Mudanças na Jovem Pan: Entenda quem foi dispensado após a vitória de Lula
Já são sete os profissionais que deixaram a emissora desde a derrota de Jair Bolsonaro
Principal âncora da Jovem Pan até domingo, 30 de outubro, dia em que o presidente Jair Bolsonaro foi derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva na eleição para a presidência da República, Augusto Nunes puxou uma lista de nomes dispensados pela emissora desde segunda-feira, 31.
A maioria do grupo endossava a linha editorial da emissora a favor de Bolsonaro. A exceção é Guga Noblat, que na semana anterior à eleição fora afastado do ar, segundo ele, por ter discordado da versão de que a emissora foi censurada pelo TSE.
A Jovem Pan tratou como censura um direito de resposta concedido pelo TSE ao PT, após sucessivas vezes em que o então candidato Lula fora chamado de "descondenado" e de outros termos que ignoravam o fato de ele ter se livrado de todas as acusações que pesavam contra ele na Justiça.
Confira a seguir quem são os nomes dispensados pelo canal, que funciona por emissoras de rádio AM e FM, pelo streaming, via Panflix, e pela TV paga, como Jovem Pan News, espaço lançado justamente durante o governo Bolsonaro e que acaba de completar seu primeiro aniversário.
- Augusto Nunes: jornalista, âncora do programa Os Pingos nos Is e Direto ao Ponto, estava na emissora desde 2016, quando foi dispensado pela TV Cultura, onde apresentava o Roda Viva. Após a saída da Cultura, esteve também na Record, forte aliada do bolsonarismo, mas passou a se dedicar exclusivamente à Jovem Pan desde 2021, quando nasceu a Jovem Pan News TV.
No seu histórico, pesam cargos de direção de redação dos jornais O Estado de S. Paulo e Zero Hora, no Rio Grande do Sul, além da revista Época, do grupo Globo. - Guilherme Fiúza: jornalista e escritor, era comentarista da emissora, participando dos noticiários e programas da TV Jovem Pan News. Ganhou fama pela adaptação do livro "Meu Nome não é Johnny", que virou filme com Selton Mello. Escreveu ainda "3000 dias no bunker", que narra a história da criação do Plano Real, livro que também virou filme, além de "Amazônia, 20º andar: De Ipanema para o Topo do Mundo, uma jornada na trilha de Chico Mendes", e a biografia de Bussunda, "A Vida do Casseta", além dos livros "Giane — Vida, Arte e Luta", "Não é A Mamãe: Para Entender A Era Dilma", "O Império do Oprimido" e "Manual do Covarde".
- Caio Coppolla: comentarista, fez fama na Jovem Pan como voz de contestação ao governo Dilma e toda a herança petista dos governos Lula. Em 2020, convidado a defender pensamentos de direita como comentarista do que a CNN Brasil chamava de debate, deixou a emissora de Tutinha, que até então não incluía o canal pago Jovem Pan News, para alçar voo maior. Mas um ano e sete meses depois, ele deixou a CNN Brasil, retornando à Jovem Pan, vizinha do canal de notícias na mesma avenida Paulista.
- Guga Noblat: jornalista, fazia parte do elenco do programa de debates Morning Show e, na contramão dos colegas, confrontava o discurso do presidente Jair Bolsonaro. Há duas semanas, quando Roberto Jeferson atirou contra agentes da Polícia Federal, Noblat disse que o ex-deputado agia de acordo com os pensamentos do presidente. Foi repórter do lendário "CQC", programa que mesclava jornalismo e humor na Band, passou pele equipe de repórteres do programa "A Liga", também da Band. E foi da trupe do Pânico, atração da própria Jovem Pan.
- Maicon Mendes: Apresentava o Jornal da Manhã e o Headline News, além de trabalhar como repórter de política na Jovem Pan: "Deixo a emissora sabendo que eu fiz o meu melhor. Fiz jornalismo de verdade", disse o jornalista em sua conta no Instagram, ao deixar a Jovem Pan. "Eu posso dizer que levei informação de qualidade pro telespectador, com verdade dos fatos, com apuração rigorosa, com checagem. Nunca me deixei levar por informações duvidosas. E nem achismo. Apurei com rigor. Isso é jornalismo"
- Carla Cecato: jornalista e apresentadora, trabalhou como repórter na Globo, no SporTV e na Record, onde chegou a apresentar noticiários de rede. Deixou a rede de Edir Macedo em 2019, após 16 anos de expediente. Voltou ao jornalismo neste ano, pela Jovem Pan, como comentarista do programa Linha de Frente e no comando do talk show Jovem Pan. Em agosto, pediu licença para assumir a função de garota-propaganda da campanha de Jair Bolsonaro à reeleição para a presidência, na TV, e previa voltar ao ar pela Jovem Pan ao fim da campanha, o que não se efetivou.
- Cristina Graeml: jornalista, colunista da Gazeta do Povo, era comentarista da Jovem Pan News., Em setembro de 2021 difundiu suspeitas de que a vacina contra a Covid estaria matando crianças e adolescentes, o que foi desmentido por outros veículos. Na segunda, 31, dia em que a Pan anunciou sua saída, Cristina publicou em seu perfil no Twitter: "O mais importante é saber que seguimos do lado certo! Nossa bandeira jamais será vermelha. Tenho muito orgulho do resgate que fizemos do nosso Brasil. Corruptos podem até tomar o poder, mas 61,43% dos eleitores disseram NÃO a essa pouca vergonha. O Brasil precisa de nós. Avante!"
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