Aviso
Este conteúdo é para maiores de 18 anos. Se tem menos de 18 anos, é inapropriado para você. Clique aqui para continuar.

Celebridades

Com Covid, Maitê Proença lamenta não ir às ruas contra Bolsonaro

Em isolamento, atriz de 63 anos pegou a doença pela segunda vez

  A atriz Maitê Proença no Teatro PetraGold, no Rio

A atriz Maitê Proença no Teatro PetraGold, no Rio Cristina Granato/Divulgação

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

A atriz Maitê Proença, 63, está enfrentando, pela segunda vez, a contaminação pela Covid-19. A artista já teve a doença em abril do ano passado, mas na época preferiu manter em segredo, por medo da reação de sua filha, que estava grávida de sua primeira neta.

Segundo Proença, mesmo a forma mais branda da Covid é apavorante. Ela contou em entrevista ao F5 que passou por duas semanas de “sintomas bem corrosivos” da doença. A atriz tomou a primeira dose da vacina contra Covid em abril e ainda aguarda o prazo para a segunda dose.

“Tenho a sorte de ter bons médicos e dinheiro para as tomografias de tórax, de face, exames de sangue, idas ao hospital onde fui bem atendida. Tudo que se faz necessário e que a maioria da população paga para ter com impostos altos em tudo que consome, e nessa hora de imensa vulnerabilidade, não tem."

A atriz, que tem se posicionado de forma crítica ao governo federal e ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), afirma que “quem se forma para matar, e comanda um país sem guerras, deve salivar de desejo pela destruição. O escárnio, o deboche, o descaso nos comentários do presidente, parece haver um sentimento de missão cumprida ou plenitude com a mortandade."

Apesar de ter contraído a doença, Proença tem cumprido isolamento social na pandemia e restringe suas saídas às visitas à filha e à neta, o que ela chama de “uma doce viagem”. Mesmo passando bastante tempo sozinha em casa, ela diz que a ansiedade e tristeza não aumentaram na quarentena.

“Fico bem só. Estudo, leio, ouço música, invento coisas. Sinto desespero de não podermos ir para as ruas derrubar este governo, não entendo como isso chegou ao ponto fisiológico de desmonte que temos assistido dia a dia”, enfatiza.

Longe das ruas, a atriz tem se dedicado às redes sociais: “Conto histórias de mulheres com feitos extraordinários. Ensino minhas práticas para uma vida ambientalmente correta: fabrico em casa todos os produtos de limpeza da cozinha, banheiro, da lavagem de roupa, dos ambientes, uso ervas, óleos e alimentos saudáveis para me curar, me mexo e danço para manter o corpo são e a mente alerta”.

Proença também apresentou, na pandemia, uma temporada online do monólogo autobiográfico “O Pior de Mim”, roteirizado e encenado por ela mesma. Segundo a atriz, o espetáculo não é uma autoterapia porque o que ela narra já está bem trabalhado dentro dela.

“Não é terapia porque tudo aquilo já está mais que trabalhado dentro de mim, nem poderia mexer ali caso não estivesse, pois poderia ficar extremamente cafona e sentimental. Falo de mim para tocar em você. Esse é o objetivo e por isso o público embarca”, afirma ela, que teve a mãe assassinada por seu pai, que anos depois tirou a própria vida.

A atriz explica que a versão online do monólogo é um “híbrido” porque acontecia ao vivo e ela sabia que havia gente do outro lado da câmera. Por isso, agia como se a câmera fosse o seu interlocutor. Em julho, ela volta em uma única apresentação da versão online da peça para o Sesc de Belo Horizonte.

A ideia da atriz é adaptar o monólogo quando puder fazer teatro ao vivo, com plateia. “[Com o monólogo virtual] não se tem o pulsar da plateia para temperar a peça, e nas poucas vezes que fiz com gente, como no Festival de Angra, saiu um espetáculo mais quente e com significados muito novos”.

DOS 20 AOS 60

Afastada da televisão desde que a Globo não renovou o contrato de 37 anos, Proença ainda não tem previsão de voltar às telas por falta de "convites relevantes”. No entanto, ela falou não saber se o fator idade tem feito reduzir os convites para papéis na TV. “Beleza e idade juntas numa mulher são difíceis de coadunar na cabeça dos homens, e há muitos homens fazendo casting", diz.

No ar nas reprises das novelas “Salvador da Pátria” (Globo, 1989) e “Da Cor do Pecado” (Globo, 2004), no canal Viva, e de "Sassaricando" (Globo, 1987), na Globoplay, a atriz admite que não tem assistido aos antigos papéis e diz que “só tolera assistir trechos e se demoram muito começa a ficar aflitíssima".

Na novela “Sassaricando”, Proença dá vida à fotógrafa Camila, uma jovem alegre, moderna e sem preconceitos, e que decide morar sozinha porque não suporta o clima de competição e ódio da família. Ela vive um romance com Jorge Miguel, o Guel, interpretado por Edson Celulari.

Em “O Salvador da Pátria, ela vive a professora universitária Clotilde Ribeiro que chega a Tangará para desenvolver sua tese sobre o processo de dedução lógica num adulto alfabetizado. Com os boias-frias, ela ensina a ler e colhe dados para seu trabalho, mas se apaixona por Sassá Mutema (Lima Duarte).

Já na novela “Da Cor do Pecado”, a atriz interpreta Vera Campos Sodré, mãe de Bárbara (Giovanna Antonelli), a vilã da novela. Casada com Eduardo (Ney Latorraca), ela vive uma vida de aparência desde que o casal perdeu tudo, tendo que dividir o apartamento, único do bem do casal, com o ex.

Com vários trabalhos em seu currículo, a atriz afirma ter ficado decepcionada com a saída da Globo, onde trabalhava desde 1979. “Entrei com 20, saí com 60, ofereci meus melhores anos. Mas a vida segue, e a gente melhora e se depura, ninguém evolui sem percalços”, diz ela, que acumulou trabalhos e amigos nesse tempo.

Recentemente, no entanto, a atriz se envolveu em situações polêmicas com ex-colegas de trabalho. Uma delas foi com a atriz e ex-secretária especial da Cultura, Regina Duarte, que Proença confrontou e pediu soluções para a classe artística durante uma entrevista à emissora CNN Brasil, em maio de 2020.

A atriz afirma que não falou com Regina Duarte desde então. “Mas desejei-lhe saúde pelo Instagram quando, há tempos, ela tropeçou e se machucou. Quero bem à Regina, ela é boa pessoa e ótima colega. Pensamos diferente apenas”, diz Proença, recordando quando a colega caiu em uma calçada.

Em setembro, foi a atriz Maria Zilda que criticou Proença, afirmando que ela só participaria de lives se fossem pagas porque “gosta muito de dinheiro”. “Nunca fiz uma live em que recebi dinheiro. Com uma exceção para a Fundação Joaquim Nabuco que me pagou um cachê simbólico, como praxe deles e não por exigência minha”, rebate Proença.

Solteira, a atriz diz que está bem sozinha, apesar de ter publicado em seu Instagram, em março deste ano, que estava à procura de um grande amor. "Era uma brincadeira. Por conta [disso], até hoje recebo propostas, algumas cômicas. É bom para rir, o momento não é próprio para testes de amor”, afirma.

Final do conteúdo
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Ver todos os comentários Comentar esta reportagem