Por que as misses de outros países estão contratando profissionais brasileiros?
Sucesso recente de brasileiras em mundiais chamou a atenção da comunidade miss
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Quando o mineiro Hélcio Júnior, 32, começou a trabalhar com bordados, aos 7 anos de idade, jamais imaginou que suas criações teriam projeção global. Hoje uma parte de sua produção de vestidos moda noite da marca Helcio Couture, criada há quase 8 anos, é dedicada a uma clientela internacional específica: misses. Conhecido como um dos estilistas preferidos do mundo miss no Brasil, ele agora trilha o mesmo caminho fora do país.
"As misses de fora começaram a me procurar após eu começar a vestir várias misses Brasil, o que foi uma vitrine para meu trabalho. Nem sei quantas, mas com certeza vesti brasileiras em mais de 20 franquias de miss. Eu virei noites fazendo criações, já fiquei três dias sem dormir para entregar trabalho", conta ele, em conversa com a coluna.
Outro fator que tem impulsionado seu trabalho é o recente sucesso das misses brasileiras em concursos mundiais. O Brasil vem em um bom ritmo de vitórias desde o final de outubro passado, quando a paulista Isabella Menin venceu o Miss Grand International, na Indonésia. Depois dela, foram eleitas em fevereiro deste ano a mineira Luma Russo como Miss Charm, no Vietnã, e a paulista Letícia Borges como Miss Universal Teen International, no México. Todas elas usaram produções de Hélcio.
"Recebi a primeira mensagem de fora pelo Instagram, da Miss Dinamarca Universo 2018. Criei a peça exclusiva sob medida, tudo à distância, sem ela provar, e enviei pelo correio mesmo. Chegou direitinho, serviu e ela amou", lembra. De lá para cá, o designer de moda já tem no currículo produção para misses de mais de 15 países diferentes, incluindo Estados Unidos, Chile, El Salvador, Bolívia, Paraguai e Costa Rica.
A relação da marca de Hélcio com o mundo miss começou com o pedido de uma miss adolescente da sua cidade, Patos de Minas (MG), onde fica seu ateliê. Ela defendeu o país em um concurso mundial da sua categoria, outras misses mineiras gostaram do resultado e os pedidos começaram a se multiplicar pelo estado. Logo suas produções ganharam notoriedade pelo Brasil todo —Hélcio diz que já era fã e acompanhava os concursos de beleza há 20 anos, quando sua conterrânea Gislaine Ferreira ganhou o Miss Brasil Universo, em 2003.
"Minha demanda principal é no Brasil, e o trabalho com as misses me ajuda a alcançar mais clientela. Em média, de 20 peças confeccionadas por mês pelo meu time de 16 profissionais, entre bordadeiras e costureiras, cerca de quatro são vestidos para misses. É tudo criação exclusiva e bordado a mão, algo cada vez mais escasso no mercado", detalha.
"Meu foco de trabalho é pedraria e roupas para mulheres. Faço desde vestidos de noivas, debutantes e longos, até peças mais curtas e criações exclusivas, como são para as misses, que é um público menor. Já recebi demandas de misses do mundo todo, mas nem sempre consigo dar vazão, pelo timing de agenda", explica.
COACH MUNDIAL
O sucesso das misses brasileiras em concursos mundiais também projetou para misses gringas o nome do paulista Paulo Filho, 36. Ele, que é consultor e preparador de misses há 6 anos, começou a colher bons resultados de pupilas das categorias adolescente e infantil, e com isso chamou a atenção não só de candidatas nacionais das categorias adultas, mas também de outros países.
"Acredito que uma coisa leva à outra. Tenho me dedicado profissionalmente 100% para meu trabalho de consultor e preparador, estudando bastante as competições, o que me ajudou a conquistar bons resultados e, consequentemente, mais clientes. As vitórias brasileiras nos grandes concursos, como foi da Isabella Menin no Miss Grand, também ajuda bastante a impulsionar isso. Posso dizer que estou muito feliz e satisfeito", conta Paulo.
Atualmente, uma de suas pupilas de fora é a chilena Valerie Johnson, que vai disputar o Miss International 2023 no último trimestre do ano, no Japão. Conhecido por aqui como Miss Beleza Internacional, o concurso é considerado um dos cinco maiores do mundo, na categoria adulta.
"Eu já tive procura de misses do Equador, Venezuela, Bolívia, Argentina, Portugal, Espanha e Tailândia. Porém, justamente por meu atendimento ser presencial, nem sempre consigo atender a todas, e a Miss Chile Internacional é a primeira que estou atendendo. Também, em novembro, atenderei uma miss de Portugal, em minha ida para Madrid", detalha.
Do lado infantil, em agosto do ano passado, a goiana Charlotte Moroni, de apenas 6 anos, venceu o título de Mini Miss Universo, que foi disputado na Colômbia. Em março passado, a paulista Cecília Azenha, de 8 anos, virou sucessora de Charlotte ao vencer o Miss Brasil Infantil. Ambas são pupilas de Paulo.
Entre as adolescentes, ele traz no seu histórico sete vitórias internacionais, que são das brasileiras Sandra Luiza Lima Caetano (Miss Teen Charm International 2022), Karen Gentil (Miss Teen Model Universo 2022), Maria Fernanda Saggin (Miss Teen Supra Grand 2021), Keisy Lombas (Miss Model Universo 2019), Maria Eduarda Valotto (Miss Eco Teen 2019), Leslie Pacheco (Reina de los Mares y Turismo 2019), e Samy Zayne (Miss Gold Universe 2020).