Tarcísio Filho fala sobre a dificuldade de atuar em inglês em 'Passaporte para Liberdade'
Na série da Globo, ator vive o cônsul Souza Ribeiro, burocrata ligado ao governo nazista
Com mais de 40 anos de carreira, Tarcísio Filho, 57, participa de seu primeiro trabalho de atuação em inglês em "Passaporte Para a Liberdade". Na minissérie, ele vive o cônsul Souza Ribeiro, "um burocrata de primeira mão", como define.
Segundo o ator, essa é a experiência mais diferente que já viveu até hoje. "Tive grande dificuldade em remodelar a minha cabeça. A cabeça da gente funciona há muitos anos em português, e não adianta você apenas falar bem o idioma. O verbo é a nossa ferramenta", afirma.
Embora familiarizado com a língua estrangeira, o ator disse não ter o mesmo domínio intuitivo do verbo que tem em sua língua mãe. "E perceber isso, a dificuldade que isso acarretou, é muito interessante. Aprendi mais nesse trabalho do que em muitos outros, justamente porque ele me forçou a repensar o meu 'approach', a minha condição de artista. Foi muito maluco, uma redescoberta muito interessante para mim."
Outra questão vivida pela primeira vez foi a gravação das dublagens de seu personagem para a versão em português: "Foi uma das experiências mais loucas que eu já tive. Dublar a si mesmo em inglês é algo meio fora da casinha, foi divertido", comemora.
Posicionado em Hamburgo quando o nazismo começava a aparecer, Souza Ribeiro é o cônsul principal do Brasil na cidade alemã. É nesse período que Guimarães Rosa é nomeado como cônsul-adjunto. "Não era a capital da Alemanha, mas era um centro comercial muito importante naquela época porque tem um porto importantíssimo. O cônsul Souza Ribeiro tem uma posição absolutamente pró-governista", explica.
O ator conta que um dos maiores desafios durante a construção do personagem foi a ausência de materiais sobre a história pessoal de Souza Ribeiro, para além de suas relações profissionais.
"Então, o homem mesmo eu não conheci. Não existe registro de uma relação humana do Souza Ribeiro a não ser as suas relações burocráticas e seu posicionamento diplomático, seguindo a cartilha das Relações Exteriores ditadas pelo Getúlio Vargas na época", diz.
Sobre dividir o set com Sophie Charlotte e Rodrigo Lombardi, o ator relembra que já compartilhou cerca de três ou quatro trabalhos com Lombardi. "Nunca tinha trabalhado com a Sophie, mas já nos conhecíamos, éramos amigos. Quando você coloca colegas para trabalharem juntos, tudo fica muito mais divertido, já se estabelece uma intimidade cênica. É muito gostoso".
Já sobre a direção de Jayme Monjardim, Tarcísio Filho conta que o diretor já trabalhou com toda a sua família. "Eu comecei com o Jayme e ele começou comigo, juntos na televisão. Fizemos ‘Sinhá Moça’, a época toda da Manchete, ‘Pantanal’, ‘Kananga do Japão’, ‘A Casa das Sete Mulheres’... Sou amigo do Jayme há muitos anos. É um parceiro querido e um diretor muito talentoso."
Bomba explode no consulado e João é interrogado pela Gestapo
Nos próximos capítulos, Aracy (Sophie Charlotte) e João (Rodrigo Lombardi) participam do jantar da embaixada de Portugal para a recepção de Goebbles, o famoso ministro da propaganda de Hitler. Ao chegarem ao evento, os dois são abordados pelo ex-capitão Zumkle (Peter Ketnath), recentemente promovido a coronel, que não perde a oportunidade de provocar João Guimarães Rosa.
Incomodado após ser repreendido por João, o nazista faz uma falsa denúncia sobre o brasileiro, na tentativa de tirá-lo de cena. É aí que o cônsul-adjunto é interrogado por agentes da Gestapo. Enquanto está preso com eles, uma bomba explode no prédio, deixando o escritório em ruínas e ferindo Souza Ribeiro (Tarcísio Filho) na testa.
A minissérie é a primeira produção da Globo em parceria com a Sony Pictures Televison. Com criação de Mario Teixeira, a produção foi escrita em conjunto com Rachel Anthony, e tem direção artística de Jayme Monjardim. Esta semana, a Globo exibe os quatro últimos capítulos da série, que fica disponível no GloboPlay.
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