Ex-garota-propaganda de Bolsonaro, Carla Cecato é mais um nome fora da Jovem Pan
Ex-apresentadora da Record engrossa lista de grifes que deixaram a emissora após vitória de Lula
Apresentadora que deixou a Jovem Pan em sistema de licença para se tornar a principal garota-propaganda da campanha de TV de Jair Bolsonaro à reeleição, Carla Cecato não voltará à emissora, como estava previsto.
O retorno era um planejamento apalavrado entre ela e a direção da Pan, mas Cecato estava sem contrato vigente com a emissora, o que conspirou a favor de seu desligamento. A volta dela só reforçaria a imagem bolsonarista adquirida pela marca Jovem Pan, no rádio, na TV e no streaming.
O Linha de Frente segue com Thiago Pavinatto.
Desde esta segunda-feira (31), um dia após a derrota de Jair Bolsonaro (PL) para Luiz Inácio Lula da Silva na eleição presidencial, a Pan, que vinha se mostrando o veículo de imprensa mais alinhado com o bolsonarismo, dispensou vários jornalistas e comentaristas que defendiam o discurso e as atitudes do presidente ainda em exercício.
Apenas Augusto Nunes mereceu um comunicado sobre seu desligamento. A lista de desligamentos se estende a Caio Coppolla, Maicon Mendes, Guilherme Fiúza, Cristina Graeml, e até a Guga Noblat, que era uma voz de resistência ao bolsonarismo na emissora.
Apesar do esvaziamento de algumas grifes defensoras do presidente em exercício, a Pan segue dando espaço a nomes como Ana Paula Henkel, José Maria Trindade e a Rodrigo Constantino, além de comentaristas como Zoé Martinez, do Morning Show, que disse que ia se conter para não chorar (de tristeza) com a vitória de Lula, na edição do programa de segunda-feira.
A uma semana da eleição, a Jovem Pan foi punida pelo TSE, que concedeu direitos de resposta ao PT para termos e informações falsas ditas por seus contratados.
"Hoje, pressionada pelo TSE e por Lula, a direção de jornalismo da Jovem Pan dispensou-me dos Pingos até segunda que vem", disse Augusto Nunes no Twitter. O apresentador escreveu ainda que, "autorizado pelo vídeo em que o TSE negou a existência de censura da Jovem Pan, reafirmei no programa de ontem 4 expressões proibidas: ladrão, ex-presidiário, descondenado e amigo de ditadores".
Procurados pela coluna, Augusto Nunes e o presidente da Jovem Pan, Antônio Augusto Amaral de Carvalho Filho, o Tutinha, não se manifestaram.
CONTRADIÇÃO
Ainda sobre Cecato, convém lembrar que durante a campanha à reeleição de Bolsonaro na TV, enquanto ela sustentava que o presidente havia agido corretamente na pandemia, ao defender a economia em detrimento de um confinamento mais rigoroso, um vídeo protagonizado por ela na época da crise sanitária mostrava exatamente o contrário.
Nas imagens resgatadas por opositores do presidente, a jornalista defendia completo isolamento na pandemia, sob o imenso risco de grandes danos às vítimas de Covid, como ela mesma.
No vídeo, Cecato mostrava como eram dolorosas as sequelas deixadas pelo vírus e refutava qualquer declaração que minimizasse o sofrimento trazido pela doença, como fez Bolsonaro por repetidas vezes na ocasião.
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