Casacões, couro, tecidos fluidos e acessórios metalizados devem dominar 2020 após SPFW
Consultores destacam ainda a predominância do rosa em alusão à feminilidade
Muito couro unido a transparências e tecidos fluidos com conforto estão entre as principais tendências apresentadas na 48ª edição São Paulo Fashion Week, que terminou na última sexta (18) no parque Ibirapuera.
Nas passarelas, um olhar para a moda sustentável com reaproveitamento de roupas e peças assimétricas são indicativos do que poderá ser visto em 2020, mostrando que a moda dos estilistas se aproxima cada vez mais do praticidade do dia a dia.
"Estamos no verão, mas, mesmo assim, já se pode usar o couro, por ele vem mais leve em calças. O que pode também conquistar às ruas são os casacões, que o brasileiro adora, e aqui eles chegam em tecidos menos pesados", afirma Arlindo Grund, consultor de estilo e apresentador do programa Esquadrão da Moda (SBT).
Para a consultora de moda Márcia Jorge, essa edição da São Paulo Fashion Week é uma das mais sensatas que ela já viu. A moda conceitual deu espaço ao que é "perfeitamente usável". "Claro que há as criações que servem como obra de arte, que admiramos, mas é gostoso ver algo mais palpável", explica.
Acompanhando os desfiles, Jorge viu também muito couro, mas o que chamou a atenção da consultora foi o conceito de mulher poderosa. "Há uma questão muito legal de uma mulher que é guerreira, mas que não deixa de ser feminina. Estão dizendo que a cor do ano que vem será o rosa. Tinha muita gente vestida de rosa no público e na passarela", lembra.
A atriz Vaneza Oliveira, que participou da série brasileira da Netflix "3%", foi uma das que conferiu o desfile de Reinaldo Lourenço de rosa, dos pés à cabeça. Esse diálogo entre força e feminilidade é traduzido em tecidos fluidos e muita transparência em choque com materiais mais pesados, como a consultora viu e muito no desfile de Fabiana Milazzo.
"Lembra quando se usava camisola com jaqueta de couro? É mais ou menos essa a ideia", diz Márcia Jorge. A consultora lembra ainda que a moda "reflete o espírito do tempo" e as transparências levam a enxergar o oculto.
Os acessórios em couro e em metais também foram detalhes vistos em quem passeava pelos corredores do Pavilhão das Culturas Brasileiras, sede da SPFW neste ano, dentro do parque Ibirapuera. A psicóloga e futura designer de moda Katmam Milani, 26, transformou um "look" social em despojado com suas botas e cintos com pontas de metal e uma camiseta branca com nozinho por baixo.
O visual de Milani sinaliza as tendências em acessórios, que voltam com os metais, tema que faz muito sucesso nas ruas. "O que muda também é que eles voltam gigantes, mas em acessórios como cintos, óculos, colares e com cores bem fortes”, afirma Laura Nóbrega, coordenadora do curso de moda da Fiam-Faam.
Já a designer de moda Isabela Argentin, 23, aderiu ao casacão, que apareceu muito forte na semana de moda e promete ser usado já antes do inverno de 2020, “porque o brasileiro adora”, como conta o consultor Arlindo Grund.
A designer tirou a peça do fundo do guarda-roupa e preferiu usá-la somente com peças íntimas por baixo. “Não sou muito de tendências, mas acho que é meio que um consciente coletivo mesmo”, define ela, sobre a ideia de que se um grupo de pessoas começa a usar uma peça, outras terão a ideia de fazer o mesmo.
MODA SUSTENTÁVEL
Mesmo com desfiles que remetem ao couro como tendência, a SPFW pede que o mundo seja mais sustentável. A consultora Márcia Jorge afirma que a moda sustentável ainda é cara, mas a ideia "não é só usar selo verde ou tecidos ecológicos.
"Esse conceito envolve o reaproveitamento. Brechós e peças vintage nunca estiveram tão em alta. Lojas de luxo estão com araras cheias de roupas reaproveitadas. E trata de uma discussão importante, pode não ser totalmente prática, mas é preciso levantar a questão à consciência", diz a especialista.
O estilista Dudu Bertholini é mais um adepto da moda ecologicamente correta. Ele afirma que as pessoas podem pegar inspirações da SPFW, porque a moda de hoje em dia "não sugere descartar o que tem para comprar algo novo".
"Isso não nos impede de pensar em consumir de modo consciente, em usar o que já possuímos e que vai fazer diferença no armário. A semana de moda serve para dizer que você deve usar as suas possibilidades e imprimir a sua personalidade. Se conseguir replicar peças, melhor ainda", define.
Ainda assim, Bertholini pontua que as tendências desse ano vão bastante pelo lado do conforto. Os esportes wear e a moda de rua estão em todos os segmentos, pois entram no conceito do conforto e da praticidade. O que antes era formal, agora pode ser quebrado com uma ou outra peça mais despojada."
Conforto é o que buscam as amigas Bianca Freitas Alencar Martins, 23, maquiadora, e Manuela de Souza Ferraz Silva, estudante de enfermagem e influenciadora digital, de 20 anos. "Prezo pelo que me deixa mais confortável e gosto de combinar cores neutras com peças mais escuras. Mas também curto ousar. Os desfiles deste ano mostram bem essa vertente de beleza com conforto e eu praticamente usaria tudo", diz Martins, que escolheu um "look" com transparência.
A estudante de enfermagem segue pelo mesmo caminho e conta que já está adaptando o seu armário para entrar de vez na moda. "Vou usar calça de couro, pois apareceu bem por aqui", aponta.
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