Desfile de Herchcovitch na SPFW aborda distância entre mundo da moda e realidade
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O estereótipo construído em torno do mundinho da moda, que não representa a moda em si, é uma soma de egos, pompa e estrelismo.
Alexandre Herchcovitch parece saber disso. Em vez de colocar os fashionistas e a elite instagramável do país na plateia do desfile da À La Garçonne, que abriu a temporada de moda paulistana neste sábado (26), no Theatro Municipal, ele preferiu colocá-los no centro do palco.
Sob os holofotes e as luzes do teatro, os atores atuavam entre risos para uma plateia ausente, formando uma espécie de bolha que é símbolo do distanciamento da casta "fashion" daquela da rua, uma que, a poucos passos do Municipal, se reunia em frente de um palco onde um rapper cantava realidades diferentes das que a moda costuma exaltar.
Essa distância é o objeto de estudo da nova fase do estilista à frente da À La Garçonne, que em vez da assinatura solitária, abriu seu processo criativo para marcas mais próximas do cliente comum.
Camisaria feita em conjunto com a malharia Hering, polos confeccionadas com a grife carioca Reserva, meias da Puket, lingerie da Hope, jeans da Vicunha Têxtil. Um manifesto de abertura, potencializado pelo contraste da trilha de funk (o popular) e música clássica (o erudito), emoldurou o prelúdio da São Paulo Fashion Week, que começa neste domingo (27).
Em uma lufada de autoironia —afinal, ele também faz parte dessa indústria—, o designer estampou a empáfia dos pavões e a cabeça inquisidora da águia-americana em jaquetas verde-militar, "peças-desejo" cuja versão anterior rolava solta nos corpos do bando sentado na fila A.
A sensação de déjà-vu, no caso desta coleção, não tem a ver com falta do que dizer. Adepto do "slow fashion", tipo de moda exclusiva trabalhada com reúso de matéria-prima e lançada em espaços de tempo elásticos, Herchcovitch passou a reler sua trajetória e a da própria marca para a qual trabalha.
O grunge foi misturado à estética boudoir, em propostas de flanela xadrez costurada a franjas e a detalhes de lingerie; camisetas mescladas a peças de alfaiataria, numa clara reverência à veia urbana do início de sua carreira, nos anos 1990; e transparências cujas tramas atiçam o voyeurismo desavergonhado, humano.
De uma tesoura mais sensorial que nunca, o estilista tem provado que consegue olhar, se desprender e, ainda assim, participar do teatro da moda.
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