Maternidade real para quem?
#maternidadereal é uma hashtag que depende de cada família
Há algum tempo, um movimento muito bacana vem tomando conta da sociedade, principalmente nas redes sociais, tratando sobre a maternidade real.
A intenção é maravilhosa, pois a ideia é mostrar que a maternidade não é um mar de rosas, que ser mãe dói, é difícil e solitário. Não há varinha de condão que resolva os problemas e, o melhor de tudo, não somos apenas parideiras, mas seres humanos como outros que, nesse caso específico, parimos um outro ser humano.
Muito das angústias da maternidade, principalmente quando o bebê está na barriga e logo depois do parto, vem dos nossos hormônios. Eles entram em ebulição. Ao mesmo tempo em que a mãe acha tudo lindo e chora de felicidade quando o bercinho chega (chora quando compra, quando monta e quando coloca enxoval), ela também chora de raiva e de angústia, pega “birra” de algumas pessoas e enjoa de situações como enjoa de alimentos.
Mas –e aqui vai um –spoiler os hormônios voltam ao normal depois de um tempo. Não sei dizer como é que tudo isso funciona, afinal, não sou especialista. Mas sei dizer que os hormônios podem até ficar normais, mas a nossa vida não. Aí é que surge a hashtag #maternidadereal, pois o dia a dia com filhos é realmente muito, mas muito louco.
No entanto, quando vejo essa hashtag por aí, fico com um pé atrás. Uma mãe ficar 24 horas na internet postando tudo sobre o seu dia a dia não é algo totalmente real. Tem aí, por trás de tudo, uma grande rede de apoio, que inclui babá e empregada, para que a #maternidadereal esteja nas redes. Mãe raiz não tem tempo nem de ir ao banheiro, quanto menos de postar coisas na internet.
Vejo muitas mães postando fotos em praia paradisíaca, parquinho bem estruturado de um belo condomínio ou na praça do bairro privilegiado em que ela mora em algum ponto deste país, dizendo se tratar de maternidade real.
No caso das atrizes que são mães, há aquelas que ficam o dia inteiro nas redes sociais, compartilhando seus exercícios físicos, seu novo peso, a lindeza que os filhos são enquanto brincam na brinquedoteca da própria mansão.
Por isso eu digo que maternidade real é um termo totalmente relativo. A minha realidade e a de minha família é o que molda o “real” na minha vida. Maternidade real para mim é trabalhar, no mínimo, dez horas por dia sem tempo nem para jantar nem para o lanche da tarde.
Maternidade real lá na minha casa é o pai colocar as filhas para dormir todas as noites e eu, mãe, só conseguir fazer isso quando estou de folga. Há, inclusive, finais de semana em que trabalho, e a gente não compartilha esse momento “comercial de margarina”.
A minha maternidade real é de uma amamentação livre demanda por seis meses para cada filha, mesmo trabalhando, mesmo trabalhando de madrugada, mesmo trabalhando aos sábados, domingos e feriados. Minha maternidade real é folgar com certeza em apenas dois feriados, mesmo que, no Brasil, a gente tenha oficialmente 12 feriados por ano.
A minha maternidade real inclui deixar minhas filhas assistindo à TV ou vendo algo no celular enquanto eu tento dormir só mais um pouco, pois vou me deitar diariamente às 3h. Inclui não conseguir almoçar em nenhum dia da semana, porque estou sempre cuidando delas.
Enfim, a minha maternidade real pode ter a ver ou não com a sua, cara leitora. Mas de uma coisa eu tenho certeza: ela reflete exatamente a minha vida.
COLEÇÃO É ENTRADA NO MUNDO DOS LIVROS
A coleção “Janela, Janelinha”, da Editora do Brasil, é a porta de entrada das crianças no mundo dos livros. Ao todo, são três obras, todas com 24 páginas e preço sugerido de R$ 36,30 cada.
Escritos e ilustrados por Bia Villela, os livros envolvem os pequenos de forma simples, colorida, lúdica e divertida. Em “Só Tem Círculos?”, os círculos estão em diversos animais. Já “Como É Seu Dia, Pelicano?” mostra mudanças climáticas e fala de sentimentos. “De Que Jeito Sou Eu?” trata da diversidade cultural.
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