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Colo de Mãe
Descrição de chapéu Agora maternidade

Não é só a maternidade que nos define

Não somos apenas a mãe de alguém, somos mais no mundo

Alunos durante exercício de respiração
Alunos durante exercício de respiração - Fotolia
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Agora

Ser mãe é algo tão intenso que toma conta de tudo em nós. Ser mãe é algo forte. E, realmente, só quem é, só quem passa por essa experiência sabe do que falo.

No entanto, a maternidade não é o fim em si. Pode ser começo. O começo de um processo, mas jamais a definição de uma mulher.

A maternidade é, hoje em dia, uma escolha consciente. Mas é ainda muito mais do que isso: é uma aceitação de transformação de seu corpo e sua mente, em que você abraça a mulher que foi, a que está sendo e a que virá.

Por um filho você quer ser melhor, quer fazer mais, quer saber mais, quer deixar algo de bom para a humanidade e isso te toca e transforma muito fortemente. ​

Mas a maternidade não pode ser a única definição de uma mulher, o único desejo, a única realização e o único caminho da felicidade, como a sociedade quer nos fazer pensar. A maternidade não pode ser o único fim desta existência humana.

“Nasceu para ser mãe." “Está gerando um filho, está sendo abençoada." São apenas duas das muitas frases que ouvimos e a que querem nos reduzir. Querem que nós, mulheres, sejamos seres definidos apenas por seus filhos ou como santas que deram vida a alguém.

Eu passei uma vida —e ainda passo— tentando mostrar a todos, especialmente às mulheres, que a maternidade não é a única definição de ser humano quando se trata de um adulto do gênero feminino. E é impressionante como especialmente as mulheres querem nos fazer caber numa caixinha de uma única função.

Os pensamentos, mesmo que velados, são muitos: se você é mãe não pode trabalhar, se você é mãe não pode ser chefe, se você é mãe não pode ser promovida.

Se você é mãe, não pode estudar. Se você é mãe, não pode se arrumar. Você deve viver exclusivamente para sua cria. Não pode sair, não pode beber, não pode estar em festas, não pode ser solteira. Não pode viajar, ter vontades.

Se você é mãe, é preciso viver somente em seu nicho, com seu grupo. Você deve entender apenas de questões maternas e de filhos, e só pode falar sobre elas.

Não pode entender de astronomia, economia, história e política. Não pode opinar. Sua função é exclusivamente ser mãe.

Mesmo tendo decidido muito cedo que seria mãe —aos 17 anos— eu passei todo o tempo entre pensar na maternidade e, de fato, exercê-la, refletindo sobre o que eu queria de mim como ser humano após ter filhos. E a maternidade era um dos papéis. Não era a minha definição final.

E, para isso, eu sempre tomei atitudes que me colocassem no mundo de igual para igual com outras mulheres e também com homens. Um dos exemplos é que eu trabalhei todos os dias nas minhas duas gestações e só parei bem perto dos meus partos. Porque eu posso produzir, pensar, escrever, caminhar, correr, comer, dirigir, e, por fim, parir.

Nada define a força de uma mulher, então, não deixe que te definam. Você pode o que quiser, e, se escolheu ser mãe, ao contrário daquelas que escolhem apenas ter um filho, nada tirará a força de sua maternidade. E a sua maternidade não deve tirar a força que te faz estar no mundo.

Não se resuma a filhos, casa, companheiro, atividades domésticas. Não se diminua a ponto de querer caber no papel que reservam a você.

E, quando quem tentar te diminuir for outra mulher, querendo dizer qual é sua função depois dos filhos, mostre com ainda mais força que você pode o que quiser, cabe onde quiser, faz o que quiser e chega onde quiser. Não há limites. Não se limite!

Colo de Mãe

Cristiane Gercina, 42, é mãe de Luiza, 15, e Laura, 9. É apaixonada pelas filhas e por literatura. Graduada e pós-graduada pela Unesp, é jornalista de economia na Folha. Opiniões, críticas e sugestões podem ser enviadas para o email colodemae@grupofolha.com.br.

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