Jovem Pan dispensa grifes de seus noticiários um dia após vitória de Lula
Caio Coppolla, Augusto Nunes, Guga Noblat, Maicon Mendes e Guilherme Fiúza deixaram a emissora
A Jovem Pan, que se mostrou o veículo mais alinhado editorialmente com o presidente Jair Bolsonaro nesses quase quatro anos de governo, dispensou algumas das principais grifes de seus noticiários nesta segunda-feira (31), um dia após a vitória de Lula para governar o Brasil nos próximos quatro anos.
Augusto Nunes, Caio Coppolla, Guilherme Fiúza, Guga Noblat, Cristina Graeml e Maicon Mendes foram desligados da empresa, que soma rádio, TV e internet.
Nunes estava afastado por determinação do TSE, por chamar o ex e futuro presidente Lula de "descondenado", e deveria voltar ao ar nesta segunda.
A coluna apurou que a Jovem Pan não vai esperar o fim do governo Bolsonaro para promover um ajuste na sua linha editorial, não a fim de mudar de lado e passar a tratar o novo presidente com a mesma condescendência com que trata Bolsonaro, mas ao menos para não parecer tão hostil a Lula.
A JP distribuiu um comunicado sobre a saída de Nunes, tratando o episódio como uma decisão de "comum acordo". A coluna aguarda contato do presidente da emissora, Antonio Augusto Amaral de Carvalho Filho, o Tutinha, a quem procurou para comentar o assunto. Nunes, também procurado pela coluna, não respondeu.
Se eles vierem a se manifestar, os seus posicionamentos serão contemplados neste texto.
Ainda no domingo, logo após o fim da votação, a Jovem Pan publicou um editorial em que diz reafirmar seu compromisso com a democracia e a "liberdade de expressão".
O texto defende que "[...] Cada voto depositado na urna é soberano e carrega consigo a confiança do eleitor no candidato escolhido. Ninguém pretende, como disse Winston Churchill, que a democracia seja perfeita ou sem defeitos. Sabemos que há muito o que ser melhorado, e, por isso, devemos ser instrumentos para a construção de uma democracia, sólida e plena, a cada novo dia. Jamais devemos ser agentes de destruição e de enfraquecimento desse regime que, entre todos os outros, é o único que nos dá perspectivas de um amanhã melhor porque sempre pode ser aperfeiçoado com a participação de todos"
E continua: "[...] com a proclamação do presidente que conduzirá o país pelos próximos quatro anos, renovamos nosso compromisso com o Brasil, com a democracia, com a nossa Constituição cidadã e com os Poderes e Instituições que sustentam a nossa República. Os candidatos que disputaram as eleições deste ano devem ter esse compromisso claro e serem os primeiros — tenham vencido ou não — a manifestar a defesa e a confiança na decisão soberana do povo. [...]"
Pelo Twitter, Guga Noblat disse que a sua demissão se deu por não defender a rádio na versão de que a emissora teria sido "censurada" pelo TSE. O Tribunal Superior Eleitoral havia dado direito de resposta ao PT após sucessivas acusações de que Lula seria condenado pela Justiça.
"Acabo de ser comunicado que estou fora da Jovem Pan por não ter defendido a rádio na história da censura. Estava desde a semana passada afastado e agora é definitivo", tuitou Noblat, que diz não ter concordado em tratar a punição como cerceamento à liberdade de expressão, como alegaram bolsonaristas.
Eis o comunicado sobre a saída de Augusto Nunes:
"NOTA DE ESCLARECIMENTO
Em comum acordo, O Grupo Jovem Pan e o jornalista Augusto Nunes entenderam por bem pôr fim à parceria de trabalho que estava vigente há mais de cinco anos, através da empresa do Augusto, Lauda Comunicação Ltda, sem qualquer animosidade ou juízo de valor.
Os termos e detalhes do deslinde não serão objetos de comentários por conta de o contrato de origem estar acobertado e protegido por cláusula de sigilo e confidencialidade.
O Grupo Jovem Pan agradece o jornalista Augusto Nunes e deseja sucesso nas novas fronteiras que ele haverá de desbravar."
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