Colo de Mãe

Lições para minhas filhas: sejam inteiras, se entreguem e sejam gratas

Sejam firmes e verdadeiras e que não lhes falte amor e compreensão

Mãe cozinha com as filhas - Fotolia
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Queridas Laura e Luiza, os dias não têm sido fáceis. Nem para mim nem para vocês e, por isso, gostaria de lhes deixar algumas instruções. Em primeiro lugar, é preciso que entendam que a vida vai dificultar o nosso caminho. Sempre. Porque somos mulheres. Porque somos pobres. Porque somos quem somos, minhas filhas.

E, então, vem a segunda lição: ser quem somos é o que nos levará além. Ser quem somos, com dignidade do nascimento à morte, é o que determinará as nossas histórias. Minhas filhas, não percam jamais a capacidade de sonhar, de acreditar no ser humano nem de espalhar o amor. Mesmo que os dias sejam duros e que o homem pareça irrecuperável.

Aprendam com os erros dos que nos rodeiam. Não desprezem, não maltratem, não espalhem ódio. Escolham apenas o caminho do amor. Minhas meninas, em tempos de dores e preconceitos, de maldades e de apologia à violência, saibam dar a mais bela resposta a todos que nos rodeiam, distribuindo empatia.

Defendam os que mais precisam e não olhem o diferente com preconceito. Respeitem o ser humano como humano, mesmo que ajam com vocês como se fossem animais. Mas não sejam bobas: saibam impor o que pensam. E defendam, acima de tudo, as suas ideias. Não desanimem, minhas meninas. Sejam firmes e dóceis. Sejam livres e determinadas.

Respondam à altura aos que tentam diminuí-las, para que nenhuma pessoa acredite que possa subjugá-las, mas saibam reconhecer os seus erros quando for necessário. Saibam pedir perdão e perdoar. Saibam olhar o outro além, mesmo que esse outro não esteja enxergando a si próprio.

Sejam humildes, mas não sejam bobas. Espalhem compreensão e palavras de afeto, mas não se calem diante das injustiças. Respeitem os mais velhos, os mais novos e os que têm dificuldade em compreender a existência ou mesmo em estar neste mundo —seja física ou psicologicamente, mas não deixem que ninguém invada o espaço de vocês e queira lhes mostrar em qual “caixinha” devem entrar. Saibam dizer não aos outros para que, quando disserem sim, esse sim seja forte.

Sejam inteiras, minhas meninas, e sejam, sobretudo, entregues ao que vale a pena: boas causas, boas conversas, bons poemas, bons amigos e bons amores.

Sejam gratas, minhas queridas. Por andar, respirar e sentir o sol no rosto com frequência. E que nunca lhes falte amor, mesmo quando minha presença faltar. 

LIVRO INSTIGA COM A VIDA DOS PÁSSAROS

Com imagens leves, do ilustrador Odilon Moraes, e um texto simples, a escritora Ana Rosa Costa leva pais e crianças a um mundo de imaginação em “Casa de Passarinho” (a partir de R$ 43,90, 40 págs., ed. Positivo). A narrativa oscila entre fantasia e realidade à medida que a autora vai questionando, de forma muito poética, o que será que está acontecendo na casa dos passarinhos.

Será que vão se casar? Será que darão uma festa? São perguntas que as crianças se fazem com o passar das páginas. Tem até o nascimento de um passarinho bebê e a descrição de uma rotina.

Esse é o primeiro livro de Ana Rosa, que é professora. Para ela, estar na sala de aula gera olhares diferentes.
 


 

Agora

Colo de Mãe

Cristiane Gercina, 42, é mãe de Luiza, 15, e Laura, 9. É apaixonada pelas filhas e por literatura. Graduada e pós-graduada pela Unesp, é jornalista de economia na Folha. Opiniões, críticas e sugestões podem ser enviadas para o email colodemae@grupofolha.com.br.

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