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Zapping - Cristina Padiglione
Descrição de chapéu jornalismo

Alexandre Garcia diz que não se vacinou e não entende demissão da CNN

Jornalista admitiu que foi dispensado pela Globo e elogiou governo Figueiredo, do qual fez parte

Direto ao Ponto, com Augusto Nunes e Alexandre Garcia
Direto ao Ponto, com Augusto Nunes e Alexandre Garcia - Reprodução
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Em entrevista ao programa Direto ao Ponto, da Jovem Pan/Panflix, transmitido pelo YouTube, sob o comando de Augusto Nunes, 72, o jornalista Alexandre Garcia, 80, falou sobre sua demissão da CNN Brasil. Tratou como uma contradição o fato de não poder ter sua "opinião" em um quadro que se chamava "Liberdade de Opinião".

O jornalista diz que não pode falar em "tratamento precoce" de Covid, e fez menção de que está proibido de usar esse termo, negando-se a reconhecer sua comprovada ineficácia. Mas concordou em apagar mais de 70 vídeos de seu canal no YouTube por recomendação da filha, sob o critério de que não se pode falar sobre "isso" no Brasil.

Presente ao programa de Nunes, questionei-o sobre a diferença entre fato e opinião, mas Garcia alega que "consenso científico", como mencionei, não existe, já que a ciência pode mudar permanentemente, no que foi endossado por Nunes.

Após ser indagado sobre o que acha da vacina, tratou os imunizantes usados no mundo todo, e também no Brasil, como "experimentais", recusando-se a admitir que a Anvisa aprovou o uso das vacinas e os órgãos de saúde de países do mundo todo fizeram o mesmo.

"O senhor se vacinou?", perguntei. "Não", respondeu ele. Disse que seus familiares, sim, se vacinaram, mas ele não. "O senhor não vê relação entre a queda do número de mortes e o avanço da vacinação?" Garcia então falou que isso pode ser efeito do avanço de "anticorpos", ignorando as cepas do vírus que têm apresentado novos desafios no combate à pandemia.

Ao mesmo tempo em que defende todas as ações do governo Bolsonaro, fala que os jornalistas devem ser antes de mais nada "isentos" e atentos à "informação" e à observação dos fatos. Falou que há muito tempo já não é repórter porque tem hoje a missão de "interpretar fatos", e atribui as críticas ao presidente a um "jornalismo militante".

A seu ver, havia mais liberdade e bom senso da imprensa na cobertura do governo de João Figueiredo, o último presidente do regime militar, do qual fez parte como sub-secretário de imprensa, do que atualmente.

Garcia tampouco reconhece os termos técnicos e científicos utilizados em pesquisas de opinião que apontam índices de desaprovação recorde ao governo e ao presidente Bolsonaro. Alega que todos os institutos devem ver o que fizeram de errado, "já que tanta gente foi às ruas" para apoiar o presidente em manifestações recentes.

Erroneamente, disse que a administração da pandemia no Brasil foi mais eficiente do que na "Europa", como Alemanha e Inglaterra, sem explicar quais indicadores utiliza em seu parecer. Disse ainda que Figueiredo "acabou com a censura", ignorando que a tesoura de Brasília ainda ditava regras sobre obras artísticas, o que só foi abolido com a Constituição de 1988.

SAÍDA DA GLOBO

Garcia foi dispensado pela Globo logo após a eleição de Bolsonaro, no final de 2018, mas a emissora anunciou sua saída com longo comunicado assinado pelo diretor de jornalismo da emissora, Ali Kamel, que elegantemente atribuiu o episódio a uma decisão de comum acordo.

"Eu não saí da Globo, a Globo é que quis que eu saísse", admitiu Garcia no Direto ao Ponto. "Mas eu saí na hora certa", disse, sem comentar como vê a cobertura jornalística da emissora hoje. Embora tenha dito que não tem qualquer queixa da Globo, enalteceu executivos do passado, "dos tempos de Roberto Marinho", como Boni (José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, ex-vice-presidente de Operações da emissora), e Alice Maria, segundo nome do jornalismo da Globo até 1996, quando ela foi conduzida ao comando da GloboNews, de onde saiu em 2014.

Zapping - Cristina Padiglione

Cristina Padiglione é jornalista e escreve sobre televisão. Cobre a área desde 1991, quando a TV paga ainda engatinhava. Passou pelas Redações dos jornais Folha da Tarde (1992-1995), Jornal da Tarde (1995-1997), Folha (1997-1999) e O Estado de S. Paulo (2000-2016). Também assina o blog Telepadi (telepadi.folha.com.br).

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