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Zapping - Cristina Padiglione

Gabriela Prioli pede para sair da CNN Brasil e faz suspense sobre novos 'planos'

Projetada pelo canal, advogada e apresentadora atribui decisão à mudança de vida trazida pela filha, Ava

Gabriela Prioli
A apresentadora Gabriela Prioli - Divulgação
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São Paulo

Grife projetada pela CNN Brasil desde a fundação do canal, Gabriela Prioli deixou a emissora esta semana e comunicou a decisão por meio de vídeo no Instagram e nota distribuída por sua assessoria de comunicação.

"Eu vou voltar pra conversar mais com vocês sobre isso, mas não poderia falar aqui antes de comunicar a CNN. Comuniquei a minha decisão de não permanecer mais no canal, e prometo que vou voltar pra falar mais sobre o assunto.

Por enquanto, eu quero que vocês saibam que foi uma decisão minha. A minha vida mudou bastante, e eu acho que quando a nossa vida muda, a gente repensa várias coisas, estabelece novos planos, e graças a Deus eu tenho liberdade de fazer essas escolhas e sei que posso contar com vocês em quaisquer projetos, mas por enquanto, eu tenho que cuidar de Ava, que já está demandando os meus cuidados", disse ela, referindo-se à sua primeira filha, com Thiago Mansur, que nasceu há menos de um mês, em 22 de dezembro.

Em nota, a equipe de Prioli comentou o assunto à coluna: "Confirmamos que Gabriela Prioli decidiu encerrar seu contrato com a CNN Brasil. Ela estreou no canal em março de 2020 e passou pelos programas 'O Grande Debate', 'Mundo Pós-Pandemia' e 'CNN Tonight'. Na emissora, Gabriela também desenvolveu e apresentou seu próprio talk show, o 'À Prioli', com três temporadas de sucesso – informamos ainda que a apresentadora agradece a CNN por todo o acolhimento e aprendizado nestes quase três anos."

LONGE DOS CORTES

Embora a CNN Brasil tenha cortado várias de suas grifes na reformulação feita para cortar gastos e reverter o grande prejuízo ainda acumulado pelo canal, Gabriela não fazia parte da lista de intenções de desligamentos da casa. No elenco da faixa batizada como "soft", que fugia das hard news e não funcionou muito bem para a audiência e o faturamento da CNN Brasil, o seu programa de entrevistas, À Prioli, era uma exceção.

A decisão partiu realmente dela. Gabriela já teria saído da CNN Brasil bem antes, ainda no primeiro mês do canal, quando constatou constrangimento por ter de cobrar respeito ao seu espaço de fala em mais de uma ocasião no quadro O Grande Debate.

Ainda nos idos em que a CNN Brasil tentava tratar com equidade o negacionismo dos aliados do presidente Jair Bolsonaro à pandemia e dados científicos, Prioli foi uma das primeiras vozes do canal a marcar posição, argumentando que não se pode equiparar "achismo" com comprovações científicas".

A gota d'água contou ainda com uma sequência de interrupções do mediador, Reinaldo Gottino, que depois se desculpou publicamente por sua má performance.

O debate, na ocasião, com Tomé Abduch, era sobre a Justiça autorizar a prisão domiciliar para o ex-deputado Eduardo Cunha. Enquanto Gabriela dizia que não era possível dissertar sobre "achismos", Gottino a interrompeu para discordar: disse que, ao embasar seus comentários em dados técnicos, ela estaria dando uma "opinião pessoal", o que Gabriela tentou refutar, sendo novamente interrompida por Gottino.

"Em mais de uma oportunidade tive que me posicionar cobrando respeito ao meu espaço de fala. É preciso ser mais contundente", disse ela na época. "O meu compromisso é com um debate racional, prospectivo, informativo e respeitoso. Não consigo atingir o meu objetivo se for constrangida e não posso seguir participando do debate sem que a convicção sobre a gravidade do constrangimento não seja só minha, mas de todos os envolvidos, na frente e atrás das câmeras.

Não posso legitimar que o achismo seja equiparado ao conhecimento científico nem contribuir para acirrar a polarização."

A direção da CNN Brasil na época tratou der apagar o incêndio e a promoveu para outras seções, já que ela tinha grande apelo junto à audiência e colecionava boa performance nas redes sociais. Mas foi Prioli quem primeiro chamou a atenção para o equívoco do canal em tentar tratar opinião como fato ou ciência, e mesmo para o risco de difundir opiniões com base em falsas informações.

Zapping - Cristina Padiglione

Cristina Padiglione é jornalista e escreve sobre televisão. Cobre a área desde 1991, quando a TV paga ainda engatinhava. Passou pelas Redações dos jornais Folha da Tarde (1992-1995), Jornal da Tarde (1995-1997), Folha (1997-1999) e O Estado de S. Paulo (2000-2016). Também assina o blog Telepadi (telepadi.folha.com.br).

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