectiva de um filho em busca de histórias do pai, um conteúdo muito pessoal e afetivo. Já nesta série, eu estou, de certa forma, me desprendendo um pouco para seguir o meu próprio caminho", antecipa Quintella, também jornalista, mas mais interessado no segmento de documentários e cinema.

"É como se fosse um trabalho me despedindo, um momento de desapego. É como se eu fosse seguir minha vida e o meu pai me liberasse e dissesse: 'Meu filho, você é bom jornalista, mas o teu negócio é outro. Sai fora, vai viver tua vida, vai ver o que você saber fazer de melhor'. O grande desafio foi processar o desapego dessa vontade antiga que eu tinha de seguir na minha carreira profissional o que o meu pai gostava e desejava para mim."

Em quatro episódios, a obra presta uma homenagem ao premiado jornalista que se destacou na profissão ao longo dos seus mais de 30 anos de carreira, promovendo um legado a partir de seu olhar para a valorização da cultura e da diversidade nas periferias.

A série narra a trajetória profissional do repórter gaúcho radicado no Rio de Janeiro, a partir da perspectiva de suas reportagens ao longo da carreira. E convida o público para uma reflexão sobre como os temas de suas denúncias sociais nos espaços urbanos, na favela ou no asfalto permanecem tão atuais, mesmo 20 anos depois de seu assassinato.

"O nome da série faz uma referência à campanha de vinte anos atrás quando meu pai desapareceu, mas tem também um sentido metafórico. A gente quis refletir sobre onde Tim estaria nesse momento. Se dedicando a quais pautas? Com os jornalistas contemporâneos e os da sua época? Com os estudantes das novas gerações?", questiona Quintella. "A verdade é que tentaram calar uma voz, mas criaram várias novas."

Tim chegou ao Morro da Mangueira aos 12 anos de idade na década de 1960. Na produção, o jornalista tem sua trajetória analisada e comentada por outros profissionais, colegas e familiares, que dão seus depoimentos sobre o trabalho e a convivência, além de refletirem sobre o que ele deixou para as próximas gerações.

Quintella quer jogar luz não apenas sobre o jornalismo investigativo que norteava a carreira do pai, mas sobre o jornalismo investigativo social.

"A gente tenta mostrar que se os problemas sociais não são resolvidos ao longo do tempo, há uma consequência a ser paga. A pobreza e a miséria lá de trás podem se tornar a criminalidade de hoje. Na série, vamos falar sobre a maneira e as técnicas utilizadas por Tim em suas reportagens, sempre com muita sensibilidade para entender o outro, e trazemos para os holofotes a cultura de favela", fala o diretor.

"A gente tenta mostrar um outro lado da moeda indo para áreas conflagradas como a Cidade de Deus, Favela da Maré, Antares, Complexo do Alemão para apresentar um outro lado, além da violência, com toda a força cultural dessas comunidades e a perspectiva de uma melhoria através do social."

O documentário "Onde Está Tim Lopes?" tem direção geral de Bruno Quintella; direção de Bruno Quintella e Anna Azevedo; e roteiro de Bruno Quintella e Rodrigo Fonseca. A produção é da Saudades Filmes, Filmi di Luzzi e Serra Azul Filmes.

Zapping - Cristina Padiglione

Cristina Padiglione é jornalista e escreve sobre televisão. Cobre a área desde 1991, quando a TV paga ainda engatinhava. Passou pelas Redações dos jornais Folha da Tarde (1992-1995), Jornal da Tarde (1995-1997), Folha (1997-1999) e O Estado de S. Paulo (2000-2016). Também assina o blog Telepadi (telepadi.folha.com.br).

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