Dia desses, em uma conversa com as meninas, elas me questionaram por que eu não brincava tanto, como aquelas mães que adoram todo tipo de aventura infantil. Isso me fez pensar no tipo de mãe que eu sou.

Eu fui um ser que não via a hora de crescer, de não precisar mais ter a obrigação de ir à montanha-russa, de tocar campainha e sair correndo nem de passar trote por telefone. Meu sonho era poder ficar sentada lendo, sem que as pessoas achassem estranho. Ainda hoje, há quem ache estranho ver outro ser humano lendo.

Eu sou a mãe chinesa. Oriento, ajudo, dou todo o suporte para que trilhem o próprio caminho, mas não caminho por elas. Não entro em piscina de bolinhas. E está tudo bem. Enquanto isso, há mães que voltam a ser criança e vivem aventuras. E também está tudo bem.

Tem a mãe esportista, que estimula o filho e o leva a fazer muitas atividades, como correr, pular corda, nadar e ir à academia. Tem a mãe amigona, que gruda no filho ou na filha, faz tudo junto com eles, confidencia segredos e chama os filhos de melhores amigos.

Tem a mãe que é avó, meio ranzinza, que pega no pé, proíbe, diz que os valores formam um ser humano.
Tem a mãe brincalhona, que faz piada, faz careta, posta foto mostrando a língua nas redes sociais, enfia canudos no nariz e cotonetes nas orelhas para que as crianças deem risadas.

Tem ainda a mãe apegada, cuidadosa demais, que não deixa o filho ir à esquina, conviver com as crias nem frequentar festinhas, que leva tempo para tirar a chupeta e a mamadeira dele e está sempre pronta para defender o seu “bebê”.

Tem a mãe que dá celular logo cedo, é tecnológica. Tem a mãe natureba. A moderninha, vestida na última moda. E até a estressada.

Eu precisaria de muito espaço para descrever todas as mães que predominam em cada mulher: no fundo, somos um misto quando cuidamos e educamos um filho. Mamães leoas sempre!
 

Colo de Mãe

Cristiane Gercina, 42, é mãe de Luiza, 15, e Laura, 9. É apaixonada pelas filhas e por literatura. Graduada e pós-graduada pela Unesp, é jornalista de economia na Folha. Opiniões, críticas e sugestões podem ser enviadas para o email colodemae@grupofolha.com.br.