'Novo Mundo' termina nesta segunda e destaca relação entre personagens femininas
No dia 7 de setembro, dom Pedro (Caio Castro) proclamou a Independência do Brasil na novela "Novo Mundo". O folhetim, que termina nesta segunda (25), retratou momentos fortes dos homens, enquanto mostrou a opressão sofrida pelas mulheres no século 19.
Ainda assim —e talvez por isso— foram elas quem tiveram maior evidência. A espinha emocional da trama ficou majoritariamente a cargo de Leopoldina e Anna, personagens de Letícia Colin, 27, e Isabelle Drummond, 23.
A primeira realmente existiu, e receberá o título de imperatriz do Brasil no capítulo final; a segunda é invenção dos autores Thereza Falcão e Alessandro Marson, inspirados na personagem do livro "Anna e o Rei" de Margaret Landon.
"Os autores foram muito corajosos e sensíveis. Abordaram questões muito femininas, falaram da subserviência da mulher da época. Considero essas personagens figuras feministas, porque eram fortes e determinadas dentro de suas realidades", diz Letícia Colin.
A atriz viveu Leopoldina desde sua chegada ao Brasil, em 1817 —o final da novela é ambientado em 1822. "É um personagem que viveu histórias trágicas verídicas. No início da novela, eu a construí solar e alegre para chegar a essa frustração. As princesas eram tristes, viviam à revelia de decisões políticas", afirma Colin.
Na construção das cenas mais densas, houve "uma mistura de imaginação e informação. Conversei com pessoas. Estamos cercados de tragédias e momentos sublimes, e o ator trabalha com a experiência humana."
SORORIDADE
Ao longo da trama, a união entre Leopoldina e Anna se tornou um dos pontos centrais de "Novo Mundo". "Elas fazem parte dos estrangeiros que formou o país. Enfrentaram as adversidades, o choque cultural, e se tornaram irmãs. São mulheres à deriva em um país que começava a se erguer", explica Colin.
Isabelle Drummond também se surpreendeu com a força de sua personagem. "Aprendi fazendo, nunca havia tido contato com uma vida assim. Tentei me conectar com essas mulheres da época, cheias de limitações", conta.
A atriz começou a trabalhar na TV aos sete anos, como a boneca Emília no "Sítio do Picapau Amarelo". Depois do fim da série, teve papel de destaque em oito novelas.
Ambas as atrizes dizem ver relevância em novelas históricas. "Somos carentes de conhecer nossa própria história e na novela vimos coisas intrincadas na raiz da nossa sociedade, como, por exemplo, a lei de que o mais forte oprime. Mostramos índios na novela, e eles agora estão em guerra, lutando pela demarcação de suas terras", diz Letícia.
"O ser humano é, de certa forma, sempre o mesmo. A gente parece estar em ciclos, então é sempre necessário tomar posicionamento, de ser firme diante de questões que aparecem à nossa frente", completa Drummond.
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