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Zapping - Cristina Padiglione
Descrição de chapéu Congresso Nacional

Daniela Lima viraliza ao interromper deputado bolsonarista na CNN Brasil para corrigi-lo

Jornalista interveio em entrevista de Ricardo Barros quando ele tentou defender governador do DF e colocar em xeque eficácia das urnas

Desde 2010 na Folha, Daniela Lima deixa o jornal e vai para CNN Brasil
Daniela Lima ancorou a transmissão da cobertura sobre a invasão de bolsonaristas ao Congresso, STF e Palácio do Planalto na CNN Brasil - Divulgação
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São Paulo

Responsável pela ancoragem da cobertura da CNN Brasil sobre a invasão e depredação do Congresso Nacional, do STF e do Palácio do Planalto por parte de bolsonaristas neste domingo, 8 de janeiro, Daniela Lima interrompeu o deputado Ricardo Barros (PP-PR) durante uma entrevista ao vivo do parlamentar ao canal.

Aliado do governo Bolsonaro, Barros tentou justificar que não seria justo responsabilizar apenas o governador do DF, Ibaneis Rocha, pela ineficiência policial que deveria coibir a invasão de golpistas. Ainda que tenha dito repudiar a ação dos terroristas, Barros tentou culpabilizar o ministro do TSE e STF Alexandre de Moraes por ter imposto "a credibilidade da urna eletrônica".

"Ele tentou impor a credibilidade da urna eletrônica, proibindo criticar a urna eletrônica, ele calou parlamentares, ele calou vários jornalistas que queriam criticar, ele não convenceu a sociedade de que a urna era confiável, se não fosse assim, não teríamos essas pessoas que estão aí de cara limpa"

Daniela Lima então o interrompeu, de um modo a que ainda não nos acostumamos a ver na TV, mas que deveria ser praxe quando alguém começa a proferir argumentos infundados.

"Deputado, deputado, deputado", tentou avisar Daniela, "eu vou interromper o senhor, sabe por quê? Esse discurso que o senhor traz aí, a confiança nas urnas, a confiança nas urnas ela é imposta pelos fatos, deputado. A irresponsabilidade retórica, gente que o senhor chama de jornalista, deputado, e que pedia a guerra civil, e que chamava de frouxa gente que não fosse pra rua..."

"Jornalistas, deputado", continuou Lima, "perdão, somos eu, somos meus colegas, que estão na rua, muitos deles apanhando dos homens de bem, pessoas de família que o senhor veio defender. Eu acho que no dia de hoje, deputado, diante desse cenário de terra arrasada, do Supremo Tribunal Federal depredado, do seu Congresso Nacional, e o senhor tem décadas [de Congresso], depredado, do Palácio do Planalto depredado, de um governador que não conseguiu reverberar esse tipo de discurso que levou essas pessoas à raia da loucura, deputado, é um pouco... É questionável. Eu vou, lógico, dar espaço para o senhor concluir o seu raciocínio e seguir aqui com a nossa cobertura."

Barros tentou concluir a seguir, mas é cada vez mais premente que um âncora saiba contestar argumentos falhos dos entrevistados. Barros ainda citou que era preciso ver os fatos "com isenção", e o fato é que Moraes não impediu que o sistema das urnas fosse revisto. O TSE abriu espaço até para representantes das Forças Armadas fiscalizarem a eficiência das urnas eletrônicas e os relatórios pós-eleições não encontraram falhas.

CONTESTAÇÃO

Importante é também sublinhar como Poliana Abritta rebateu a publicação do tuíte do ex-presidente Jair Bolsonaro comparando o vandalismo do dia com manifestações "da esquerda" em 2013 e 2017. A apresentadora do Fantástico lembrou que os atos anteriores não se comparam à depredação deste 8 de janeiro e que não visavam a ações antidemocráticas.

Era preciso dizer que em 2013, não só a esquerda estava nas ruas, mas vários movimentos de direita tiraram proveito daquele momento e fizeram inclusive germinar alguns dos líderes da atual direita do Congresso, como bem aponta o documentário de Paulo Markun e Angela Alonso, "O Começo do Avesso".

GLOSSÁRIO E RELÓGIO

Na cobertura do dia, vale ainda cronometrar o início das transmissões de cada canal e como cada um nominou os agentes da baderna que tomou conta dos principais patrimônios públicos do país.

INÍCIO DAS TRANSMISSÕES DA COBERTURA EM TEMPO REAL

CNN Brasil — 14h52
BandNews — 14h56
GloboNews — 15h04
TV Jovem Pan — 15h07
Record News — 15h08

Como foram tratados os agentes da invasão:

CNN Brasil — criminosos
BandNews — radicais
GloboNews — terroristas / bolsonaristas radicais
TVJovem Pan — manifestantes
Record News — manifestantes

A SEGUIR

A CNN Brasil estendeu sua programação ao vivo, que segue durante toda a noite e madrugada. O canal também antecipou o início da grade desta segunda-feira, 9. Da meia noite às 4h da manhã, a CNN Brasil segue com a cobertura ao vivo dos desdobramentos dos atos na capital federal. A partir das 4h, Thaís Herédia e Carol Nogueira comandam o CNN Novo Dia, que começa duas horas e trinta minutos mais cedo.

Zapping - Cristina Padiglione

Cristina Padiglione é jornalista e escreve sobre televisão. Cobre a área desde 1991, quando a TV paga ainda engatinhava. Passou pelas Redações dos jornais Folha da Tarde (1992-1995), Jornal da Tarde (1995-1997), Folha (1997-1999) e O Estado de S. Paulo (2000-2016). Também assina o blog Telepadi (telepadi.folha.com.br).

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