Aviso
Este conteúdo é para maiores de 18 anos. Se tem menos de 18 anos, é inapropriado para você. Clique aqui para continuar.

Zapping - Cristina Padiglione

Débora Falabella fala sobre as dores de sua personagem em 'Terra e Paixão'

Atriz viverá vítima de violência doméstica na próxima novela das 9 da Globo, de Walcyr Carrasco

A atriz Débora Falabella
Débora Falabella é Lucinda em 'Terra e Paixão', novela de Walcyr Carrasco na Globo - João Miguel Jr./Divulgação
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Após seis anos de jejum de novelas, Débora Falabella volta ao gênero em "Terra e Paixão", trama que Walcyr Carrasco escreve para suceder "Travessia" no horário nobre da Globo, com direção artística de Luiz Henrique Rios. Lucinda Amorim, sua personagem, servirá para encampar a bandeira contra a violência doméstica, uma das questões sociais abordadas na trama.

Gerente da cooperativa agrária da história, ofício ao qual se dedica com paixão, ela é mãe de Cristian (Felipe Melquiades), criança albina, e casada com Andrade (Ângelo Antônio), um marido violento. Lucinda tenta de todas as formas amenizar os efeitos do bullying que o filho sofre. E se tornará grande amiga e aliada de Aline (Barbara Reis), a heroína do folhetim.

"A Lucinda é uma mulher muito trabalhadora, que tem uma paixão pela família dela, ela cuida daquela família, do filho, do marido e da irmã como a coisa mais preciosa da vida, e é uma mulher que trabalha muito e tem muito orgulho do seu trabalho. Ela tem uma mentalidade muito correta e muito justa", define Débora, que fala sobre a nova personagem a seguir.

INSPIRAÇÃO

"Escutei e vi muito material sobre as mulheres que trabalham com o agro, porque é uma realidade muito distante de mim, então uma das inspirações com certeza foram esses vídeos, esses podcasts, essas histórias que eu escutei porque eu precisava ter essas histórias para trabalhar, para imaginar uma vida diferente.

E, claro, como também eu estou fazendo uma personagem que sofre violência doméstica, eu já sei bastante sobre o assunto porque é algo que a gente tem lido muito nesses últimos anos, as mulheres têm tido muito mais coragem de falar e eu li muitos depoimentos e muitas histórias de mulheres que, muitas vezes, ficam ali com o marido por conta da sua família.

Isso foi uma inspiração também para mim, eu conversei muito com a mãe do Felipe Melquiades que faz o Cristian para entender como é essa questão do albinismo, e ela acabou sendo uma mulher que me inspirou por ser uma mãe e me contar um pouco dessas histórias."

DESAFIO

"Uma das coisas que ela traz de novidade talvez seja essa realidade diferente que ela vive, distante. Apesar de a gente morar em um país que é um só, a gente tem realidades diferentes. É uma mulher que vive em um lugar diferente, em um ambiente diferente, trabalha com uma coisa muito diferente do que eu trabalho, e isso talvez seja o primeiro desafio para interpretar a Lucinda.

O segundo é que acontecem muitas coisas na trama que ela não percebe. Então, o grande desafio também é, como personagem, não me envolver com tudo o que está acontecendo, porque eu não posso saber. Tem segredos que são mantidos da personagem que eu, como atriz, talvez seja melhor não saber."

AS DORES DE LUCINDA

"Lucinda trabalha em um ambiente muito masculino, então ela tem de se impor muito, ela tem como um objetivo muito grande durante a trama estar ao lado da protagonista, a Aline (Barbara Reis), que é uma mulher em quem ela acredita. Porque a Aline é uma mulher de muita força, que vai abrir os olhos da Lucinda diante de muita coisa. Eu acho que a Lucinda vai ser muito justa com a Aline em relação à cooperativa, de como ela pode se desenvolver plantando.

Ela vai passar para a Aline coisas de que ela entende muito bem. Então acho que vai ser uma troca muito bonita desses personagens e um desafio, ao mesmo tempo. Porque elas vão ter de passar por cima de algumas coisas que acontecem na cidade. Ela vai lidar com a questão do marido com a bebida e a violência doméstica.

Ele, quando bebe, fica agressivo, fica violento, e ela é uma mulher que ama a sua família, que ama aquele marido. Ela precisa proteger e cuidar dessa família, então ela vive com muitas dúvidas em relação a isso, em relação a essa agressividade do marido.

Tem a questão também do filho, uma criança maravilhosa e que nasceu com albinismo. Por isso ele sofre com todo bullying que acontece na escola. Ela tem de ter um cuidado muito grande, gasta dinheiro por conta dos problemas de pele, dos cuidados que ela tem que ter. Esse filho é uma questão grande para ela."

CONVÍVIO

"Eu comecei a gravar há pouco tempo, estou feliz com núcleo a que eu pertenço. Gravo com atores que, primeiro, eu admiro muito. Acho que todos nós somos atores com muitas diferenças na maneira de atuar, na maneira de representar e isso é maravilhoso, porque a gente tem tanta possibilidade de aprender com o outro, que é incrível estar ao lado da Tatá (Werneck), de quem sou fã. Acho ela genial e eu acho que vai ser muito bom contracenar com ela.

Vou estar ao lado do Jonathan (Azevedo) que é também maravilhoso, do Ângelo (Antônio), com quem eu já contracenei, e eu já fiz teatro com o Ângelo. Então a gente tem uma proximidade grande, somos amigos. Isso também facilita muito, a gente está em muitas cenas juntos, ainda mais cenas fortes, ao lado do Felipe, que vai fazer o Cristian, que eu conheci também há pouco tempo. Ele parece ser um menino incrível.

E também estarei ao lado do Leandro (Lima), que também é um ator novo com quem eu nunca trabalhei. Estou muito animada com o meu núcleo, eu acho que vai ser uma troca muito boa entre a gente."

EXPECTATIVA

"Eu acho que é um momento de a gente trilhar, né? Não pensar muito. Se a gente cria muita ou pouca expectativa, isso atrapalha o nosso objetivo, que é fazer um bom trabalho, é se envolver com os personagens, é viver esse primeiro momento da novela. Eu agora tenho trabalhado com isso, com a alegria de poder estar em cena com essas pessoas, com o trabalho que é fazer uma novela, mas é muito legal para o ator.

Tinha bastante tempo que eu não fazia novela, então eu estou animada e acredito que o público vai se identificar muito com a Lucinda, primeiro que a violência doméstica acontece com muitas mulheres e ela é uma mulher que recebe isso de uma forma muito forte, ela toma conta daquela casa, é a provedora daquela família. A princípio, você olha para aquela mulher e fala: 'Nossa, não acredito que essa mulher sofre violência', mas ela sofre, mesmo sendo uma mulher extremamente forte."

LUCINDA E SEUS AFETOS

Eles [Lucinda e Andrade] são um casal que tem um filho já de 10 anos, são casados há bastante tempo, eles se amam muito. O Andrade tem um problema com a bebida e quando ele bebe muito, fica agressivo, e isso é um problema para a Lucinda porque ela ama esse homem, ela ama essa família. Então ela vive nesse impasse e quer ajudá-lo também a sair desse buraco, é uma mulher forte, mas que também não tolera essa violência.

Com a Anely, ela é apaixonada pela irmã, praticamente criou a irmã, uma menina inteligente, incrível.

E Aline é uma parceria que eu acho que começa muito bonita no início da novela, porque são duas mulheres que trocam muito. A admiração pela Aline é muito grande por ver essa mulher que é forte, que perde o marido e que vai plantar, vai tocar as terras da família sozinha com filho, acho que ela se identifica também de alguma forma.

Ela sofre por, no início da trama, não conseguir ajudá-la, porque ela trabalha em uma cooperativa e a Aline vem pedir ajuda, mas como a Aline foi professora do filho e defendeu esse menino, a Lucinda fica mais encantada com ela. Então ela decide realmente ajudar nessa aceitação da cooperativa, que era algo que já devia ter feito, mas não fez antes por conta do Antônio (Tony Ramos), que barra a Aline na cooperativa."

O RETORNO ÀS NOVELAS

"Estou adorando voltar, é muito bom quando você volta para um tipo de trabalho com saudade. Fiquei sem fazer novela por uns 6 anos. Fiz 'Avenida Brasil' e depois fiz 'A Força do Querer', fiz muito teatro com a minha companhia, o Grupo 3, e muitas séries. Fiz 'Nada Será Como Antes', 'Se Eu Fechar os Olhos Agora', 'Aruanas'. Estou também em 'Fim', a série da Fernanda Torres.

Fiquei ali no mundo das séries, que eu amei fazer, mas a novela é diferente, é um outro tipo de desafio para o ator. Você não sabe o que vai acontecer com a sua personagem. É estar aberta para a história e ter de lidar com todas essas mudanças, além da quantidade de tempo dessa personagem na sua vida. Uma série você grava em uns 4, 6 meses, e uma novela é um ano de envolvimento. Estou muito animada."

DO TEXTO À DIREÇÃO

"O texto do Walcyr é muito interessante, os personagens têm milhares de possibilidades. Acho que ele vai escrevendo os personagens de acordo com o que vai vendo, então é um trabalho muito vivo. Estou muito feliz, muito animada de trabalhar, a equipe do Luiz é maravilhosa desde o início de toda a preparação. Eu fui muito bem acolhida e fiquei muito encantada com a novela."

Zapping - Cristina Padiglione

Cristina Padiglione é jornalista e escreve sobre televisão. Cobre a área desde 1991, quando a TV paga ainda engatinhava. Passou pelas Redações dos jornais Folha da Tarde (1992-1995), Jornal da Tarde (1995-1997), Folha (1997-1999) e O Estado de S. Paulo (2000-2016). Também assina o blog Telepadi (telepadi.folha.com.br).

Final do conteúdo
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Ver todos os comentários Comentar esta reportagem